sexta-feira, 25 de julho de 2008

Cidades Invisíveis

Geralmente socialistas escrevem bem. Isso é uma compensação pelo fato de serem socialistas. Encontrar um socialista sendo traduzido por Diogo Mainardi parecia ser realmente um achado. 'Ia' porque acabou se provando ao contrário. Não sei se falha de tradução ou do próprio autor, mas Cidades Invisíveis de Ítalo Calvino parece sempre deixar uma palavra de fora. A cada frase eu tinha a sensação e as vezes chegava a ver o que faltava, mas, com o meu mau hábito de leituras estrangeiras, seguia a leitura sem me importar.

O livro fantasia uma conversa entre Kublai Khan e Marco Polo. No entanto aqui falamos de um Khan velho gay inseguro e de Polo filósofo de mãos peludas nas costas do Khan (yeah, bem Rodrigo Santoro em 300). O livro apresenta 55 cidades com nomes de mulher que são usadas como desculpa para filosofar sobre língua, comércio, destino, religião, Estado, memória e blá blá blá. Além disso há uns poucos diálogos entre capítulos com os dois únicos personagens. Ambos falam (ou se comunicam mentalmente ou por gestos [sério!]) exatamente da mesma forma porque são apenas um pretexto do autor para falar de várias cidades poeticamente. Fazer poesia em prosa não é legal e tenho dito.

Enfim, cansativo, repetitivo e excessivamente simbólico. Nem queria ter falado nele, mas agora já é tarde.

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