segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Under the dome

Sempre ouvi dizer que Stephen King era o rei do terror moderno. Claro que boa parte dessa fama vem dos filmes B que fizeram de várias de suas obras. E como ele tem obras! Parece que não descansa a mão nunca. Under the dome é uma de suas obras que, de acordo com o posfácio, foi iniciada ainda na década de 70. Mas ele não gostou do resultado e inclusive jogou fora os primeiros manuscritos.

Em 2009, King volta com a ideia num mundo mais moderno. Fico tentando imaginar como teria sido essa obra em 79. Dificilmente teria a mesma pegada nos dias de hoje. No entanto, algumas coisas do original provavelmente foram mantidas. Os vilões provavelmente são os mesmos e são tão atuais quanto eram na década de 70. Políticos corruptos, policiais opressivos e a própria crueldade humana são algumas das coisas que abusam os mocinhos dessa história. Mas onde estava todo aquele terror que sempre ouvi falar em obras de King?

Só o encontrei perto do final. Quando finalmente um dos personagens realiza a real situação onde eles estão metidos e elabora uma metáfora disso. O terror que ele sente ao perceber o que estava acontecendo é contagiante. O terror não vêm do perigo de serem capturados pelo político com aspirações a ditador (que parecia ter esperado uma situação como o domo por toda a sua vida e fez questão de aproveitá-la ao máximo). O terror vem com a realização de que não há como evitar o domo. Com toda a esperança perdida, só resta aos mocinhos esperar pelo melhor.

Under the dome é uma sobre a transformação das pessoas em situação de stress e medo constante do desconhecido. E apesar de um pouco longo, como quase qualquer livro de King, é uma excelente leitura. Há uma série sobre o livro, mas ela se arrasta demais e não consegue capturar a essência do terror da obra justamente por isso, além de deixarem algumas situações mais leves por causa do fator TV.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

1Q84

O que você faria se se encontrasse num mundo diferente do seu próprio? Muitas obras trabalham com essa hipótese, algumas de forma fantástica e outras de forma realista. A obra de Haruki Murakami tenta ficar entre os dois. O mundo não é muito diferente do normal, mas coisas estranhas acontecem nele. A lógica do mundo é diferente. E nesse mundo louco, Tengo e Aomame vão começar cada um a sua jornada.

1Q84 é um livro muito longo para as jornadas que descreve. Repleto de situações insólitas, mas que parecem se encaixar bem dentro deste mundo. Além disso, o autor parece não estar preocupado em explicar muita coisa. Ele parece querer deixar tudo por indução. Podemos achar que estamos entendendo tudo ali, mas só porque preferimos acreditar assim. 

Talvez a frase que melhor explique o livro seja uma que aparece no final do segundo livro: "If you can't understand it without an explanation, you can't understand it with an explanation". Todo terceiro livro está pautado dentro dessa lógica. Os próprios personagens desistem de entender muitas coisas e começam a simplesmente aceitá-las.

Ainda assim, 1Q84 consegue de alguma forma nos prender. É um bom livro. Milhões de pessoas não podem estar erradas ao lê-lo, mas com certeza elas sobrestimam este livro. É realmente um bom livro, mas cansativo e repetitivo em muitos momentos e o final... Bem, vale a pena ler para quem está disposto a atravessar 1200+ páginas para não encontrar algo sublime e explicativo, mas que não chega a ser frustrante.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

The Executioness

Uma mulher de família miserável. Um mundo que sofre os efeitos colaterais do uso indiscriminado de magia. A perda do seu bem mais valioso: os filhos. Esses três motes compõe a história desse livro curtinho, simples e um tanto divertido. Quase uma sessão da tarde literária.

A personagem principal do livro sai em busca de bárbaros assassinos que combatem a magia do mundo para tentar reavê-los. Sua busca a faz viajar por meio mundo em busca de vingança e dos filhos. E como é de costume, a viagem a faz mudar. A única coisa que restará de sua antiga vida é o machado de seu pai e a vontade de rever os filhos.

Uma leitura tranquila e sem surpresas, mas que mantém algum nível de qualidade.

domingo, 17 de agosto de 2014

The Monarch of the Glen

Uma continuação de American Gods. Talvez não tão necessária, já que American Gods tem um desfecho bem legal, mas interessante em vários pontos. É quase um exercício de imaginar o que aconteceria com tal personagem após o final de um livro. Principalmente um onde acontece todo tipo de transformação com esse personagem.

Nesse livro, voltamos a encontrar Shadow. Ainda com alguns problemas de autoafirmação, porém menos traumático nesse ponto. Ele está num lugarejo escocês, local onde os deuses nórdicos também estiveram e também haviam sido há muito esquecidos. Seu passado e uma nova situação de outro mundo vão se cruzar e colocá-lo à prova.

Um livro curto, praticamente um conto mais longo. Interessante para quem leu American Gods de Neil Gaiman. E vemos de forma definitiva o fim da história de Shadow. Talvez sem todo o glamour do final de American Gods, mas ainda com um tom especial e de esperança no futuro. Uma boa leitura.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Moby Dick

De modo geral, fora alguns momentos legais e brilhantes, esse foi um livro que me decepcionou. Esperava bem mais dele, mas o que vi foi um grande sofrimento em descrições intermináveis e muitas, mas muitas mesmo, consultas ao dicionário. Melville usou e abusou das descrições de todas as coisas presentes no navio para nos dar a imagem de como era a vida dos pescadores de baleias. Era uma arte perigosa, que já estava em declínio pela pesca predatória, mas que ainda fazia muitos homens se lançarem ao mar.

Mas a pesca da vez não era só pelo lucro. Ishmael decide em sua jovialidade experimentar um pouco daquela vida. Faz amizade com um selvagem e termina no navio do capitão Ahab, que havia recentemente perdido a perna para um demônio branco conhecido como Moby Dick. Ahab está louco, mas ainda é o capitão do navio e usando de intimidação e propina consegue fazer seus homens o seguirem até o fim do mundo. Embarcados no Pequod, eles atravessam vários mares e encontram vários outros navios antes de finalmente localizarem a baleia. Quase uma busca de uma agulha no palheiro. Em termos de páginas, só vemos Moby Dick ser apontada quando chegamos em cerca de 90% do livro.

Nesse meio termo, são intermináveis as descrições. Cheguei a saltar capítulos inteiros que falavam de tipos de baleias, velas, ganchos e outras coisas existentes nos navios. Parecia quase uma caça do que valia a pena ser lido e o que não. O capítulo que mais me chamou a atenção foi esse aqui, que compartilho sem vergonha pois pode ser lido sem prejudicar o resto da leitura. Mas tanto enchimento de linguiça para tão poucos momentos bons assim.

Enfim, é um livro longo demais. Melville dá vida a imagens muito distantes da realidade de seus leitores e para isso se perde numa enfadonha infinidade de descrições. As quebras de narração para descrever coisas no navio são tão constantes que a vontade, a qual eu cedi algumas vezes, é de simplesmente pular alguns capítulos. O encontro com a grande baleia branca acaba deixando por desejar. Ahab sai para caçar um monstro e o seu destino faz parecer que ele subestimou, e muito, um ser que todos os baleeiros evitavam. O final não compensa tanta dedicação para chegar até ele.

sábado, 17 de maio de 2014

SuperFreakonomics

Tentar ser didático com conceitos chatos e ver economia em lugares inusitados. Basicamente, essa é a proposta deste livro. Em alguns pontos os autores conseguem ser bastante didáticos, em outros acabando falando de temas que facilmente levantam sobrancelhas, mas de modo geral eles conseguem atingir o objetivo de forma agradável. Mesmo assim, ainda é mais fácil ver esse livro como um livro de curiosidades com algum humor perverso aqui e ali.

De modo geral, este livro acaba sendo um bom ponto de partida para aumentar a visão de alguns tópicos aos quais não dedicamos muitos pensamentos. Por exemplo: prostitutas, aquecimento global, sistema de saúde e afins. Em diversos momentos encontramos polêmicas, mas a intenção nunca é ficar batendo na tecla "oh meu Deus como sou polêmico", mas tentar de algum modo analisar a situação e até propor soluções.

Por fim, pode-se de dizer que é uma boa leitura. Só não vale achar que ler este livro torna qualquer pessoa um economista. Também não vale acreditar que todas as soluções apontadas são válidas e simples como os autores sugerem. Mas com algum bom senso é possível tirar bom proveito de sua leitura.

terça-feira, 18 de março de 2014

The Idiot

Um livro épico quando se trata do quanto a sociedade pode ser odiosa com um 'homem de bem'. Não um daqueles homens de bem que podem ir em shoppings enquanto rolezeiros ficam em casa. Mas um homem que não consegue enxergar o mal nas pessoas e sempre vê o lado positivo de tudo, que se deixa enganar por acreditar que quem engana alguém precisa disso para sobreviver. Em outras palavras: um idiota.

No livro acompanhamos 6 meses do príncipe Muishkin (que na wikipedia por algum motivo está como Myshkin) e vemos toda sua inocência e caráter serem abusados e corrompidos até um final trágico. Pode passar a impressão que o comentário foi um spoiler, mas é bem claro que o conhecimento de mundo quase nulo do príncipe e sua crença quase infantil na bondade das pessoas não poderia levá-lo a um lugar muito bom.

Além disso, o príncipe não é muito bom em fazer escolhas. Assim pensa que pode corrigir quaisquer decisões que tome abrindo seu coração inocente para as pessoas. Infelizmente a realidade o maltrata. Ficamos esperando um momento onde ele poderia finalmente tomar jeito e se redimir. Algumas horas até sentimos que esse momento está vindo, mas no fim terminamos com uma grande tragédia, coisa que esperamos desde que entendemos a natureza do real problema do príncipe.

O livro nos traz também diversas pequenas discussões e opiniões da Rússia de Dostoyevsky. São opiniões que traçam uma realidade estranhamente moderna em alguns aspectos. Porém em alguns momentos essas discussões parecem saídas pela tangente de trivialidades intermináveis e terminam demasiadamente enfadonhas. Ainda assim, este livro é um bom livro e vale a pena ser lido se houver muito tempo sobrando e alguma paciência para tragédias.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O cravo e a rosa

Dois grandes amigos já estavam lá pela quinta na mesa de um bar qualquer (e devidamente pé de escada), quando um deles deu a seguinte sugestão:

- Que tal nós dois termos filhos. Vou ter uma menina e chamá-la de Rosa. Já você terá um menino e vai chamá-lo de Cravo.

O segundo amigo um pouco frustrado por não ter sido chamado para montar um bar e confuso com todas aquelas próclises aceitou de pronto.

Rosa despedaçada.

Cravo vira servidor público. E ai do estagiário que o chamasse de doutor Cravo. Não teve filhos, não deixou para ninguém o prêmio da mega-sena acumulada.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

After Dark

Certamente há muitos livros que contam histórias de personagens que habitam a noite. After Dark poderia facilmente ter se tornado um deles, mas escolheu outro caminho. Não há nenhum vampiro ou enfoque especial nas figuras da vida noturna. Apesar de falar de alguns desses personagens, o foco aqui é mais em uma estudante que por certos motivos, opta por passar aquela noite fora de casa. O livro é a história dessa única e longa noite e dos personagens que de uma forma ou de outra interagem com essa estudante.

Mesmo com uma ideia simples, o livro de Murakami consegue nos prender e nos levar durante aquela noite que de alguma forma acaba sendo agradável e tensa ao mesmo tempo. Ficamos querendo saber mais do que acontece depois e meio que nos irrita saber que é apenas a história de uma noite. Como tantas outras de histórias similares que podem haver por ai, mas sem deixar de ter o seu charme.

É um bom livro, curto e de leitura tranquila. Nos conta de forma simples e agradável algumas histórias que podem ser verdadeiras na vida de qualquer pessoa sem buscar lugares comuns.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

The Great Gatsby

Glamour. Acho que essa foi a imagem que o trailer do filme me deu desse livro. Esperava muitas festas e um homem de estilo de vida incorrigível que iria se perder por um motivo qualquer. Uma espécie de Atlas das festas e boa vida da Ayn Rand. Mas Jay Gatsby não nos passa isso. Claro, as festas estão lá e aparentemente são lendárias também, mas sob os olhos do protagonista Nick Carraway, tudo parece meio sem importância. Jay Gatsby é um homem de um só objetivo.

The great Gatsby tenta contar a história de Jay Gatsby, um novo rico cuja fortuna tem procedência tão duvidosa quanto sua própria história. Seu passado é recheado de informações fantasiosas e que são aumentadas ou alteradas mesmo pelas pessoas que o conhecem. E por mais que suas festas sejam lendárias, ele pouco aparece nelas e quando o faz é sempre discreto. É quando somos levados a perceber que todas as ações desse riquinho possuem um objetivo bem específico e nada racional. Talvez esse seja o seu maior charme. Pensar o quão louco alguém teria que estar para fazer o que ele fez por alguém que realmente não merecia.

E ai somos levados a um drama de mentiras, traições e sangue. E leva-se um bom tempo até chegar a esse ponto. Quase metade do livro passamos vendo descrições e somos introduzidos a meio mundo de figurantes de luxo das festas americanas. Personagens que provavelmente ainda existem por ai, mas usando diferentes vestidos e marcas.

