Estamos numa nova era. A tecnologia invade o nosso dia-a-dia e faz Jornada nas Estrelas parecer um brega setentão (blábláblá...). É até estranho pensar que isso acontece no Brasil; afinal aqui temos uma cultura forte e cultura impede qualquer avanço tecnológico (em minha terra, a cultura impede qualquer tipo de avanço. Até o mental). Sempre imaginei o Brasil como uma imensa ilha quente, sem fronteiras, cheio de mulatas seminuas que sambam enquantos os muleque jogam uma pelada. Não precisaremos de inovações melhores que uma caixa de fósforo, radinho de pilha ou freezer (a cerva PRECISA ser gelada, disso não se abre mão).
Aliás, a tecnologia tem uns aspectos curiosos em minha terra. Penso que nunca vamos ser evoluídos porque as pessoas simplesmente preferem continuar vivendo de forma ruim. Sim, opção própria. "A tradição nos trouxe até aqui" me parece uma outra forma de dizer "o que não mata engorda". Se algo é tecnológico, então deve ter uma bruxinha do capitalismo fazendo feitiçaria dentro daquele celular. Ou, por algum motivo aleatório, o toque polifônico destrói a alma do frevo (que cresce assustadoramente lançando zero músicas novas por ano. [Aliás, é muito curiosa a tradição que vive de subsídio, mas como Mestre Salu bateu as botas esta semana então deixa quieto]).
Indo direto ao ponto: o pernambucano tem um severo problema em lidar com coisas novas. A situação onde melhor vejo aplicada essa máxima é quando acontece o dilema do ar condicionado coletivo.
Supondo que estejamos numa sala que fica numa terra onde a temperatura mínima durante a noite do inverno à sombra da lua chega aos 24º. A sala está cheia de gente. Não é preciso pensar duas vezes para deduzir que ela esteja quente. Mas a ciência moderna inventou algo para esses casos. Uma maravilha chamada Ar Condicionado que é capaz de aliviar um calor, chamado neste exemplo de infernal. Infelizmente essa não é uma sala com pessoas quaisquer. São pernambucanos. Bastará que a temperatura chegue aos 29º para que alguém comece a pensar no frio. 28º já vira região sul. 27º Buenos Aires. 26º Europa. 25º Era glacial. E vale ressaltar que essas temperaturas são as indicadas pelo aparelho, afinal somos incapazes de dizer a temperatura sentindo o ambiente e muito menos definir frio ou quente.
Temos um sangue quente e revolucionário, não é a toa que somos o Leão do Norte. Fatalmente, alguém vai reclamar. E pior, como temos o hábito de perder revoluções, simpatizamos com qualquer tipo de reclamação. Com uma turva sensação térmica e o apoio das massas, o ar condicionado sempre sai de vilão. E para que dialogar sobre a questão? Oh yeah, muito sangue será derramado por causa dessa inovação segregadora.
Se o pernambucano quiser algum dia poder dizer que finalmente evoluiu em algo, poderia começar percebendo para que serve um ar condicionado.
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