Um livro épico quando se trata do quanto a sociedade pode ser odiosa com um 'homem de bem'. Não um daqueles homens de bem que podem ir em shoppings enquanto rolezeiros ficam em casa. Mas um homem que não consegue enxergar o mal nas pessoas e sempre vê o lado positivo de tudo, que se deixa enganar por acreditar que quem engana alguém precisa disso para sobreviver. Em outras palavras: um idiota.
No livro acompanhamos 6 meses do príncipe Muishkin (que na wikipedia por algum motivo está como Myshkin) e vemos toda sua inocência e caráter serem abusados e corrompidos até um final trágico. Pode passar a impressão que o comentário foi um spoiler, mas é bem claro que o conhecimento de mundo quase nulo do príncipe e sua crença quase infantil na bondade das pessoas não poderia levá-lo a um lugar muito bom.
Além disso, o príncipe não é muito bom em fazer escolhas. Assim pensa que pode corrigir quaisquer decisões que tome abrindo seu coração inocente para as pessoas. Infelizmente a realidade o maltrata. Ficamos esperando um momento onde ele poderia finalmente tomar jeito e se redimir. Algumas horas até sentimos que esse momento está vindo, mas no fim terminamos com uma grande tragédia, coisa que esperamos desde que entendemos a natureza do real problema do príncipe.
O livro nos traz também diversas pequenas discussões e opiniões da Rússia de Dostoyevsky. São opiniões que traçam uma realidade estranhamente moderna em alguns aspectos. Porém em alguns momentos essas discussões parecem saídas pela tangente de trivialidades intermináveis e terminam demasiadamente enfadonhas. Ainda assim, este livro é um bom livro e vale a pena ser lido se houver muito tempo sobrando e alguma paciência para tragédias.
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