Até tenho vontade de dizer que esse romance é uma obra moderna. A história de um homem com uma ambição e contada por um protagonista aguado e quase blasé. Mas penso que esse tipo de drama por traições e desejos  dessa forma são bem datados, apesar de ainda possuírem algum charme. Trata-se de um romance curto e divertido. Vale a pena ser lido apesar de falar de um  homem perdido em um tempo perdido.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Mudança

Nunca havia ouvido falar em Mo Yan até ele ganhar o nobel em 2012. Pareceu um daqueles muitos prêmios dados para que a academia fingisse que há escritores na Ásia. O que os velhinhos que dão o prêmio Nobel talvez não saibam é que realmente  há muitos escritores na Ásia e por que dar destaque a um só? O que teria Mo Yan de especial?

Mudança é um relato autobiográfico do autor sobre vários momentos de sua vida e em como ele viu a China mudar de um Estado agrário ao que é hoje. Ele observa as mudanças culturais permitidas pela mobilidade de classes e pelas imposições do governo. Também observa como algumas coisas nunca mudam, como por exemplo a mania dos chineses de utilizarem o máximo de Q.I. (quem indique).

Mesmo assim é um bom livro para ver um período no qual pensamos que a China era composta por maoistas e comunas. E não de um ponto de vista solto ou irresponsável, mas de alguém que viveu tudo aquilo. A vida do autor é longe de ser perfeita, mas nos dá uma boa imagem do que foi a China no período em que migrou da tirania do tio Mao para o que é hoje. 

Além disso, é interessante ver certas pessoas da vida do autor influenciarem a sua criação de personagens. Até nos dá curiosidade em ler outros livros dele só para ver como são esses personagens. Enfim, é um bom livro, talvez um pouco caro para o preço, mas é bom. Só não deu para ver o que ele fez para merecer um Nobel nesse livro, but then again, é só um relato autobiográfico mesmo...

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

E Depois

Em mais uma obra que reflete as mudanças da era Meiji no Japão, Natsume Soseki nos apresenta um protagonista peculiar. Daisuke é um homem no mínimo mal acostumado. Não possui mais vergonha alguma de ser sustentado pelo pai aos 30 anos de idade e nem acha vergonhoso passar o dia sem ter absolutamente nada para fazer. Ele vive entediado, mas acredita que estaria se rebaixando a algo menos que humano se por acaso precisasse trabalhar pelo seu próprio sustento. O destino foi muito gentil com Daisuke.

Tudo que seu pai e seu irmão queriam era que Daisuke escolhesse alguém como esposa para que finalmente a desonra que ele representava fosse dirimida de alguma forma. E não era como se ele precisasse casar com qualquer pessoa. Daisuke poderia se casar com qualquer pessoa que quisesse, mas opta por tentar deixar tudo para amanhã. É um personagem que leva ao extremo a esperança de que o seu Eu do futuro resolva todos os problemas.

'E Depois' é uma leitura agradável de um personagem que recusa a dobrar seus joelhos diante de uma sociedade em transformação. Seus motivos podem não ter tão nobres, mas não deixa de ter os seus fundamentos. Mas mesmo um poço de racionalismo egoísta como Daisuke ainda pode estar sujeito a certas peças do mesmo destino que o agraciou com uma boa vida até os 30. Uma leitura muito boa que me ajudou a lembrar porque eu havia gostado tanto de ter descoberto por acaso Soseki numa dessas bibliotecas de universidade.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

The Lover's Dictionary

Quem já viu 500 days of summer vai ter uma boa ideia do que seria esse livro. Uma narrativa não linear da história de um casal sobre o ponto de vista do homem. Claro que dá para valorizar o estilo da narrativa e a beleza de algumas citações dadas com certa facilidade pelo livro. Mas sempre fica um gosto de querer saber mais o que foi que houve. De que a história fosse mais "livro", mais narrada. Não temos nem noção do quanto foi omitido quando percebemos ficamos sabendo o tanto de tempo passado. Mas isso é questão de gosto pessoal mesmo. Há quem goste de livros excessivamente misteriosos.

