quarta-feira, 22 de setembro de 2010

The Graveyard Book

Por muito tempo simplesmente esqueci que tinha esse livro. Acho que foi para não lembrar que tive dois livros de Neil Gaiman subtraídos no final de um relacionamento. Provavelmente vou ficar com algum trauma de emprestar livros, que seria até tranqüilizado se eu suspeitasse que o livro fosse ser lido. Acho que nem isso foi. Voltando, já havia visto um pedaço desse livro em M is for Magic, então já possuía alguma noção do que ia encontrar.

Ele conta a história de Nobody Owens, um jovem que teve seus pais assassinados ainda quase um bebê, mas escapou por força do destino e terminou num cemitério sendo criado por fantasmas. No cemitério, alguns tutores fantasmas o ensinam várias habilidades usadas, em geral, apenas por fantasmas.

Bod, como é carinhosamente chamado, é realmente um herói infantil daqueles que despertam nosso interesse. Ele é inteligente, curioso e corajoso. Se mete em bastante confusão por causa disso, mas tem um sorte dos infernos e consegue escapar de grandes enrascadas. Com a idade, Bod começa a se interessar no destino de seus pais e mal sabe ele como isso vai afetar toda sua vida.

The Graveyard Book é mais um belo livro de Neil Gaiman onde a magia, seja ela boa ou assustadora, parece ser algo belo e presente em todas as coisas. Não há nada de profundo ou grandes lições de vida. É apenas um bom livro e divertido.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A Menina que Roubava Livros

Qualquer livro que passe muito tempo na lista dos mais vendidos sempre me deixa muito desconfiado. Não costumo apoiar os Best-Sellers porque geralmente há muita coisa ruim entre eles. Eles seguem uma espécie de fórmula simples para vender muito e que de algum modo realmente funciona. Paulo Coelho e Dan Brown são apenas alguns exemplos de como fazer algo raso parecer profundo deixa muita gente se sentindo bem e com vontade de ler. Achei que era a mesma coisa com Markus Zusak.

Peguei o livro na obrigação de ler um presente e até fiz chacota quando vi a Morte apresentando a história. Pensei que a morte de Saramago era muito superior a esta Morte (e não me engano, pois é mesmo). Esta Morte é apenas uma narradora que se mete com comentários, pensamentos, opiniões e as vezes até spoileando a própria história. Mas podemos dizer que a Morte de Zusak é apenas uma péssima storyteller.

A Morte conta a história de Liesel Meminger, uma pequena órfã do regime nazista. Ela parece ser destinada a sofrer e esta parece ser mais uma história de lágrimas em meio ao regime hitlerista. Há sofrimento e lágrimas, mas eles são apenas coadjuvantes de uma pequena menina que roubava livros. Vamos e convenhamos, livros não costumam ser objeto de roubos (a não ser em universidades; é incrível a quantidade e a variedade de livros roubados, geralmente sempre pegam algo que você precisa). Esta é a estratégia utilizada pelo autor para atrair a atenção tanto dos possíveis leitores diante da capa, quanto da própria Morte. Afinal, ela poderia estar contando qualquer história, por que estaria focada na pequena Liesel?

Ao decorrer do livro a pergunta muda e passa a ser: ora, como não contar a história de Liesel? A guerra e Hitler podem ser panos de fundo e até mesmo a razão de muitas coisas, mas ela é apenas uma criança. Sua vida e suas vontades estão alheios ao Füher, assim como suas alegrias e frustrações. Liesel é uma menina alemã completamente normal que como tantos outros viveram sob o regime nazista. E é justamente a trivialidade que torna sua história bonita e também trágica. Como a própria Morte sugere: eles não mereceram o fim que tiveram. But no more spoilers for now.

