quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Releitura: O Hobbit

A última vez que li este livro foi provavelmente há uns 12 anos, acho. Lembro de ter gostado bastante e não muito mais que isso. Mas quando vi o trailer do filme que está sendo produzido, deu uma certa vontade de relembrar a história. Lembrava apenas de linhas gerais e de alguns eventos, mas fiquei realmente surpreso ao descobrir o quanto eu havia esquecido da história. Não apenas esqueci de detalhes aqui e acolá, mas eventos inteiros desapareceram de minha mente e muitas vezes me sentia como se estivesse lendo o livro pela primeira vez.

Tenho que reconhecer que durante boa parte da leitura fiquei imaginando como serão as cenas no filme. O que deve ser tirado e o que deve ser adicionado. Inicialmente achei 2 filmes muito para um livro de pouco menos de 300 páginas. Mas observando que nessa obra Tolkien ainda economiza bastante no estilo, dá para perceber onde e como vários nós podem ser desenrolados sem ficarem de forma alguma fora de contexto ou forçados. Acho que os anões, por exemplo, vão ganhar algum destaque maior no filme. O livro é muito sobre Bilbo Baggins, ele é quem põe todos os acontecimentos em andamento e quem tira o grupo de quase todas as enrascadas nas quais se metem. Gandalf apesar de botar tudo em movimento aparece de forma tímida aqui e acolá.

Fiquei com muita expectativa no filme que está sendo dirigido por Peter Jackson. E claro recomendo bastante a leitura deste livro. Pode não ser tão épico quanto Senhor dos Anéis, mas é mais leve e divertido. Sem contar que Bilbo é um protagonista umas 10 mil vezes melhor que Frodo.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Grande Sertão: Veredas

Soube que esse livro esse existia por causa daquela lista de livros que obrigam você a ler para o vestibular. Nunca realmente havia prestado atenção. Ele era como Vidas Secas para mim, só um livro sobre um passado pobre e sem lei no sertão. Nossa versão triste, porém cabra-macha de faroestes. Ah, e sem mexicanos que são substituídos por um libanês ou judeu, claro.

Também graças ao vestibular e aos professores de literatura, também já sabia boa parte da história. Eles não estimulam a leitura alguma, apenas falam de forma geral e dão discas sobre o que possivelmente será cobrado. Acho que qualquer surpresa que talvez tivesse nesse livro morreu nessas "dicas" que me foram dadas. Nem sequer lembro se usei algo para o vestibular, mas já sabia que este era um livro sobre o sertão que contava a história de Riobaldo, um jagunço, e Diadorim, também jagunço. Acho que muita coisa na minha leitura teria ido por outro caminho caso não soubesse que Diadorim é na realidade... (omg spoilers... oh, todo mundo já sabe) uma mulher. Nosso faroeste tupiniquim é na realidade um Brookeback Mountain, mas não fica só nisso.

É realmente um livro sobre sertão, sobre pobreza, sobre vingança, sobre sangue, sobre justiça e sobre Deus e o Diabo, mas não lembro de em momento algum ouvir que seria um livro sobre guerra. E muito bom livro de guerra. Nada de estratégias mirabolantes, mas formas de fazer guerra inteligente numa região pouco amigável ao ser humano. Morde e assopra. Dividir para conquistar. Usar vantagens do terreno e o escuro da noite. Coisas que vemos constantemente nessa obra contada pelo próprio Riobaldo, agora já velho.

Mas parece que misturar tudo isso num bolo ainda não é suficiente. Tudo é guiado como uma bela narrativa que vai se desenrolando conforme o narrador vai lembrando. Então linearidade fica meio de fora, mas nada que nos deixe completamente perdidos. Em geral, conseguimos até botar os fatos em ordem facilmente. Riobaldo pequeno conhece Diadorim, sob outro nome. Anos mais tarde o encontra quando decide tentar a sorte de jagunço e a partir daí vão estar sempre juntos até o final. Mas é interessante como apesar de falarem pouco, afinal as agruras da guerra não davam muita margem para papo, eles conseguem se entender. Aliás, não só eles, mas Riobaldo e todo o bando do qual faz parte. Situação que o faz crescer no grupo e adotar outra postura próximo ao final.

Acho que o momento que mais esperava durante toda a leitura foi a revelação e apesar de todos os avisos de meus professores, eles não conseguiram estragar esse momento. O climáx do livro é algo bonito e triste. Podemos até ouvir o som da alma do Riobaldo se quebrando. Mas nesse ponto prefiro deixar que a curiosidade alheia se complete.

Grande Sertão: Veredas é realmente uma grande obra. Escrita por João Guimarães Rosa, chega a figurar em alguns top 100 de melhores livros. O que me deixou intrigado, porque como os gringos leram este livro se não achei em lugar algum a versão em inglês custando menos que "muito caro"? Talvez tenham lido em espanhol ou mesmo em português, mas fico feliz que seja lido e lembrado e espero que algum dia receba alguma boa tradução. Embora tenha que admitir que seria muito complicado conseguir passar todas as nuances linguísticas presentes aqui. De qualquer maneira, vale a pena lê-lo em algum momento da vida. Não é um livro triste, é um livro sobre a vida de uma pessoa que agora velho pensa no que viveu e nos pergunta o que poderá ser dele.