quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dom Quixote - parte 2

Curioso o tempo que levei para ler esse livro. Já havia lido a primeira parte algumas vezes, mas por algum motivo sempre parava ali. Agora só o que penso é: Por que perdi todo esse tempo? Me arrependo, mas finalmente soube o que há por trás da segunda parte. O que encontrei foi um livro simplesmente fabuloso e estranhamente moderno. Tão moderno que faz parecer que o começo do século XVII é agora e que não mudamos nada. 

Nesta parte, de certa forma melhor do que no primeira parte, podemos trazer um pouco mais o Quixote para nossos tempos. Antes ele era um louco curioso buscando aventuras em qualquer lugar mesmo quando não houvesse alguma. Agora ele é apenas um homem velho que deseja viver o seu sonho da melhor forma possível. Muitos debocham e lhe pregam peças, mas dentro da visão dele, tudo faz parte de sua narrativa pessoal. Sua aventura segue intocada e dessa vez menos imaginativa devido as burlas que sofreu de quem sabia a sua fama de louco. Acho que talvez ai esteja o que mais me encantou nesta obra. Uma receita tão simples, mas apresentada de um modo tão perfeito por Cervantes que não há como não gostar dela.

Gosto bastante também de quando se fala de temas como liberdade, governo e sonhos. Não de um modo que nos retrata um outro período, mas sim de um modo que nos faz perceber que certas coisas fazem parte do ser humano e independente de épocas, sempre estarão presentes de uma forma ou de outra. Mesmo desejos populares ainda são semelhantes aos dias atuais. Penso que só no final me senti jogado de volta no tempo, pelo menos não de forma frustante.

Dentro dos livros de cavalaria este é talvez o mais humano de todos, ainda que possa ser considerado uma sátira e não propriamente um livro de cavalaria. Essa provavelmente foi a intenção de Cervantes. Criar um personagem ao mesmo tempo louco e discreto, que intrigasse a quem não o conhecesse e divertisse os demais. E claro que esse personagem não está só. Há quem o acompanhe e também nos ofereça momentos igualmente interessantes e divertidos: o escudeiro Sancho Pança. Enfim, é um livro que qualquer pessoa deveria ler em algum momento da vida, talvez até mais de uma vez. Há um universo de coisas nas duas partes do livro e as diversas impressões que pode nos passar o torna ainda mais atrativo. 

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