terça-feira, 10 de julho de 2007

Quem é John Galt?

Atlas Shrugged não é o nome correto desse livro. Os tradutores realmente foram muitos felizes ao não chamar esse livro de “Atlas Sacudindo os Ombros”, ou de outras combinações mais bizarras, por causa da tradução de um verbo não-usual. Mas deixando essas bobagens de lado, podemos notar que o livro é grande obra logo de cara. Qualquer pessoa que consegue escrever algo de 900 páginas e fazer alguém traduzir tudo é obrigada a fazer um trabalho decente.
Ayn Rand realmente fez um bom trabalho. Bem, pelo menos até 2/3 do livro, que é onde encontramos o ápice. De lá em diante, vai caindo de rendimento até um desfecho pouco impressionante. Talvez isso não prejudicasse tanto o livro e ele ainda pudesse ser uma obra além de grande, bela. Mas o excesso de moralismo e uma caricatura plena de todos os personagens acabam condenando o título à mediocridade. Mas vale notar que é uma mediocridade bem melhor do que a média. Ele ganharia um C+ com setinha para cima nas mãos de algum professor que não entenda algo subjetivo como números.
Mas voltemos ao livro. Os personagens são apaixonantes no começo. Provavelmente eu me cairia de paixão por Dagny Taggart (principalmente se ela for a Angelina Jolie). É uma mulher forte, decidida e independente, além de linda. Mas eis que surge Hank Rearden também forte, decidido e independente, além de lindo. E Francisco d’Anconia: forte, decidido e independente, além de lindo (mas esse tem o plus de fazer tudo melhor do que qualquer pessoa). E por ai vai, até chegar ao John Galt que é o top dos tops.

Isso são as caricaturas dos personagens. Existem três modelos nessa obra: os fodas (são bons em tudo e mantém o mundo funcionando por milagre), os médios (são bons, mas não o suficiente para manter o mundo funcionando) e por fim os saqueadores (que são gordos, feios, moralmente errados, preguiçosos, violentos, medrosos, e blá blá blá). Isso realmente vai cansando no decorrer da história de tal forma que qualquer personagem diferenciado que apareça nos atrai.

Isso é o mendigo que representa o ápice do livro. As vinte páginas dedicadas a esse personagem já dariam um livro, além de ser um dos melhores discursos. É genial. Ele salva o livro de um quase fracasso. Além disso, é um dos poucos discursos que surgem na hora correta. Ayn Rand parece gostar de discurso e os coloca nos lugares mais indevidos, como numa festa de ricaços ou em uma rádio.
No mais, até vale a leitura, mas valeria muito mais caso tivesse 400 páginas a menos.
Falando em discursos, pulem o de John Galt!
ps: numa pós-leitura desse post andei notando que só falei mal e desestimulei a leitura, querendo de alguma forma salvá-lo com uma frase. O livro tem boas descrições (destaco as partes de Hank Rearden; são lindas), bons diálogos e até uma boa história. Além de ser legal. Isso normalmente bastaria para ler qualquer coisa, mas... 900......

Um comentário:

Jeane Xavier disse...

Terminei de ler agora e... realmente! Pulem o discurso do John Galt! rs.