Em uma de minhas primeiras missões externas fora de nossa pequena sala de Tv fui apurar alguma coisa uma sexta ou segunda (agora não lembro bem) cultural da biblioteca. O evento contou com a leitura de cordéis, contos, crônicas e poesias de autores desconhecidos que jamais vão ficar famosos. Mas ainda lembro que o evento contava com um café da manhã que desapareceu nas bocas e nas bolsas das madamas presentes no local.
Com todos alimentados, finalmente pudemos seguir com a programação. Era a hora da homenagem a um grande poeta paraibano, que escreveu três livros e ficou conhecido como o Poeta das Gardênias, William Ferrer, que não tem (nem terá) verbete na wikipedia. Foi mais ou menos nessa hora que eu descobri que a grande virtude desse poeta, além de cantar as noites e as gardênias, foi dirigir a Academia de Letras e Arte do Nordeste. Descobri também que estavam presentes vários poetas e escritores dessa academia. Mas o que me deixou surpreso foi a existência dela.
Só contando com membros esquecidos e que comemoram a venda de 1.000 livros após uns 10 anos de publicação, a academia apenas serve de clube da terceira idade para quem escreveu um diário ou algum garrancho na parte de trás do caderno. Ainda bem que saí correndo de lá antes de encontrar alguém que tivesse um blog. Minha mente pura não consegue imaginar o quão hediondos devem blogs de escritores completamente obscuros e nordestinos.
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Enquanto pesquisava algo sobre a existência dessa academia para fazer a matéria ter mais de 3 linhas, acabei descobrindo que ela não é um caso ímpar. Parece que todas as cidades têm clubes de terceira idade para esses velhos escritores. Ainda bem que eles só mantém isso para eles. Ia ser ruim se o governo os descobrisse e forçasse nossa pobre juventude a conhecê-los.
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