Passei alguns dias pensando em alguma forma emotiva para dizer que não mais estagio num ambiente público (burocrático/democrático), mas acho que a única sensação que me restou foi a vontade de me superar por lá. Penso que só volto lá como deputado, mas é claro que isso é um exagero (afinal se no Brasil temos que sonhar com um emprego numa empresa, que seja o melhor deles. É melhor deixar as pequenas coisas para a realidade).
Outro ponto que me faz não querer atender esse desejo é que, ao acompanhar de perto os políticos de todas as situações, acabei ficando com pena deles. Deputado sofre muito. Parece brincadeira, mas é bem verdade isso. É fácil esquecer que eles são seres humanos e que não dá para classificá-los em largos grupos com bandeiras de partidos no lugar de faces.
(Claro que também preciso assumir que vi de tudo lá. Dos tipos mais inocentes aos mais nefastos de corrupção e abuso de poder/autoridade/voz/gordura/paciência/etc. Boa parte não é tão grosseiramente culpada, mas a inocência ainda persiste em um ou outro. Por incrível que pareça, de fato, existe deputado honesto).
Servidores públicos são quase iguais. Com a diferença de não serem votados. Se bem que na casa legislativa há uma diferença entre eles. São três tipos de servidores basicamente: os contratados (com direito a permanecerem calados e enfiarem o rabo entre as pernas; são a base da pirâmide), os comissionados (com direito a voz depois de declarado enfio de rabo entre as pernas; maior segurança, mas direito algum) e, por fim, os concursados (com direito a falar sem enfiar nada em lugar nenhum e com o direito a trabalhar como quiserem; sim, aqueles que envelhecem, fazem piadas e palavras-cruzadas enquanto procuram aquela ficha que você espera por 3 horas). O legal de minha generalização é que nem é tão assim que ela se apresenta na realidade.
Também há outra esfera de poder: os sem poderes. Se pensou em serventes e vendedores de sala-em-sala, você se engana. Quem não tem nada mesmo é estagiário (apesar de que lá há relatos de estagiários com Mercedes e BMWs). Estudante ganha menos que o servente de lá.
Enfim volto ao status de quem não tem nada para fazer. Vou poder continuar as leituras atrasadas e curtir minhas primeiras férias em quase 2 anos. De quebra ainda arranjei um pc novo com o qual me ocupa em ocupar os 250 GBs de HD que ele tem.
Agora chega de diarinho. Sempre achei relatórios de estágio coisas inúteis. São como uma redação de "minhas férias" (ou de "como fiz para me manter ocupado durante o recesso" no caso instituições federais grevistas). A diferença é que esses ninguém lê mesmo e só resta a leve impressão de que já vamos tarde.
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