Um jovem tocado pelo pecado da vaidade pára diante de seu próprio retrato e se encanta com tanta perfeição. Por um segundo ele percebeu a injustiça que era o retrato permanecer com toda aquela beleza enquanto ele envelhecia e murchava; por que não o contrário? O desejo foi atendido e eis que temos o Retrato de Dorian Gray, um jovem com o ar de inocência da juventude, olhos azuis, cabelos encaracolados e lábios entreabertos. Puro, até ser envenenado por palavras.
Mais do que a história de um homem que não sofre as marcas do tempo, este livro é uma história de um homem que pode ver sua alma. As ações que marcaram sua vida, seus pecados, seus vícios, seu caráter estava todo marcado na obra-prima que seu amigo Basil pintara. Ele, melhor que ninguém, podia julgar-se ao ver seu próprio retrato.
Dorian vê sua alma se perdendo aos poucos por causa da influência do Lorde Henry e de um livro que ele lhe dera; um livro de pecados, não horríveis ou repulsivos, mas fascinantes e sedutores. Seu amigo Basil tenta salvar-lhe a alma, mas o orgulho e a vaidade eram escudos impenetráveis a qualquer moralidade. Nem mesmo o amor pôde salvá-lo, mesmo tentando mais de uma vez e sob diversas formas. Para Dorian Gray não poderia haver redenção.
Original, Belo e perfeito. Uma obra-prima da literatura inglesa, tanto que nos faz perdoar os excessos de boiolagem de Oscar Wilde e deixa os desenhistas muito confusos na hora de retratar o retrato, ou o próprio Dorian, como constatou o Gussie. Ah, Dorian “time is jealous / time is pain”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário