sábado, 20 de dezembro de 2008

Coraline

Confesso que a proximidade do filme e as promoções de fim de ano me colocaram este livro na mão. Aliás, as promoções só me atrapalharam, porque comprei tão na pressa que nem vi que estava em português. Mas ok, o Neil Gaiman merece.

Que dizer sobre Coraline? É uma menina pequena e aventureira. Gosta de explorar e tem pais omissos. De repente (como muita coisa nas histórias mais inglesas de Gaiman), ela descobre que a casa velha onde morava escondia uma passagem para um outro mundo. Noto também que ele adora essas coisas velhas espalhadas por ai que ninguém mais se lembra ao certo do que é. Não sabemos o que é isso porque a coisa mais antiga que conseguimos olhar em nossas terras não tem mais de 500 anos.

Poisé, esse mundo é antigo, fantástico e perigoso. É lá que Coraline vai aprender algumas lições e vai encontrar sua força. Poisé, há uma moral da história! Uma aventura com uma pequena menina inglesa tem tudo para ser legal, não é mesmo? Talvez não a da Madeleine, mas ai já é outra história.

Enfim, ótimo livro para se passar uma tarde de Natal. E o filme parece que também promete bastante!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O Suicida

E no dia seguinte ele decidiu morrer. Não que no dia anterior tivesse acontecido qualquer coisa que o fizesse ter vontade de terminar aquela breve aventura chamada vida. Na verdade, esse era um de seus problemas. Nada lhe acontecia. E por ter uma vida tão cheia de nada, no dia seguinte ele decidiu morrer.

Antes disso precisava escrever uma carta que explicasse a todos o que o fazia dar cabo de si. ‘A todos quem, oras?’ pensou. Não havia ninguém a quem precisasse explicar o seu ato. Ainda assim, por desencargo de consciência, uma explicação seria bem vinda. Como ele sempre achou conversar consigo próprio é coisa de louco, calhou de escrever algo para si para ver se aquilo lhe bastava para dar aquele passo (para frente ou para trás? Àquela altura essa dúvida nem tinha mais importância).

Comprou uma resma de papel mesmo precisando apenas de uma folha. ‘Posso precisar passar a limpo’ pensou. Afinal, a última coisa que queria é que alguém tentasse ler seu último escrito e não conseguisse por estar ilegível ou garranchado. ‘Alguém quem, oras?’ censurou-se.

Caneta e papel em mãos, agora tinha que apenas deixar fluir seu pensamento. Sim, caneta porque para essas situações não se pode deixar como última obra um papel impresso que qualquer um faria até por brincadeira (e, na verdade, acreditava que muitas vezes os pensamentos de suas mãos eram muito mais claros que os seus próprios). Aquelas seriam as últimas palavras traduzidas em desenhos de quem deixava para trás esse tormento chamado vida; estariam todas carregando suas últimas emoções. Gostou de pensar em tormento e por ele começou sua carta.

Porém o tormento não lhe bastou para que se desse cabo. Pensou que muitos sofrem por ai e nem por isso saem fazendo o que iria fazer. Sentia dor da posição em que sentava. Isso a dor dos que vivem neste mundo ingrato. Conflito, dor, insatisfação. Estes eram bons motivos. No entanto, nisso havia um pequeno problema. Não se sentia em conflito com nada. E aquela sua dor estava longe das que as mulheres sentem no parto, então seria pouco nobre achar que ela valeria uma vida.

Mas claro! Como se havia esquecido dela? A solidão lhe era um bom motivo. Não tinha para quem nem com quem viver neste mundo. Isso lhe sairia bem, mas lembrou que no seu egoísmo viver para e com alguém era uma grande bobagem. Bobagem essa só superada pelo que iria fazer se usasse aquilo como motivo.

Pensou em investir mais uma vez na insatisfação que já havia esquecido, mas achou que se já a havia esquecido é porque ela nem valia a pena. Tentou finalmente a simplicidade. A tristeza era o seu maior trunfo e ela se bastava em si. Logo percebeu que tristeza nenhuma se basta em si e que ele estava novamente sem bons motivos.

No fim, lá ia ele pela vigésima ou trigésima folha sem que nenhuma lhe tivesse trazido um motivo convincente. Acabou desistindo até achar um bom motivo. Teve três filhos e escreveu duas autobiografias. Quando se matou, anos mais tarde, estava agarrado a uma crítica literária de sua última autobiografia.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

The Wizard of Oz

Quanto chão precisamos andar para conseguir aquilo que buscamos? Nos tempos do Google essa pergunta perdeu muito de sua força. Mesmo assim ainda podemos tentar pensar em quantas paisagens alguém que procure um coração, um cérebro ou coragem vai precisar percorrer. E pior, onde diabos fica o Kansas? Dá para chegar lá de Ônibus? Google Maps?

The Wizard of Oz conta a história de como Dorothy foi levada por um furacão até a terra encantada de Oz. Lá ela vai em busca de uma forma de voltar para casa. Pelo caminho Dorothy encontra três companheiros, um lenhador de lata, um espantalho e um leão covarde, cada um em busca do que seria o mais importante para si. E a partir daí o grupo segue em aventuras que quase todos já sabemos e/ou já vimos nos cinemas ou adaptações.

O livro de L Frank Baum não tem nada de surpreendente (a não ser o autor que ninguém conhece) porque todo mundo já sabe o que vai se passar. Mas nada o impede de ser um belo conto de fadas com tudo o que as crianças gostam (ou pelo menos deveriam gostar se fossem saudáveis). Aliás, a proposta do autor era exatamente essa em sua introdução.

Enfim, mesmo sabendo de tudo que virá, realmente vale a pena ver como a pequena Dorothy e seus companheiros exploram a fantástica terra de Oz (o Grande e Terrível) e nela encontram a moral da história.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Looking For Alaska

Sabe aquelas comédias românticas que você não consegue deixar de ver apesar de já saber de tudo que vai acontecer e de já ter ouvido seu primo de oito anos contar aquelas piadas? Não é nada parecido com isso. Ok, esta obra de John Green pode ser tão despretensiosa quanto qualquer comédia romântica, mas certamente é mais magnética que uma. Magnética, acho que essa é a palavra que melhor define esta Looking for Alaska. Você simplesmente começa a encontrar muita dificuldade em parar mesmo sabendo a cada linha que não está lendo nada genial.

Afinal que mal há em ler algo não genial, mas completamente legal? Nele encontramos o perfil do adolescente nerd / loser e como essas figuras tem seus problemas e tudo mais. Problemas que um dia já foram nossos (ou ainda são). De certa forma, podemos dizer que os adolescentes são meio piegas mesmo. Precisam crescer e muitas vezes nem sabemos quando isso de fato ocorre. Green trabalha um desses momentos.

Ele lembra um daqueles paradidáticos nisso, mas não é como os paradidáticos nacionais cheios de lições de moral e frescuras com tempero Malhação. Os personagens estão longe do que se chama de padrão em suas peculiaridades. No entanto, o "sofrimento" é o que os une. Coisas de adolescente. Ah, o livro também tem muito de cultura nerd, mas isso nem é opressivo.

Enfim, é um ótimo e rápido livro para se ler sem medo de ser feliz. Diversão certa.

Um pedaço que o Garoto Singelo roubou aqui.