segunda-feira, 22 de outubro de 2012

To the Moon

Acho que sempre tive o hábito de me arriscar. Não minha integridade física claro. Não costumo ter medo de narrativas, mesmo quando se apresentam em formas diferentes. Há quem desmereça, mas acho que há muito de narrativa em jogos. Alguns em especial são puras histórias como as de qualquer livro, porém com imagem e som. O lugar da narrativa de jogos talvez esteja entre cinema e quadrinhos devido a uma certa liberdade que o meio proporciona. Como de costume falo muito daquilo que não quero falar sobre.

Acabei de jogar esse inocente jogo. Comprado num pack de jogos dos quais não pude muito bem avaliar o valor. Tinha a noção de que era bom apenas por ouvir dizer pela internet. É muito difícil descrever o quão bom é este jogo. Não pelo jogo em si, nem pelos gráficos, mas pela história que é contada de maneira simplesmente bela. O jogo em si é uma espécie de misto entre RPG e puzzle. Você não interage muito e não parece promover nada do que acontece nesta história.

To the moon é situado em algum momento no futuro, nada muito distante, onde existe uma agência com uma tecnologia capaz de modificar as memórias de pessoas em estado terminal de forma que essas pessoas possam realizar seu último desejo antes de morrer. A máquina é apenas um mero coadjuvante. Somos então apresentados aos seus operadores, os doutores Neil Watts e Eva Rosalene. Eles recebem a missão de realizar o último desejo de um senhor já incapacitado pela doença, John. Seu desejo era ir 'para a lua', mas nem a própria memória do John sabia explicar muito bem o porque. Digo memória porque em momento algum vamos ter contato com John, apenas com suas memórias e o mínimo de interação que elas permitem com os operadores.

A partir daí começa o quebra cabeça dos nossos protagonistas que vão se aprofundando nas memórias do convalescente John em busca da solução. É uma premissa bastante simples. A história é contada ao contrário o que não quer dizer que morra em um lugar comum que facilmente vemos em jogos e filmes. Os dois protagonistas vão navegando pelas memórias através de objetos (mementos) que marcaram de alguma forma a memória de John e tentando interagir e observar o que pode ser mudado para que o desejo de John se realize. O que há na lua que John deseje tanto? Ou será que há algo além dela? A partir daí fica muito difícil de falar desta história sem spoilers.

Mas é fácil dizer que é uma narrativa fantástica e comovente que fala de amor, morte, sonhos e vida. Mexe também com nossas memórias através de diversas referências a coisas comuns da cultura moderna. Vi várias coisas lá que fizeram parte de minha infância e adolescência e gostei de como são tratadas. Neil e Eva também são ótimos como personagens e não desaparecem como espectadores em meio ao foco da história, que seriam as memórias de John.

Como jogo em si, pode-se dizer que é fraco e muita gente que goste de tiros, mortes e ação certamente vai odiar. Não há explosões nem nada demais. Acho que até prefiro chamar esse jogo de uma graphic novel com sons e movimentos. Ah, e claro, uma belíssima trilha sonora. Toma pouco mais de 4 horas de sua vida e proporciona uma experiência talvez única em narrativas de jogos.

Um comentário:

Unknown disse...

Tenho que dar uma chance