segunda-feira, 31 de outubro de 2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Tirant Lo Blanc

Ouvi falar desse livro pela primeira vez quando o Gussie comentou estar interessado nele porque é citado em Dom Quixote. Nessa época já havia lido Dom Quixote, mas juro não ter prestado nenhuma atenção naquela parte onde vários livros são queimados e comentados. Na segunda vez que li, reparei que este foi um dos poucos livros que foram salvos do fogo. E, realmente, mesmo na ficção seria um injustiça queimá-lo. Acho que esse foi um dos melhores livros que já li, mas talvez esteja exagerando um pouco.

Mesmo assim, qual o problema de exagerar? Muitas obras de cavalaria são todas baseados num exagero que beira o absurdo. Essa obra também não deve ser nenhuma exceção, mas nenhum de seus exageros beira o absurdo. Tirant é belo, corajoso, honroso e inteligente, mas ele ainda é só um homem. Em nenhum momento vamos vê-lo desbaratar um exército inteiro só com sua espada no estilo Chuck Norris medieval.

Cada luta sua é realmente uma batalha onde Tirant é obrigado a por sua vida em risco. Quando é contra grandes senhores, ele escapa geralmente por um fio. Quando enfrenta grande massas de inimigos, também precisa de ajuda dos seus para não ser mortos por vários. Podemos dizer que é extremamente poderoso, mas não é imune a ferimentos. Sentimos que Tirant é tão mortal quanto os homens que mata. Suas vitórias são mais baseadas na estratégia que em coragem ou força individual. Ele está mais para Sun Tzu que para um Hércules.

E é isso que o deixa interessante. Ele é humano. Ele se apaixona, ele se fere, ele tem medo e quando pensou que a natureza o mataria, ele chegou até a pensar mal do Deus que tanto ama. Ele é realmente e simplesmente humano. E é por isso que gostamos dele e é por isso que sofremos com ele e torcemos por ele.

O final também não deixa de ser menos surpreendente. É melhor não falar dele para evitar spoilers. Mas há um trecho que me empolgou bastante. Quando Tirant começa a juntar tropas para retornar a Constatinopla. Toda essa parte que envolve a convocação, a conversão, a contratação e movimentação de tropas contra o tempo curtíssimo, pois os turcos já batiam às portas de Constantinopla, lembram-me muito da cavalgada do exército de Rohan para ajudar na batalha de Minas Tirith. Lembro que quando li pela primeira vez o Senhor dos Anéis torci bastante para que desse tempo deles chegarem e ajudar na batalha. Mas toda a expectativa que senti com aquela cavalgada não se compara a que é criada por Tirant. Acho que sua chegada é o ápice do livro.

Acho que falei demais. Enfim, este é um grande livro. Algo para se ler e reler sem perder nada. Certo que alguns momentos pode parecer ligeiramente massante, mas vale lembrar que é um livro com mais de 500 anos. Isso realmente me surpreende em vários momentos, especialmente pela liberalidade e também da importância de várias personagens femininos na história. Valeu cada minuto de leitura.