quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

American Gods

‘Quando alguém reza, um Deus nasce’. Essa frase poderia ser de qualquer pessoa, mas confesso que a vi em um jogo antigo chamado Black & White, onde você é uma mãozinha que é Deus. American Gods lembrou-me muito esse jogo e que não me apareça ninguém dizendo ‘deuses no mundo, que mentira’ daqui pra frente.

No livro, o continente americano não é um local favorável aos deuses, porque os humanos não eram naturais da região. Ao levar seus deuses consigo, os homens acabaram aprisionando esses deuses por séculos ou milênios na América.

Enquanto tinham fiéis, esses deuses tinham poder e glória (como qualquer deus cool tem). Mas com a morte e desaparecimento de seus povos, eles praticamente vivem como pessoas normais, só que muito mais velhas e conhecedoras de alguns encantamentos e mágicas menores. Nesse ponto ele parece meio depressivo ao mostrar deuses loucos, mortos, humanos e (o pior para eles) esquecidos.

Mas falando assim parece que o livro sai como uma listinha de deuses acabados que você encontra em algum ferro velho, o que seria uma inverdade parcial, porque de fato há uma certa ordem na aparição deles. Para fazer a listinha, Neil Gaiman escolhe Shadow, um personagem com um nome horrível e não muito esperto, mas que por causa de besteiras pequenas consegue ser bem legal!

Shadow sai da prisão por causa da morte de sua esposa e na viagem de volta para casa ele conhece mr. Wednesday, que na verdade é Odin, e que o leva a uma cruzada para reunir os deuses em uma guerra. Os velhos deuses milenares contra os novos deuses da modernidade. Particularmente, gostei da Mídia, mas há uma porção de deuses interessantes e egos dignos de redação de jornal.

Aliás, a apresentação parece ser a chave da história. Nada de chegar dizendo: ‘Shadow entra na sala e senta com Osíris e dá um tebei em Safo’. Nada de apresentações fúteis. Todos são apresentados exatamente como deveriam e se você tiver tido uma infância com Cavaleiros do Zodíaco, vai reconhecer alguns. Mas muitas vezes temos que simplesmente adivinhar quem é a figura, se de fato é alguém. Gostei muito de um Deus do qual Shadow simplesmente não consegue se lembrar de como era e do que ele falava ou que simplesmente havia estado com ele mesmo que ele estivesse realmente determinado em lembrar. E, para variar nesse livro, não faço idéia de quem seja a figura (mas pensei no haitiano de Heroes sempre que se falava nele).

Enfim, é um belo livro. Uma epopéia moderna e fantástica. Totalmente excelente, mas achei que lááá no finalzinho as coisas se revelam de forma meio previsível. Mas isso não importa, porque creio que isso seja defeito de epopéias mesmo. É um livro de cenários e de formas interessantes. Leitura obrigatória para qualquer ser vivo.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Uma homenagem ao Carnaval pernambucano


Muita festa, muita alegria e muita Igreja. Quem não pensa nisso no carnaval? Felizmente aqui em PE temos nosso querido Arcebispo que se importa conosco e deixou sua mensagem para o país. Não tomem a pílula rapazeada e lá vamos bancar a bolsa família de uma geração inteira de escorpianos e uns poucos sagitarianos. Nada que uma próxima folia não pague.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Compensação histórica

Já que a lei moral da moda do Brasil é a da compensação histórica para os que tiveram os direitos usurpados (palavrinha feia, hein)... Quero meu império alexandrino de volta!


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Um ps: olha a prova de que esse território é meu de direito com a lista de meus antepassados nessa irrefutável e séria enciclopédia eletrônica.

http://en.wikipedia.org/wiki/Soter

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

História do Cerco de Lisboa

Raimundo Silva tinha uma pacata vida de revisor literário até que num instante de impulso, ele comete um crime: ele troca um sim por um não. Na verdade não foi um simples sim que foi trocado pelo não. O sim que foi trocado mudaria por completo a História do Cerco de Lisboa. Ao contrário do que se esperaria num romance de Saramago, a história não muda. Os portugueses de fato tomaram Lisboa com o auxílio dos cruzados. A única diferença é que agora temos um revisor em situação delicada.

