segunda-feira, 15 de setembro de 2008

The Catcher in the Rye

Holden Caulfield é o adolescente que fomos (e que alguns nunca deixam de ser). Por algum tempo somos rebeldes e não nos encaixamos no "sistema" chamado vida. É quando andar sentado numa escada rolante é um protesto contra tudo e todos (não importando o quanto ficamos com a bunda suja no processo). Apesar de todos os protestos ridículos e da falta de um bom motivo, as vezes sentimos que essa é uma fase perdida de nossas vidas. E se alguém disser que todos aqueles problemas existenciais e piegas que enfrentamos são reais e que são um assunto para se levar com seriedade, pois se não forem superados podem fazer de você um, hã, desajustado? Eu diria que já vi isso em Malhação, mas JD Salinger me parece muito melhor nisso (até porque Malhação fala apenas de jovens adultos imbecis que tomam suco para curtir melhor a night com a galiera).

De agora em diante eu fico muito tentado a sugerir esse, esse e esse vídeos para se ter uma idéia de tudo que se fala por lá. Alguém distraído e insensível pode passar pelo livro inteiro pensando em Holden como um fresco problemático que odeia o mundo inteiro porque todos vivem numa falsidade descarada e que, muito provavelmente, ele (Holden) apenas gostaria de viver nessa falsidade sem se sentir mal. Esse insensível seria chamado de phony pelo Holden. E seria merecido. Após acompanhar Holden por meio livro simplesmente tentando ser ouvido por alguém e falhando, só alguém insensível e phony conseguiria achá-lo mais um drama estilo Malhação. Ele fica deprimido exatamente como qualquer ser humano ficaria. Até aquele gordo de cueca jogando World of Warcraft às três da manhã do sábado ficaria triste nessa situação.

O curioso é que, apesar do papel que tem, não é exatamente a tristeza quem leva o Holden a ter sua pequena aventura de 48 horas mais ou menos. É a esperança de que mesmo no fundo do poço ainda há uma saída que guia Holden. Por muito tempo, ele crê que a saída seja a fuga, o isolamente e até a morte algumas vezes (oh yeah, mesmo assim não perdôo os emos). Ficamos fascinados por isso.

Não pelas saídas ruins, claro. Mas sim porque Holden Caulfield é muito real. Isso me levava a vez por outra pensar em The Truman Show. A sensação de que estamos vendo uma história real se passando com alguém real e que não queremos influenciar só para ver o que o cara lá faz para continuar sua história é constante aqui. Pelo menos a vida do Holden não era uma grande farsa como a de Truman (e é aqui que as semelhanças findam). Principalmente porque é ele é o narrador da própria história. Isso é um dos tchans da história. O que levou aquele cara tão real que estava tão mal a falar sua própria história de forma tão longa e detalhada, principalmente, quando notamos que ele passa o livro inteiro sem conseguir se fazer ouvir por alguém?

Fico tentado em me responder e estragar uma leitura de alguém, mas lembro que o universo inteiro já leu esse livro e sou eu que estou atrasado aqui. Enrolei demais para lê-lo e me arrependo de ter feito isso. Um livro ótimo para saber se você tem, se já teve ou se ainda vai ter um coração algum dia. O meu está aqui com o Holden e com todas as pessoas que gosto.

Nenhum comentário: