terça-feira, 20 de março de 2007

Raise High the Roof Beam, Carpenters and Seymour: An Introduction

Pra cima com a viga, moçada e Seymour: uma introdução são dois contos que compõem um livro estranho. Basicamente o primeiro tem um título que não faz o menor sentido. Trata do casamento de Seymour e todas as confusões que decorrem delepor parte de seu irmão Buddie. É uma história sobre o Seymour, mas sem a sua aparição. Um livro meio estranho com um grupo meio louco que discute sobre Seymour e sobre o passado dele e de sua família. Foram sete irmãos gênios na infância e isso aparentemente os deixou meio estranhos para com o mundo.

Uma curiosidade desse primeiro conto é que todos os irmãos tiveram oportunidades de estudar e se formaram, aparentemente, mas apesar disso três deles pelo menos (Seymour, Buddie e Booboo) entraram no exército por algum motivo não muito bem esclarecido, mas parece que foi por opção própria. Sinceramente não entendo porque alguém que estudou qualquer coisa entraria no exército por opção própria, mas releva-se. Eram tempos de guerra.

Já Seymour: uma introdução é uma outra história sobre Seymour sem a sua aparição contada novamente pelo seu irmão Buddie. Só que desta vez ela ganha um caráter de ensaio sobre Seymour. Chamem-me de conservador, mas fazer ensaios sobre irmãos não é lá uma atitude normal. Mas até que aparecem umas frases legais e umas viagens interessantes. Mas nada digno de citação.

Enfim, não acho que essa minha introdução a J. D. Salinger foi muito produtiva. Deveria ter procurado uma edição decente de Catcher in the Rye (Apanhador no campo de centeio) mesmo. Pelo menos esse me disseram que é bom.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Para medir desse jeito, nem precisava...

A Medida das Saudades é um livrinho escrito por Geraldo Pereira, médico e professor, que parou no tempo e considera uma coisa surpreendente as facilidades de um computador, apesar de achar mais romântico o velho manuscrito. Enfim coisas que só podem ser vistas em livro de Editoras Universitárias...

É realmente muito chato quando algum conterrâneo seu consegue espaço para publicar algo por meio da editora universitária e aproveita isso para fazer um livro de crônicas de jornal. Pior, é um livro de crônicas sobre um passado do qual apenas uns fósseis restaram (okay, não vamos ser tão exagerados. Mas é preciso fechar os olhos e ter uma boa memória para se lembrar daquilo que ele fala). Pior, alguém deve ter dito que o primeiro texto estava bem escrito e acabou forçando o autor a fazer todo o resto igual. Ou pior, achar que "dez bolas de soverte a um real/ tragam a vasilha / tragam a vasilha / é o sorveteiro barateiro" é menos poético e pior sonoramente que um "xeeeeeeeeeeeeera / olha a macaxeira boa". It makes me sick.

Mas tudo bem, há sempre algum regionalista bicho-grilo cheio de saudades que lê jornal esperando ver essas coisas do passado deles, ou que pelo menos eles acham que foi deles. Boa leitura para esses.

Que venha Fitzgerald ou Hesse!

sábado, 3 de março de 2007

Clássico Over Rated?

Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho são bons? São. Mas não é metade do que dizem por aí. Sem dúvida é uma viagem muito louca para lugares onde a ordem é o que não tem ordem(ou seria o contrário?). Há também muitos personagens muito caricatos, como o Chapeleiro Maluco, a Rainha descabeçadora, o Gato que ri e desaparece e por ai vai. Personagens que ficaram famosos, aliás, pelo belo filme que a Disney fez, misturando um pouco os dois livros, mas seguindo no geral o enredo de O País das Maravilhas.

As imagens e cenários são tão caricatos que parecem que foram pensados, anotados e no fim compilados numa mesma história sem continuidade. O que vale é a loucura. A loucura da imaginação da menina mais centrada com 7 anos que irá existir. Ela faz jus aquela história que dizem: "Os ingleses já nascem velhos". Eu diria que Alice nos seus 7 anos tem pelo menos uns 15.

No fim, toda a viagem sobre loucura, mudanças pessoais e identidade termina num sonho... talvez o fato de tudo ser um sonho fruste nossas espectativas de que tal lugar maravilhoso exista, mas creio que poucas pessoas sonham de forma tão fantástica como Alice. Penso que ai esteja o tchan da história.

Como foi dito em Orgulho em Preconceito: "Solte as rédeas da sua fantasia e entregue-se à sua imaginação, para vôos mais arrojados".

Já Através do Espelho é um pouco diferente. Ela entra no Espelho e acorda na frente do mesmo. Toda sua aventura através do espelho não é um sonho, mas também não deixa de ser um. É como se por um segundo ela tivesse vivido horas naquele país do lado de lá.

Também há muitos personagens caricatos. Como o Cavaleiro Branco e o Humpty Dumpty, entre outros. Mas dessa vez o roteiro é mais linear. Ela vai atravessando um tabuleiro de xadrez até chegar na oitava casa, onde Alice é coroada. Claro que é um tabuleiro muito louco que de repente sai mudando as formas e os lugares. Mas Alice sai acompanhando as mudanças, ao contrário do primeiro livro, onde ela quer mudar para atingir certos fins.

Mas chega de introspecções e filosofias. Basta saber que são dois livros muito loucos, que ficam entre o bonito e o engraçado. Um clássico infantil, sem dúvida. Mas talvez não seja tão infantil assim. Vale a pena ler e reler.

ps: Aconselho a versão inglesa, pois Lewis Carroll faz muitos trocadilhos que se perdem na versão portuguesa. Fora as músicas e os poemas que são impossíveis de se transferir em rima e verso. O parte do Humpty Dumpty mesmo, perde totalmente o sentido se trazida ao português. Enfim, é um clássico da literatura inglesa e como tal ele deve ser lido em inglês. Quem não souber, aprenda para ler.
pps: Por que eu disse que eles não são nem a metade do que dizem? Porque tem gente que simplesmente idolatra esses livros. Eles são bons, mas não merecem idolatria. Ou seja, roubando a expressão do garoto singelo, ele é well rated.

Citações:
- Alice's Adventures in the Wonderland
"All right," said the Cat; and this time it vanished quite slowy, beginning with the end of the tail, and ending with the grin, which remaind some time after the rest of it had gone.

"If you knew Time as I do", said the Hatter, "you wouldn't talk about wasting it. It's him".

- Through the Looking Glass
The Red Queen shook her head. "You may call it "nonsense" if you like." she said, "But I've heard nonsense, compared with which that would be as sensible as a dictionary!"

"It's a poor sort of memory that only works backwards," the Queen remarked.

And certainly the glass was beginning to melt away, just like a bright silvery mist.
(qualquer semelhança com Matrix, não é mera coincidência)