quarta-feira, 28 de maio de 2008

A brilhante história do jornalismo universal em PE (em suma: Falta do que fazer)

Sou distraído. Qualquer coisa é suficiente para jogar minha atenção para Marte em busca de lojas conveniência. Claro que, quando fui escalado para fazer pesquisas nos jornais do Arquivo Público daqui (muito bom, limpo e organizado apesar de público), acabei sendo levado por outras manchetes que mostravam o brilhantismo boêmio do jornalismo pernambucano. Ai vai uns exemplos literais de 1966:

- "VACA DOENTE MORREU NA VIA PÚBLICA E TALHADOR QUERIA ESQUARTEJÁ-LA PARA VENDER CARNE AO POVO".

- "LEOA MORRE NO ZOO E MACHO TERIA NOME DE 'LEÃO PENTEADO'".

- "UM DRAMA DO MOMENTO: FERTILIZANTES".

- "SÁTIRO É PELA ELEIÇÃO DIRETA E ACHA LEGÍTIMO CANDIDATURA DE COSTA E SILVA".

- "FANTASMA ESTÁ ASSOMBRANDO POPULAÇÃO DE CARNAIBA DE FLÔRES".

- "'CORAR ATÉ QUE ME ASSENTA BEM, E VOU ME APROVEITAR DISSO!'"

- "BRASIL DEVERÁ TER PRESIDENTE MILITAR ATÉ O ANO 2000".

- "MORTO O POPULAR NA RODOVIA BR-25, PELO CARRO EM DISPARADA: MAIS 4 ATROPELAMENTOS".

- "TÉCNICOS: NÃO HÁ SÊCA NO PIAUÍ".

- "'GALEGO' SURROU DE CACÊTE O POPULAR EM PRAZERES E FUGIU".

Uma outra coisa legal que tinha no caderno de esportes era a cobertura do turfe. Com direito até as fotos 3x4 dos cavalos favoritos.

ps: repostando e tentando curar o bug.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Por cima do ombro

Todo mundo tem manias péssimas. A minha só calhou de ser um pouco mais péssima que algumas, mas certamente muito menos péssima que a maioria. Eu tenho compulsão por saber o que as pessoas estão lendo. Não é perguntar a amigos ou nem ler todos os best-sellers disponíveis no mercado. Minha compulsão é só ficar curioso quando vejo alguém lendo algo em qualquer lugar. Pode ser na rua, num parque, na Igreja, numa sala de aula, no ônibus, numa livraria, até mesmo durante provas de concurso eu dou aquela olhadinha só para saber que parte o cara do lado está lendo (mas não copio nada porque parto do pressuposto de qualquer outro candidato é uma porta).

Claro que essa minha mania me faz ver algumas coisas curiosas. Principalmente quando se usa veículos coletivos lotados de universitários. Sempre há uma xerox ou outra. De saúde até exatas e passando por todas aquelas ciências humanas (aplicadas ou não, filosóficas e sonhadas). E foi nesse meio que vi um capítulo genial sendo lido: "emoção e valores".

Pena que não descobri o livro, mas só aquela página já deu para notar a genialidade seu conteúdo. Ele dizia que "quem mata sua espécie é irracional". O curioso é que para provar isso, não há nada mais óbvio que o o exemplo do ano de 1204, quando os cristãos invadiram Constantinopla e saquearam a cidade matando seus irmãos. Em cima disso o autor começava um debate polêmico: é o homem um ser racional ou emocional? Tudo baseado no argumento da frase aspeada.

Assassinato é irracional? O próprio google dá como resultado da busca por 'irracional' os números. Já o assassinato me parece algo muito mais lógico que qualquer emoção. Quem mata, sabe que aquilo que mata é um obstáculo a sua própria felicidade que pode ser removido caso morto. Então qual é a irracionalidade do assassinato?

Ele pode ser moralmente questionável e legalmente 'feio, feio, feio', mas irracional é a última coisa que ele é. Há nele uma lógica muito mais óbvia que em muitos outros lugares. Por exemplo, se o Ministério do Meio Ambiente tivesse uma lógica simples dessas, provavelmente seria mais fácil resolver o problema da Amazônia. "Quem derrubar árvore, morre!". Simples, efetivo e bastante retrógrado. Uma volta bastante funcional ao estado de natureza que colocaria todos os serralheiros nos eixos.

Mas, ok, apesar de desejar imensamente a morte de mais da metade das pessoas do mundo (a maior parte ou feia ou burra), penso que iria ficar meio fedido se elas realmente morressem. Deixo que a seleção natural dê conta do meu desejo e que elas simplesmente não existam num futuro brevíssimo.

domingo, 18 de maio de 2008

Do futebol em outras partes

Nascer no nordeste e, principalmente, viver nele tem suas desvantagens. Uma delas (que me parece a mais triste) é que aqui temos uma chance de acabar torcendo por times da terra. Não é obrigatório torcer para times daqui, há muita gente que torce para Corinthians e Flamengo por essas bandas. Mas morando em cidades como Recife, Salvador e Fortaleza, você tem uma considerável chance de torcer para times regionais, cujas glórias não estão nem no passado e muito menos no futuro.

O mais frustante é que você torcer mesmo. Aqui há rivalidades que até o garoto gelado percebeu há meio século. O povo realmente briga por futebol e realmente se empolga (com a exceção do Santa Cruz que agora habita a série C, mas não foi esquecido na página principal da globo. I wonder why). Todos os anos, a torcida inflamada fica sonhando com títulos que seus times não ganharão. "O que custa sonhar, não é mesmo?" sempre diz alguém.

Quando saimos do plano das rivalidades locais e vemos os jogos do campeonato brasileiro, a diferença fica, no mínimo, escancarada. Basta notar que na série A de 2007, o Nordeste se viu representado por três clubes que terminaram o campeonato em 14º, 15º e 20º (sendo este último o dono da importante marca de pior campanha disparada da história do campeonato brasileiro. A façanha do América-RN foi conseguir 11 pontos a menos que a então pior marca de 28 pontos do Santa Cruz em 2006. Um aproveitamento de 15%). Este ano, novamente o nordeste vem com três clubes. Será que alguém vai barrar o América-RN?

O pior mesmo acontece quando seu time começa a fazer bonito. Você como torcedor se enche de orgulho. E mais, outros torcedores se enchem de orgulho. Você a camisa de seu time em várias pessoas (até em mendigos) e acaba sorrindo para todas, porque você sente finalmente que há algo em comum entre você e sua terra. Você realmente começa a acreditar que chegou a hora de seu time sonhar com vôos mais altos e começa a bradar coisas sem sentido. "Que venha a Copa do Brasil, o Brasileirão, a Libertadores e Tóquio. Já comprei até a passagem para o Japão".

No fim, o realista sabe que lugar realmente seu time vai ocupar e vai ficar feliz com uma Sul Americana ou em não ser rebaixado, enquanto os outros torcedores decepcionados vão exigir explicações sabe-se lá de quem.

É o que vejo acontecendo ao meu querido Sport. Eliminamos os favoritos Palmeiras e Internacional da Copa do Brasil. Agora vamos enfrentar o Vasco cheios de empolgação e seguindo a lógica do 'quem elimina dois favoritos, passa a ser o favorito'. Até já estamos nos achando da Libertadores. Mas como torcedor acostumado a sofrer, só espero a manchete vermelha e preta: 'Acaba o sonho do Leão'.

.....

Um ps: se realmente acontecer de ganhar a Copa do Brasil. O Recife não irá dormir por uma semana. Então realmente fico na dúvida se é melhor perder ou não.

sábado, 3 de maio de 2008

A volta das Heleninhas

Como já disse antes, num ambiente político/público se discute todo tipo de absurdo ou assunto. É tudo uma grande e infinita repetição de fatos sem que exista nenhum progresso para lado algum. Há até quem diga que é esse processo que acaba desestimulando os parlamentares. Mas fala sério, eles criaram toda essa burocracia para si, pelo menos fico feliz em descobrir que alguns deles sofrem com isso. Para variar, não é sobre isso que vou falar. Apesar de tudo ser um grande teatro em repetição, algumas coisas acabam chamando nossa atenção.

Numa audiência pública que discutiu o inédito tema da violência infantil foi chamado um professor meio doido de minha terra (que foi censurado da matéria, por que será?). Segundo o professor Maluquinho, a violência é uma característica inata do ser humano, então era bobagem isso de 'aumento da violência contra menores ou de menores'. Tudo isso era natural e sempre vai existir.

Outro ponto do Maluquinho é que a família não está em crise. Para ele os valores da sociedade estão mudando e com eles a família também muda. Em miúdos, a família moderna é aquela de pais presos, das mães adúlteras e de primos-irmãos (além de outras combinações mais criativas que me dariam um processo se escritas), mas nada da família ser causa de violência.

Quando já estava me coçando, crente de que ia ouvir mais uma explicação sobre os valores do Estado criam violência ou algo como impunidade gera violência, o Maluquinho me surpreendeu. A verdadeira culpada da violência juvenil no país são as Heleninhas. E não pensem que ele deu uma de Cristóvam Buarque e prometeu salvar o mundo com a educação. Quem ensina ética e moralidade e nos impede de sair por ai tocando fogo em mendigo e baleando as pessoas são as professorinhas primárias. A verdadeira culpa da violência no país é das Heleninhas que não são mais o que foram.

Elas podem até não estar mais controlando a violência juvenil, mas um dia podem aprender a ser gostosas e fazer o que se faz em países ricos. Assim com certeza a violência dos pirralhas seria contida e o Brasil ia ser feliz para sempre e eternamente.