sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Casa das Belas Adormecidas

Até que ponto vai a solidão de um homem e as estranhezas dos japoneses? Este é um livro que tenta se aventurar por essas águas. O protagonista, o velho Eguchi, do alto de seus 67 anos, é convidado por um amigo a passar uma noite numa casa onde poderia se deitar com uma jovem adormecida de forma artificial. Inicialmente, pensei que a ideia era em torno do debate do estupro, mas não era bem o caso. Era uma casa para velhos afinal, muitos dos quais não possuíam mais essa vontade ou capacidade para tanto.

O que os levava até aquele lugar? O nosso protagonista fica se perguntando várias vezes sobre isso. Apenas com suas visitas consegue entender melhor aquele universo ao qual estava sendo apresentado. Naquelas mulheres adormecidas, Eguchi encontra seu passado e todas as mulheres que fez chorar. Talvez assombrado pelas lembranças dessas mulheres Eguchi se sente compelido a tentar manchar aquelas lembranças e destruí-las por meio da rebeldia contra as diversas regras do lugar. Naquela casa e naquelas mulheres ele encontra aparentemente todas as mulheres de sua vida.

Esta obra de Yasunari Kawabata é uma viagem por vezes sensual e por vezes fria à memória sentimental de um homem que conhece a proximidade de seu fim. De leitura rápida e sem muitas surpresas, somos levados a um certo asco contra Eguchi, mas talvez exista alguma surpresa cruel nesse asco. Será que todo homem pode chegar a ser como os clientes daquela casa? Suas tentações são cruéis, mas sua resistência também é ausente de qualquer glória. Por fim, é um bom livro apesar de mexer um pouco com nosso moralismo pessoal.

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