terça-feira, 25 de março de 2008

Li um russo

Pela primeira vez li Tolstoy. Mas não foi nenhum daqueles livros imensos dele. Fui mais tímido e peguei um que tinha apenas três contos (um dos quais ainda não li por preguiça, por sinal). Mas o que mais me chamou atenção nele foi a capacidade de fazer bons contos (com moral bonitinha, mas finais trágicos, mas que fazem o leitor, hã, pensar) e estendê-los além do necessário.

'How much land does a man need?' conta a história de um lavrador que ao ouvir sua mulher e sua cunhada discutirem sobre os benefícios e os problemas do campo e da cidade acaba, sem meias palavras, dizendo merda: "se eu tivesse terras em excesso, não temeria ao próprio diabão em pessoa". O diabo, que sempre ouve essas coisas (e também a Voz do Brasil), põe em ação um plano que leva este homem até os confins da Rússia. Lá, por ambição do próprio agricultor, ele encontra seu fim (yeah, contei o final imprevisível dessa história). É simples, é direta, é linear e bem escrita. Mas precisava de umas 16 páginas pra contar isso? Tenho a impressão de que essa é uma daquelas histórias que nos passam em correntes de e-mails e pode ser adaptada em uma apresentação de slides tocando alguma música do Zé Ramalho.

O segundo conto é 'A Morte de Ivan Ilych'. Ele narra a vida de Ivan Ilych e de como ele 'passou pela vida e não viveu'. Nos dá valorosas lições de não escolher a esposa errada (sugerindo um antes só do que mal acompanhado) e de como nossas filhas serão clones de nossas esposas. Eu faria os mesmos elogios e ressalvas do texto anterior, mas colocaria uma outra música na apresentação, um blues depressivo qualquer ai.

Mas, ok... Para quem escreveu livretos como Guerra e Paz e Anna Karenina, esses contos são minúsculos e nem podemos reclamar de que são ruins e tal. São 'ok' apenas. Algo para uma tarde de segunda-feira chuvosa quando só houver os Trapalhões e Paulo Coelho no cinema.

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