A Menina que Roubava Livros é um livro singelo e muito bonitinho. Fiquei surpreso em gostar dele e acho que mesmo com dois anos de atraso é realmente a hora de agradecer pelo presente. Ah, outra coisa positiva é que ele nos dá um pequeno arsenal de xingamentos alemães, não que alemão precise de muito para parecer um xingamento.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Neuromancer

Este é livro quase me fez desistir bem no começo. Confesso que o comecei a ler pelo menos três vezes ano passado e só consegui terminar este ano (o primeiro do ano por sinal). O li mais pela fama de ser o mais reconhecido romance cyberpunk que pela qualidade (na prática nunca vi dizer que o livro era realmente bom, apenas que tinha gerado muitas coisas na ficção científica). Fiz inúmeros trabalhos na faculdade que o citavam e resenhei esse livro algumas vezes antes de lê-lo, então um pouco de vergonha na cara também contribuiu para que eu finalmente o lesse.

Livros de ficção científica não costumam ter muito apelo e sua são muito bons em espantar leitores que não sejam tão dedicados. Você pode ler apenas um e achar que todos os outros foram escritos do mesmo jeito (o que não é muito errado). Gibson parece conhecer essa regra e tentou iniciar o livro como um Best Seller qualquer. Um pouco de mistério, um protagonista durão e algumas frases de efeito. Mas ai a questão da ficção científica retorna. É um mundo futurista que precisa de muito detalhamento. O engraçado é que a salvadora do livro parece ser a breguice dos anos 80. O futuro era noir e esta é uma história de cowboy.

E se observarmos a história dessa forma, ela fica muito mais interessante. É quando saímos daquele universo de descrições especulativas de um futuro que Neuromancer realmente começa. Gibson conta a história de Case e de um pequeno grupo de mercenários que tem uma missão bastante misteriosa pela frente. Como mercenários, eles não são pagos para fazerem perguntas e sim o que lhes é pedido. E aqui um pequeno Spoiler para justificar o misteriosa: o seu “chefe” é uma Inteligência Artificial.

Gibson usa toda a energia brega dos anos 80 para a motivação de seus personagens, mistura com noirs para gerar um cenário e efeitos mais legais e encerra num duelo de cowboys. E aqui há que se deixar os duelistas em segredo para não estragar a surpresa. Ah, sem esquecer que há muito do punk aqui; no lugar de uma blank generation temos um mundo inteiro num mesmo torpor.

Neuromancer foi um livro que me surpreendeu. Esperava bem menos dele e acabei realmente me divertindo bastante. É um livro bobo e jovem, mas não vejo mal nisso desde que seja divertido. Só, por favor, não venham filosofar em cima dele, que ai já é demais.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

M is for Magic

Acho que a essa altura alguém já deve ter notado que sou meio fã de Neil Gaiman. Li muito do que ele já fez por ai e esse não poderia ficar de lado tendo um título tão curioso. Mas fiquei um pouco frustrado logo na apresentação, porque essa idéia do título não é de Gaiman, mas sim um autor que nunca ouvi falar que escreveu os seguintes livros: R is for Rockets e S is for Space. Gaiman, com a permissão do autor, apenas seguiu a idéia.

A introdução também nos diz algo que não é muito agradável de saber antes da leitura, mas que vai explicar todo o livro. É um livro de contos que, segundo Gaiman, foram escritos mais como diversão do que como, hã, trabalho. Mesmo assim alguns de seus contos são muito bons. Ele faz aquela mistura do infantil com horror e fantasia/magia. Em resumo, são contos de fadas para todas as idades. Destaco dos contos Don’t Ask Jack, Troll Bridge, Chivalry e The Price. Particularmente, gostei bastante desses.

Gaiman é também um marketeiro e ele já faz a introdução de seu Graveyard Book aqui em dois ou três contos. E confesso que não fiquei muito atraído. Mas já que já comprei, o jeito é ler algum dias mais para frente. Só espero que essa moda não seja uma constante nas obras dele, ainda quero ler Fragile Things.

Pesando os contos bons e os nem tanto, M is for Magic vale a leitura num final de tarde com uma turbina em cima de você para aliviar o calor maldito deste verão.