segunda-feira, 18 de maio de 2009

Harry Potter

Acho que peguei o hábito de ler obras com vários volumes. Essa daqui tem logo sete, mas nem parece assustadoramente grande. Afinal, os primeiros volumes são pequenos e isso ajuda a compensar os gigantes que estão lá no final. Vou dar uma de chato e pensar que isso é uma estratégia comercial. Primeiro você atrai e depois empurra algo sem sal goela abaixo. Pior que eu quase não passava da primeira página. Traduzir nomes é uma prática nefasta que deveria ser abolida de todas as traduções. Ver Dudley ser transformado em Duda logo de cara quase me fez jogar tudo para o alto (também há a transformação de James em Tiago. O que diabos as pessoas têm contra James?). Mas resisti a tentação e até agora nem posso reclamar muito porque só li os dois primeiros e já decidi comentá-los:

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HP e a Pedra Filosofal
Quem já leu mangá ou já viu anime talvez reconheça um pouco desse plot. Imagine um menino que ficou órfão porque seus pais morreram para salvar-lhe do grande bruxo do mais mal. Agora imagine que esse menino cresceu com parentes que o odiavam por ser, hã, diferente. Até que um belo dia ele descobre que tem poderes mágicos e que pode estudar na melhor escola de magia do mundo.

A partir daí a história fica bem comum para quem já assistiu Goonies (ou sessão da tarde mesmo - acho que tenho algum trauma com sessão da tarde - com todas aquelas criancinhas fazendo feitos milagrosos). Na escolinha, eles descobrem uma conspiração para roubar a Pedra Filosofal, artefato que poderia reviver o bruxo mais mal supracitado.

O que dá para notar neste primeiro volume é que a JK Rowling estava mais querendo introduzir seu cenário mágico. Vemos a escola de Hogwarts ser descrita nos seus mais inúteis detalhes. As mesas, o jantar, os quadros, citações históricas irreais e até algumas aulas com a citação desnecessária dos autores dos livros utilizados. Tudo parece em excesso aqui. Até a minha crítica, pois essas miudezas realmente ajudam a ver aquilo tudo na escola como mágico.

Como o livro é bem sintético e simples, ele acaba sendo bom. Tipo, bom mesmo. Divertido, com um mistério infantil e recheado de magia. No final ainda acontece uma daquelas sucessões de desafios seguindo aquele modelo (muito comum nos japoneses): você vai perdendo um aliado para cada desafio, até só restar o herói e o vilão. Ah, sem esquecer da reviravolta final. Uma coleção de clichés legais.

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HP e a Câmara Secreta
Aqui já sabemos que o bruxão mais mal de todos ainda vive, mas está fraco e é deixado como figurante. Então podemos deixá-lo de lado e nos concentrarmos no grande mistério da Câmara Secreta. Nome bem sugestivo para o título de um livro. Pode-se dizer o que vai acontecer com um pouco de imaginação.

Com um mistério fraco, só resta a magia. O problema é que os jovens magos ainda são extremamente limitados, então não há muito a ser feito. Pelo menos o livro é pequeno e passa rápido. No entanto, podemos sentir que alguma coisa está se montando. O cenário, inicialmente repetitivo, agora abre espaço para a comunidade bruxa de fora da escola. Esses bruxos, apesar de terem estudado 7 anos naquela escola, saíram sem aprender nada de útil.

Novamente, encontramos um bruxo com a incrível experiência de dois anos de bruxidade para resolver tudo. Isso já nos mostra uma certa incompetência dos bruxos mais velhos que deve afetar a história num ponto posterior.

Apesar de tudo, o estilo da autora se mantém rápido e de fácil leitura. Também começamos a achar os personagens mais simpáticos apesar de toda a caricatura em cima deles. Com sorte, a coisa talvez até melhore. Mas desconfio que não, porque os sete livros devem fazer alguma grande saga que até agora não faz o menos sentido. O ideal e continuar a leitura sem preconceitos, mas, infelizmente, os livros começam a engrossar a partir de agora. Se bem que até então tem sido divertido.

ps: outra coisa que me incomodou profundamente no cenário de HP é o fato deles chamarem as pessoas normais de trouxas e de as considerarem completamente indefesas. O que já deu para notar é que por mais forte que seja um mago, ele ainda morre com um simples tiro. Isso joga por terra essa inofensividade dos trouxas. Até agora os bruxos não mostraram para quê vieram.
pps: e lá vou eu arranjando outra desculpa para atrasar meu projeto...

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