segunda-feira, 30 de abril de 2007

Esse é ruim mesmo, mas nem me importo


Chove lá fora. Ainda bem. Carro fechado. Desembaçador ligado. Um abafado infernal. Tão abafado e tão infernal quanto as buzinas lá fora. Por que todos eles se incomodam tanto comigo? Só vou roubar-lhes um minuto de suas vidas no máximo. E nesse mesmo máximo, posso estar salvando a vida de alguns e matando outros. Tudo é um monte de possibilidades mesmo.
Por exemplo: qual era a minha chance de passar no semáforo amarelo? Zero. Mesmo assim passei porque não dava para parar. O que é uma mentira, pois dava, minha pressa me levou a me arriscar. Agora me arrisco a sofrer uma multa e a sujar o nome de meus ancestrais. "Mamãe vai bem?". "Vovozinha criou, né?", devem estar gritando lá fora. Já conheço os xingamentos. São normalmente os que faço quando estou do outro lado.Por que estava com pressa mesmo?h sim. Pegar os meninos na escolar e levar para o médico. Eu deveria ter pensado num motivo mais nobre para sofrer uma multa. Tipo, salvar o mundo ou simplesmente minha avó com parada cardíaca. Correr da polícia era uma boa também, apesar de não ser nobre.Nobreza é uma coisa que está em falta no trânsito. Tenho certeza que se estivesse numa Inglaterra, o máximo que me aconteceria seria a aproximação de um senhor de postura perfeita, numa farda azul quase negro e bigodes volumosos dizendo: "O senhor está cometendo uma infração e atrapalhando a vida dos outros usuários do trânsito. Por favor, seja um gentleman e não repita mais esse ato terrível. Aqui está a sua multa, obrigado".Mas não. Estou no Brasil. Já vejo uma figura com bucho de chopp, farda cor de barro seco e bigode ralo e desigual. Já vou deixando a carteira no banco do passageiro. Logo terei que consultá-la mesmo. É tudo questão de costumes e práticas. Mas que diabos?! Essas paradas forçadas levam a gente a pensar em cada besteira!E o pior é que ainda vou me atrasar.ps: outro teste do Office.

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