segunda-feira, 14 de abril de 2008

Peter Pan

Esta obra de J. M. Barrie é um belíssimo conto de fadas... Eu deveria parar por aqui, mas ia ficar com a sensação de post desperdiçado. O que me faz sentir que não precisaria dizer mais é o fato deste livro ter uma interpretação muito pessoal. Isso é completamente óbvio, mas é que ele acaba fazendo a gente refletir sobre diversos temas não relacionados diretamente com o livro. É o popular abaixar o livro e olhar perdido para cima em algum outro pensamento completamente aleatório.

Nisso ele me lembra O Pequeno Príncipe. Não por causa de todo aquele lero-lero emocional e bonitinho, mas pela capacidade de propor ou tecer reflexões de acordo com nossa vivência. Quem o ler com 15 anos, vai ter uma interpretação diferente de quem o lê com 20 e assim por diante. Creio que só lá para os 40 ou 50 é que se pode ter uma interpretação plena da obra (mas se você interpretou e deduziu tudo que está lá escondido antes, então você é uma pessoa velha e convencida).

Peter Pan é um conto de fadas por natureza (dã). Mas basicamente ele narra as aventuras de Wendy e seus irmãos em Neverland (Terra do Nunca, todo mundo com mais de 18 anos lembra). Neverland é uma terra real apenas para seus habitantes, mas recebe sempre a visita imaginária de todas as crianças que sonham. Não é preciso dizer que lá há um espaço para todo tipo de magia.

Peter Pan é alma de Neverland. Ele é a personificação de todas as crianças. De todas as suas aventuras, coragem, dúvidas, medos, criatividade e por ai vai. Mas a principal qualidade de Peter (além de não envelhecer e de voar) é a sua arrogância. É nela que está toda sua força e é por ela que todos são atraídos. E não como dizer que arrogância é uma parte fundamental da infância? a diferença é que Peter era arrogante porque ele tem plena confiança em tudo que faz e realmente consegue fazê-lo. E lá temos a criança perfeita.

Mas o que me surpreendeu não foi nenhuma das crianças, mas sim o Capitão James Hook (Gancho, dã). Amargurado, medroso e vingativo. O cruel pirata que no fundo só parecia querer ser criança. Ele tenta conversar algumas vezes com seus homens, mas estes parecem burros demais para entendê-lo. Tadinho dele. Deu até vontade de assistir Hook de novo e desta vez torcer pelo capitão.

Há algo que não pode deixar de ser dito. Apesar de ser um livro fabuloso, esta é uma fábula para garotas. Mas isto não é exclusivo. Essa orientação vem da narradora Wendy que consegue ser com Peter irmã, amiga, namorada, esposa e mãe. Mas Peter só admite crianças como mães. Assim que sua atual mãe cresce, ele logo a esquece e procura outra. E é assim que no final Peter vira a própria infância. O que me leva a pensar em assistir Hook novamente: 'e se Peter Pan crescesse?'.

Enfim, admito que o livro ainda me faz pensar num monte de besteiras aleatórias. Mas é um livro realmente belo e empolgante. Uma leitura para uma vida inteira.

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