sexta-feira, 4 de abril de 2008

Rebels on the Air

Qualquer livro técnico, ou que trate de algo mais ou menos acadêmico, ou que simplesmente trate da história de alguma coisa, é chato, certo? Sim. Mas temos que observar qual história seria essa primeiro (óbvio). E se o livro tiver capa vermelha, estrelas e um nome de música punk ou metal melódico então há que se ter algum receio.

Por sorte, Rebels on the Air só me parece nome de banda punk ou música de metal. De resto, Jesse Walker apenas se propõe a conta a 'história alternativa do rádio na América [do Norte]'. É o tipo de coisa que um aluno barbudo de comunicação usando roupas velhas faria. Mesmo assim é surpreendentemente muito bom (apesar disso ainda acho que ele deve ser um coroa, barbudo, de camisa de banda preta do Scorpions ou do Iron Maiden).

Ele narra o surgimento da rádio nos EUA e como os amadores foram os pioneiros do espectro. Esses amadores eram verdadeiros 'exploradores do éter'. E ao final da Grande Guerra conseguiram dobrar a marinha (que aspirava pelo monopólio do espectro nacional) ao mostrar que eles eram muito mais capazes que os técnicos treinados pelo exército. Eram tão mais capazes que até aprenderam a explorar comercialmente aquele novo espaço real.

O autor também fala das evoluções técnicas do rádio e de como o FM foi descoberto por acidente por meio do popular 'atirar no que viu e acertar o que não viu'. E também de todas as brigas que a FCC gerou com o sistema de concessão tão bizarro quanto o brasileiro.

Mas a real defesa que Walker faz do rádio é a criatividade. Ele constata que a liberdade e a criatividade são coisas juntas e por as rádios alternativas e piratas conseguiram ir da genialidade a podridão. E esse tipo de coisa só aparece quando a liberdade é total. O curioso é que assim ele acaba defendendo todo tipo de rádio: hippies, yuppies, niggers, revolucionários, latinos, judeus ortodoxos, todos deveriam ter a sua parte no espectro dar asas a suas imaginações por mais bizonhas que elas venham a ser (os exemplos provam que isso pode ser realmente bizonho).

Depois ele entra numa parte desnecessária e desatualizada. Fala de liberdade de um lado mais político. Ataca o então senador McCain que estaria sendo um grande problema para as pequenas rádios. E fala de podcasts, rádios digitais e a internet como um novo retorno ao tempo dos amadores.

Eu não queria dizer isso, mas o livro é de fato um relato apaixonado sobre o rádio e é bom de ler até para quem não gosta de rádio (como eu, por exemplo).

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