quarta-feira, 17 de abril de 2013

Orlando Furioso

Fico em dúvida de como falar deste livro. Se por vários momentos é absolutamente fantástico, em outros me joga numa dúvida profunda do que está acontecendo. Parte em culpa da tradução que se esforçou ao máximo em manter a estrutura de rimas. O esforço é excelente, mas nem sempre efetivo. O que é interessante na edição é poder acompanhar a versão em italiano, que muitas vezes é capaz de explicar algumas situações mesmo quando seu italiano seja bem macarrônico.

Agora o que dizer de Orlando? Um livro sobre amor? De certa forma seria sim, mas em muitos momentos é de um amor tal que leva os homens à loucura. Orlando talvez seja a maior vítima. Só é curioso que amar uma mulher possa se confundir a amar sua virgindade. Uma vez que esta seja perdida... não há mais flores a serem colhidas naquele jardim. Mas ok, eram outros tempos e este é um machismo natural na sociedade ocidental. 

Orlando não é a única vítima dos encantos das donzelas. Muitos outros cavaleiros disputam suas respectivas amadas contra outros cavaleiros menos honrados. Existe uma guerra, mas ela passa quase despercebida. Sabemos que aparentemente há um cerco na França. Carlos Magno estava a arrancar as barbas enquanto seus melhores cavaleiros rodavam o mundo atrás de suas donzelas. O pobre imperador cristão andava sem sorte. Pelo menos Rinaldo consegue deixar sua obsessão por Angélica de lado e presta alguma ajuda ao imperador.

Acho que dos personagens, a que me pareceu mais interessante foi Bradamante. Uma mulher cavaleira desafiando todos os tipos de perigos enquanto corre atrás de seu amante que só faz ser capturado por magos e criaturas fantásticas. Além dela há que se destacar Orlando. Ele demora a aparecer, mas quando aparece sem dúvida é um dos melhores momentos do livro.

No mais, é um livro pra ser lido e relido. Acredito que a cada leitura podemos formar diferentes visões dos acontecimentos. Especialmente para pessoas que como eu têm dificuldade com poemas épicos. Agora seria um livro sobre amor? Ainda tenho minhas dúvidas. Talvez seja mais um livro sobre uma obsessão que se confunde com amor. E, claro, muitos encontros e desencontros.