quarta-feira, 27 de abril de 2011

Anna Karenina

Após uma looonga leitura fiquei com a impressão de que não entendi muito bem a história. É bem escrito, mas acho que todo livro antigo que ainda merece ser citado é assim. Mas algo me incomodou profundamente nele e penso que esse algo tenha sido o final. Demorei muito tempo lendo, mas a parte final foi o que realmente me fez parar completamente as vezes. Ficou enfadonho. Não consegui realmente entender todas as dúvidas e loucuras do Levin. Ele tinha tudo e estava triste com tendências suicidas. Acho que só faltava a franja. Mas noto que começo a colocar os pés pelas mãos aqui.

Anna Karenina conta a história de uma mulher da high society russa que se apaixona por um nobre em ascensão. O problema é que ela já era casada com um servidor público de renome. Daí então começa a narrativa de todas as pessoas que de uma forma ou de outra estão envolvidas nesse pequeno círculo social. Também são citados os grandes problemas da vida russa da época. Nobres que não sabia administrar suas posses, resistência a modernização, burocracia burra e excessiva do Estado com a presença de vários cargos que ninguém realmente sabe o que é e também a questão das traições e aceitações.

Fiquei com a impressão de que 95% da nobreza russa era composta de covardes que tentavam roubas as mulheres dos outros sem se envolver num duelo. Pessoalmente fiquei frustrado de não ter visto um duelo sequer e olhe que houve motivos para muitos. Em geral eram resignados. Acho que o melhor exemplo foi o Oblonsky, personagem feliz alegre comilão e bom de flerte, mas... aceita sua condição de ser um B na sociedade. Bem, mas não podemos condená-lo, ele só quer ser um bon vivant mesmo.

Ainda assim o Levin foi o personagem que mais gostei da história. Ele é o mais honrado de lá e não tem medo de colocar um cara que estava dando em cima de sua mulher para correr. Sua honra parece vir de um pensamento infantil de que as coisas deveriam ser como deveriam ser. Mas no decorrer do livro aprendemos a perdoar esse comportamento de Levin e aceitá-lo como é. Exceto no final quando ele quase põe tudo a perder por... vamos dizer, 'pensar demais'.

Achei a Anna Karenina bem sem graça e também o conde Vronsky que no começo era um grande pegador virou um marionete. Também achei a sociedade bem estranha, aceitavam que casais vivessem separados e tivessem meretrizes, mas divórcio não! Isso nem pensar. Quem se divorcia é vadia. Quem tem diversos amantes é uma mulher de contatos. Mas enfim, sociedades são assim mesmo. A Anna parece uma mulher fraca nesse sentido. Era bonita e sabia fazer qualquer homem se apaixonar por si, mas não podia viver na sociedade. É como se ela fosse um mestre do jogo social, mas fosse proibida de jogá-lo. E francamente isso fica tedioso lá perto do final do livro.

Em geral, não gostei. Gostei de partes e desgostei de muitas partes, não acho que o tempo investido tenha sido compensado pelas partes boas e acho que só terminei de ler de teimoso. Mas há quem goste desse tipo de história de sociedades decadentes e de pessoas que se perdem até o momento final de desespero. O problema é que esse desespero não me tocou. Então ficava meio esnobando o livro durante a leitura. Estava lá a Anna sofrendo e eu pensando "sei, e daí?". Acredito que Tolstoy tenha livros bem melhores.

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