terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Neuromancer

Este é livro quase me fez desistir bem no começo. Confesso que o comecei a ler pelo menos três vezes ano passado e só consegui terminar este ano (o primeiro do ano por sinal). O li mais pela fama de ser o mais reconhecido romance cyberpunk que pela qualidade (na prática nunca vi dizer que o livro era realmente bom, apenas que tinha gerado muitas coisas na ficção científica). Fiz inúmeros trabalhos na faculdade que o citavam e resenhei esse livro algumas vezes antes de lê-lo, então um pouco de vergonha na cara também contribuiu para que eu finalmente o lesse.

Livros de ficção científica não costumam ter muito apelo e sua são muito bons em espantar leitores que não sejam tão dedicados. Você pode ler apenas um e achar que todos os outros foram escritos do mesmo jeito (o que não é muito errado). Gibson parece conhecer essa regra e tentou iniciar o livro como um Best Seller qualquer. Um pouco de mistério, um protagonista durão e algumas frases de efeito. Mas ai a questão da ficção científica retorna. É um mundo futurista que precisa de muito detalhamento. O engraçado é que a salvadora do livro parece ser a breguice dos anos 80. O futuro era noir e esta é uma história de cowboy.

E se observarmos a história dessa forma, ela fica muito mais interessante. É quando saímos daquele universo de descrições especulativas de um futuro que Neuromancer realmente começa. Gibson conta a história de Case e de um pequeno grupo de mercenários que tem uma missão bastante misteriosa pela frente. Como mercenários, eles não são pagos para fazerem perguntas e sim o que lhes é pedido. E aqui um pequeno Spoiler para justificar o misteriosa: o seu “chefe” é uma Inteligência Artificial.

Gibson usa toda a energia brega dos anos 80 para a motivação de seus personagens, mistura com noirs para gerar um cenário e efeitos mais legais e encerra num duelo de cowboys. E aqui há que se deixar os duelistas em segredo para não estragar a surpresa. Ah, sem esquecer que há muito do punk aqui; no lugar de uma blank generation temos um mundo inteiro num mesmo torpor.

Neuromancer foi um livro que me surpreendeu. Esperava bem menos dele e acabei realmente me divertindo bastante. É um livro bobo e jovem, mas não vejo mal nisso desde que seja divertido. Só, por favor, não venham filosofar em cima dele, que ai já é demais.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

M is for Magic

Acho que a essa altura alguém já deve ter notado que sou meio fã de Neil Gaiman. Li muito do que ele já fez por ai e esse não poderia ficar de lado tendo um título tão curioso. Mas fiquei um pouco frustrado logo na apresentação, porque essa idéia do título não é de Gaiman, mas sim um autor que nunca ouvi falar que escreveu os seguintes livros: R is for Rockets e S is for Space. Gaiman, com a permissão do autor, apenas seguiu a idéia.

A introdução também nos diz algo que não é muito agradável de saber antes da leitura, mas que vai explicar todo o livro. É um livro de contos que, segundo Gaiman, foram escritos mais como diversão do que como, hã, trabalho. Mesmo assim alguns de seus contos são muito bons. Ele faz aquela mistura do infantil com horror e fantasia/magia. Em resumo, são contos de fadas para todas as idades. Destaco dos contos Don’t Ask Jack, Troll Bridge, Chivalry e The Price. Particularmente, gostei bastante desses.

Gaiman é também um marketeiro e ele já faz a introdução de seu Graveyard Book aqui em dois ou três contos. E confesso que não fiquei muito atraído. Mas já que já comprei, o jeito é ler algum dias mais para frente. Só espero que essa moda não seja uma constante nas obras dele, ainda quero ler Fragile Things.

Pesando os contos bons e os nem tanto, M is for Magic vale a leitura num final de tarde com uma turbina em cima de você para aliviar o calor maldito deste verão.