segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A Menina que Roubava Livros

Qualquer livro que passe muito tempo na lista dos mais vendidos sempre me deixa muito desconfiado. Não costumo apoiar os Best-Sellers porque geralmente há muita coisa ruim entre eles. Eles seguem uma espécie de fórmula simples para vender muito e que de algum modo realmente funciona. Paulo Coelho e Dan Brown são apenas alguns exemplos de como fazer algo raso parecer profundo deixa muita gente se sentindo bem e com vontade de ler. Achei que era a mesma coisa com Markus Zusak.

Peguei o livro na obrigação de ler um presente e até fiz chacota quando vi a Morte apresentando a história. Pensei que a morte de Saramago era muito superior a esta Morte (e não me engano, pois é mesmo). Esta Morte é apenas uma narradora que se mete com comentários, pensamentos, opiniões e as vezes até spoileando a própria história. Mas podemos dizer que a Morte de Zusak é apenas uma péssima storyteller.

A Morte conta a história de Liesel Meminger, uma pequena órfã do regime nazista. Ela parece ser destinada a sofrer e esta parece ser mais uma história de lágrimas em meio ao regime hitlerista. Há sofrimento e lágrimas, mas eles são apenas coadjuvantes de uma pequena menina que roubava livros. Vamos e convenhamos, livros não costumam ser objeto de roubos (a não ser em universidades; é incrível a quantidade e a variedade de livros roubados, geralmente sempre pegam algo que você precisa). Esta é a estratégia utilizada pelo autor para atrair a atenção tanto dos possíveis leitores diante da capa, quanto da própria Morte. Afinal, ela poderia estar contando qualquer história, por que estaria focada na pequena Liesel?

Ao decorrer do livro a pergunta muda e passa a ser: ora, como não contar a história de Liesel? A guerra e Hitler podem ser panos de fundo e até mesmo a razão de muitas coisas, mas ela é apenas uma criança. Sua vida e suas vontades estão alheios ao Füher, assim como suas alegrias e frustrações. Liesel é uma menina alemã completamente normal que como tantos outros viveram sob o regime nazista. E é justamente a trivialidade que torna sua história bonita e também trágica. Como a própria Morte sugere: eles não mereceram o fim que tiveram. But no more spoilers for now.

A Menina que Roubava Livros é um livro singelo e muito bonitinho. Fiquei surpreso em gostar dele e acho que mesmo com dois anos de atraso é realmente a hora de agradecer pelo presente. Ah, outra coisa positiva é que ele nos dá um pequeno arsenal de xingamentos alemães, não que alemão precise de muito para parecer um xingamento.

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