sexta-feira, 27 de abril de 2007

O Livro das Fábulas


Bem, dessa vez vou começar pela imagem e pelas descobertas que ela me trouxe. Desde que recebi algumas visitas atrás de capas de Saramago, ando colocando as capas de livros que ando lendo. É até bom para ver a colocação do livro no mercado e algumas considerações sobre eles. Ou então só para descobrir o quão desconhecido é o livro, como aconteceu no caso do livro de um carinha lá da federal. Ele praticamente não existia na rede. Mas isso já era esperado.

No entanto não esperava que essa capa ai do lado fosse trazer o mesmo problema. Afinal, tratava-se de Hermann Hesse, o grande autor de Sidarta, O Lobo da Estepe, Demian e mais outros merecedores de top ten (minto, top five) para qualquer um. É claro que qualquer livro desse cara tem que ser famoso.

Mas não. Estava errado. Quando achei esse livro sujo e empoeirado numa estante cheia de livros sujos e empoeirados na casa de minha avó, fiquei eufórico. "Nossa! Um Hesse! É meu!". E levei esse mais outros livros que ainda vão aparecer por aqui vindos daquela estante cheia de livros sujos e empoeirados. Mas vou fazer o possível para eles aparecem mais limpos, ou ao menos menos sujos.

Mas voltando: estava errado. Fui nas grandes livrarias e não achei nem o verbete desse livro. A busca "Hesse+Fábulas" trouxe-me tudo menos ele. Até que arrisquei-me em outras línguas. A primeira em que achei algo próximo foi a dos nossos irmãos que diferem de nós apenas nos actos (ou seria nos factos?). Em uma editora portuguesa existia três livros de contos, inclusive contos que Hesse escreveu com 10 anos de idade. Link pra quem quiser gastar. Mas nada desse livro ai de cima.

Então desisti de tudo e fui no google procurando agora na língua da amazon "hesse+fables". Finalmente a amazon surge com a capa e o livro por uns 10 doláres. Não sei nem se eles sabem que livro é ou se existe lá apenas a foto. Mas que era Fairy Tales, era. E a Capa também não mente. Ela representa a história de "O Anão", a melhor na minha opinião.

O livro é a reunião de vários contos e quase nenhuma fábula. Muitas tratando do tema religioso e de uma moral quase sempre inevitável (tudo bem, são fábulas...). Mas ficar lendo a história de santos que quase se perdem por causa de pãezinhos com gosto de surpresa, não é lá muito minha praia. Aliás nem gosto de praia.

Mas o livro é muito bonitinho e encantador. Mesmo os santos, os históricos e os inventados, são personagens interessantes que nos fazem torcer a seu favor. O único personagem que reamente achei odioso, foi a esposa de um fazendeiro que o seqüestrou e o mandou para índias orientais como marinheiro semi-escravo, só porque ela o achava gordo. Ela merece raios na cabeça.

Uma coisa legal é que Hesse em pelo menos três momentos faz contos sobre o fazer dos contos. Dá margem até a algumas idéias de como ele fez esse livro e de como ele não poderia ficar de outra forma. É a obra de um mestre. Está no meu top five, ganhando posições a cada livro que leio.

Além disso, este livro realmente merece a leitura (se você conseguir encontrá-lo em uma estante sujo e empoeirada na casa de sua avó).

Ai vai uma pitada:

"- Vossa senhoria deve ter um pouco mais de paciência. Uma boa história é como uma boa montaria. A caça brava vive escondida e é preciso armar emboscadas e ficar de tocaia horas e horas a fio, na boca dos precipícios e florestas. Os caçadores mais apressados e impetuosos afugentam a caça e nunca obtêm os melhores exemplares. Deixai-me pensar..."

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