terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O cravo e a rosa

Dois grandes amigos já estavam lá pela quinta na mesa de um bar qualquer (e devidamente pé de escada), quando um deles deu a seguinte sugestão:

- Que tal nós dois termos filhos. Vou ter uma menina e chamá-la de Rosa. Já você terá um menino e vai chamá-lo de Cravo.

O segundo amigo um pouco frustrado por não ter sido chamado para montar um bar e confuso com todas aquelas próclises aceitou de pronto.

Rosa despedaçada.

Cravo vira servidor público. E ai do estagiário que o chamasse de doutor Cravo. Não teve filhos, não deixou para ninguém o prêmio da mega-sena acumulada.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

After Dark

Certamente há muitos livros que contam histórias de personagens que habitam a noite. After Dark poderia facilmente ter se tornado um deles, mas escolheu outro caminho. Não há nenhum vampiro ou enfoque especial nas figuras da vida noturna. Apesar de falar de alguns desses personagens, o foco aqui é mais em uma estudante que por certos motivos, opta por passar aquela noite fora de casa. O livro é a história dessa única e longa noite e dos personagens que de uma forma ou de outra interagem com essa estudante.

Mesmo com uma ideia simples, o livro de Murakami consegue nos prender e nos levar durante aquela noite que de alguma forma acaba sendo agradável e tensa ao mesmo tempo. Ficamos querendo saber mais do que acontece depois e meio que nos irrita saber que é apenas a história de uma noite. Como tantas outras de histórias similares que podem haver por ai, mas sem deixar de ter o seu charme.

É um bom livro, curto e de leitura tranquila. Nos conta de forma simples e agradável algumas histórias que podem ser verdadeiras na vida de qualquer pessoa sem buscar lugares comuns.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

The Great Gatsby

Glamour. Acho que essa foi a imagem que o trailer do filme me deu desse livro. Esperava muitas festas e um homem de estilo de vida incorrigível que iria se perder por um motivo qualquer. Uma espécie de Atlas das festas e boa vida da Ayn Rand. Mas Jay Gatsby não nos passa isso. Claro, as festas estão lá e aparentemente são lendárias também, mas sob os olhos do protagonista Nick Carraway, tudo parece meio sem importância. Jay Gatsby é um homem de um só objetivo.

The great Gatsby tenta contar a história de Jay Gatsby, um novo rico cuja fortuna tem procedência tão duvidosa quanto sua própria história. Seu passado é recheado de informações fantasiosas e que são aumentadas ou alteradas mesmo pelas pessoas que o conhecem. E por mais que suas festas sejam lendárias, ele pouco aparece nelas e quando o faz é sempre discreto. É quando somos levados a perceber que todas as ações desse riquinho possuem um objetivo bem específico e nada racional. Talvez esse seja o seu maior charme. Pensar o quão louco alguém teria que estar para fazer o que ele fez por alguém que realmente não merecia.

E ai somos levados a um drama de mentiras, traições e sangue. E leva-se um bom tempo até chegar a esse ponto. Quase metade do livro passamos vendo descrições e somos introduzidos a meio mundo de figurantes de luxo das festas americanas. Personagens que provavelmente ainda existem por ai, mas usando diferentes vestidos e marcas.

Até tenho vontade de dizer que esse romance é uma obra moderna. A história de um homem com uma ambição e contada por um protagonista aguado e quase blasé. Mas penso que esse tipo de drama por traições e desejos  dessa forma são bem datados, apesar de ainda possuírem algum charme. Trata-se de um romance curto e divertido. Vale a pena ser lido apesar de falar de um  homem perdido em um tempo perdido.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Mudança

Nunca havia ouvido falar em Mo Yan até ele ganhar o nobel em 2012. Pareceu um daqueles muitos prêmios dados para que a academia fingisse que há escritores na Ásia. O que os velhinhos que dão o prêmio Nobel talvez não saibam é que realmente  há muitos escritores na Ásia e por que dar destaque a um só? O que teria Mo Yan de especial?

Mudança é um relato autobiográfico do autor sobre vários momentos de sua vida e em como ele viu a China mudar de um Estado agrário ao que é hoje. Ele observa as mudanças culturais permitidas pela mobilidade de classes e pelas imposições do governo. Também observa como algumas coisas nunca mudam, como por exemplo a mania dos chineses de utilizarem o máximo de Q.I. (quem indique).

Mesmo assim é um bom livro para ver um período no qual pensamos que a China era composta por maoistas e comunas. E não de um ponto de vista solto ou irresponsável, mas de alguém que viveu tudo aquilo. A vida do autor é longe de ser perfeita, mas nos dá uma boa imagem do que foi a China no período em que migrou da tirania do tio Mao para o que é hoje. 

Além disso, é interessante ver certas pessoas da vida do autor influenciarem a sua criação de personagens. Até nos dá curiosidade em ler outros livros dele só para ver como são esses personagens. Enfim, é um bom livro, talvez um pouco caro para o preço, mas é bom. Só não deu para ver o que ele fez para merecer um Nobel nesse livro, but then again, é só um relato autobiográfico mesmo...