Mas é essa situação delicada que muda a vida de Raimundo Silva. A gráfica no intuito de evitar esse tipo de constrangimento novamente contrata a diretora de revisão Maria Sara. E, surpreendentemente, o já velho Raimundo Silva experimenta o amor dos jovens. Maria Sara experimenta o mesmo sentimento de Raimundo Silva, mas faz uma exigência: que Raimundo Silva escreva a história do cerco de Lisboa a partir daquele não.

Isso é curioso num autor de temas fantásticos e bastante pensativos. A história do cerco de Lisboa é relegada a um segundo plano, enquanto o que é de fato narrada é a história de Raimundo Silva e Maria Sara em paralelo a história de Mogueime e Ouroana, um soldado e uma escrava de guerra que representam os dois primeiros na história do cerco.

Um livro bem light para este autor exigente. Mas é o tipo de livro que pode ser um pouco cansativo para os que não conhecem Lisboa. Há descrições minuciosas que comparam a Lisboa do cerco com a Lisboa atual. Isso para nós que não conhecemos não significa nada. Mas para entender melhor o livro pensei no carnaval de Olinda, afinal é o que tenho mais próximo de uma guerra de cerco na minha mente. O povo de cima são os mouros. Que vem subindo as ladeiras são os portugueses. Muros de carne se formam evitando que uns desçam e que outros subam. Mas no fim todos sabem que os de baixo magicamente vão subir e dominar a Sé, cansados, sujos, suados e machucados. Agora é só esquecer que eles vão descer para não acabar numa contradição.

Mas viagens à parte. História do Cerco de Lisboa é um ótimo livro para se começar em Saramago. Não haverá fuga à lógica nem grandes moralismos ou dilemas. Infelizmente também não haverá muitas frases de efeito. Mesmo assim, vale uma tarde de segunda lendo.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Citação

Eu sei, eu sei. Sinto-me péssimo em fazer um post baseado em coisas dos outros, mas quando li isso aqui num site por ai, não deu para resistir. Foi extraído de uma das partes mais comoventes do Guia do Mochileiro da Galáxia. Uma parte totalmente excelente. Ai vai.

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A towel, it says, is about the most massively useful thing an interstellar hitch hiker can have. Partly it has great practical
value - you can wrap it around you for warmth as you bound across the cold moons of Jaglan Beta; you can lie on it on the brilliant marble-sanded beaches of Santraginus V, inhaling the heady sea vapours; you can sleep under it beneath the stars which shine so redly on the desert world of Kakrafoon; use it to sail a mini raft down the slow heavy river Moth; wet it for use in hand-to-hand-combat; wrap it round your head to ward off noxious fumes or to avoid the gaze of the Ravenous Bugblatter Beast of Traal (a mindboggingly stupid animal, it assumes that if you can't see it, it can't see you - daft as a bush, but very, very ravenous); you can wave your towel in emergencies as a distress signal, and of course dry yourself off with it if it still seems to be clean enough.
More importantly, a towel has immense psychological value. For some reason, if a strag (strag: non-hitch hiker) discovers that a hitch hiker has his towel with him, he will automatically assume that he is also in possession of a toothbrush, face flannel, soap, tin of biscuits, flask, compass, map, ball of string, gnat spray, wet weather gear, space suit etc., etc. Furthermore, the strag will then happily lend the hitch hiker any of these or a dozen other items that the hitch hiker might accidentally have "lost". What the strag will think is that any man who can hitch the length and breadth of the galaxy, rough it, slum it, struggle against terrible odds, win through, and still knows where his towel is is clearly a man to be reckoned with.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008