sexta-feira, 23 de maio de 2008

Por cima do ombro

Todo mundo tem manias péssimas. A minha só calhou de ser um pouco mais péssima que algumas, mas certamente muito menos péssima que a maioria. Eu tenho compulsão por saber o que as pessoas estão lendo. Não é perguntar a amigos ou nem ler todos os best-sellers disponíveis no mercado. Minha compulsão é só ficar curioso quando vejo alguém lendo algo em qualquer lugar. Pode ser na rua, num parque, na Igreja, numa sala de aula, no ônibus, numa livraria, até mesmo durante provas de concurso eu dou aquela olhadinha só para saber que parte o cara do lado está lendo (mas não copio nada porque parto do pressuposto de qualquer outro candidato é uma porta).

Claro que essa minha mania me faz ver algumas coisas curiosas. Principalmente quando se usa veículos coletivos lotados de universitários. Sempre há uma xerox ou outra. De saúde até exatas e passando por todas aquelas ciências humanas (aplicadas ou não, filosóficas e sonhadas). E foi nesse meio que vi um capítulo genial sendo lido: "emoção e valores".

Pena que não descobri o livro, mas só aquela página já deu para notar a genialidade seu conteúdo. Ele dizia que "quem mata sua espécie é irracional". O curioso é que para provar isso, não há nada mais óbvio que o o exemplo do ano de 1204, quando os cristãos invadiram Constantinopla e saquearam a cidade matando seus irmãos. Em cima disso o autor começava um debate polêmico: é o homem um ser racional ou emocional? Tudo baseado no argumento da frase aspeada.

Assassinato é irracional? O próprio google dá como resultado da busca por 'irracional' os números. Já o assassinato me parece algo muito mais lógico que qualquer emoção. Quem mata, sabe que aquilo que mata é um obstáculo a sua própria felicidade que pode ser removido caso morto. Então qual é a irracionalidade do assassinato?

Ele pode ser moralmente questionável e legalmente 'feio, feio, feio', mas irracional é a última coisa que ele é. Há nele uma lógica muito mais óbvia que em muitos outros lugares. Por exemplo, se o Ministério do Meio Ambiente tivesse uma lógica simples dessas, provavelmente seria mais fácil resolver o problema da Amazônia. "Quem derrubar árvore, morre!". Simples, efetivo e bastante retrógrado. Uma volta bastante funcional ao estado de natureza que colocaria todos os serralheiros nos eixos.

Mas, ok, apesar de desejar imensamente a morte de mais da metade das pessoas do mundo (a maior parte ou feia ou burra), penso que iria ficar meio fedido se elas realmente morressem. Deixo que a seleção natural dê conta do meu desejo e que elas simplesmente não existam num futuro brevíssimo.

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