No geral, The Lover's Dictionary é um livro leve e tranquilo de ser lido. Só não vale os 65 reais que tentam cobrar nele por ai.

domingo, 12 de janeiro de 2014

The Kite Runner

É possível odiar um protagonista e seguir lendo um livro até o final? Facilita quando este protagonista é cercado de personagens adoráveis. E The Kite Runner é recheado deles. Acho que até um semi-vilão é adorável, porque é um vilão à moda antiga. Daqueles bem loucos, cruéis e sem redenção. Dá para odiá-lo com facilidade e ele está lá para isso mesmo.

A história começa num Afeganistão pré-guerras e mostra como as realidades daquele povo mudou ao longo dos anos. À semelhança do que aconteceu em outros lugares como China e Rússia, as diversas guerras que afetaram o Afeganistão ao longo de 3 décadas foram responsáveis pelo fim de uma cultura. Um país que sofreu tantas mudanças em tão pouco tempo parece tão perdido quanto o protagonista do livro.

Mas não podemos culpá-lo. Amir cresceu em um lar próspero e à sombra de um grande homem, o seu "baba". Teve uma infância animada e livre de certas preocupações. Mas não quer dizer que tenha sido completamente livre de culpas. Alguns dos seus atos nos dão nojo, mas ao logo do tempo tentamos perdoa-lo. Afinal, ele era apenas uma criança e todas as crianças possuem uma inocente crueldade. A partir daí, o que se segue é uma busca de esquecimento e de redenção. E que busca... A história que ela gera é sem dúvida bela.

Portanto The Kite Runner é um livro com uma história simplesmente linda. Daqueles que é difícil parar de ler e não se encantar com os desenrolares. Uma ótima forma de começar o ano.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

On the Road

Livro repleto de descrições de paisagens, ambientes e personagens. Tantos que nos perdemos com facilidade na estrada e viagens que o narrador Sal Paradise descreve. Mas este não é um livro sobre o que o Sal pensa, acredita ou deixa de acreditar. Na prática, acaba sendo um livro sobre um outro personagem: Dean Moriarty.

E o que esse Dean teria de especial? Ele é louco e vive uma vida louca. Pelo menos é isso que achamos inicialmente, mas no decorrer do livro podemos entendê-lo melhor. Mesmo assim algo não vai mudar nunca na opinião que temos dele: ele é louco, mesmo que tenha razões para isso. Sal Paradise possui uma adoração por ele quase como se fosse um profeta dos hipsters e bums. Dean aproveita uma vida de impulsos e claro que isso nem sempre é legal ou saudável para os amigos.

Nas viagens de Sal Paradise também observamos como toda a gangue vai se acalmando e arranjando um lugar ao sol cada um a sua vez. Até o próprio Sal parecia ter encontrado seu canto, mas o Dean sempre esteve lá, quase um monumento àquilo que todos haviam sido um dia. Porém ele é egoísta, pensa no próprio estômago e na própria diversão, por mais que adore os amigos é capaz de deixa-los ao léu e resolver seus próprios assuntos. Mas quem não é egoísta? 

No ponto de vista das viagens, tudo parece realmente muito interessante e arriscado. Sair de uma costa a outra dos EUA portando apenas 20 dólares parece algo completamente insano e definitivamente é. Mas há algo de atrativo nessa insanidade. Os lugares por onde passam e as dificuldades também. Tudo parece ganhar uma cor especial. Não é um simples subir no ônibus e dormir até chegar.

Por essas e outras, essa obra de Jack Kerouac acaba sendo uma boa leitura. Talvez até um bom desafio para quem possua um carro e a conversão de 20 dólares para os valores de hoje. Afinal, estradas não faltam por ai e todas elas devem possuir muitas histórias a se contar.

domingo, 5 de janeiro de 2014

The Ocean at the End of the Lane

Uma aventura fantástica que só uma criança poderia ter. Embora isso não seja tão verdadeiro quando se fala das obras de Neil Gaiman. Todas, independente de idade, têm sua parcela de aventura e criatividade. Nesse livro acompanhamos as aventuras de um menino de 7 anos que estava no lugar errado e na hora errada, o que o leva a viver coisas que jamais imaginou que existisse para salvar a própria pele e a de sua família.

Dentro das criaturas fantásticas que ele descobre há aquelas que fascinam e aquelas que são muito perigosas. Mas gosto daquelas que são neutras, como forças da natureza. Podem ser perigosas ou não, depende de como o garoto interage com elas. E claro, há a poça d'água que sua amiga chama de oceano que é uma das mais intrigantes. Como de costume nas obras de Gaiman, não é necessário longas explicações para se notar o quão fantásticas pequenas coisas podem ser.

É uma história bonita de sacrifício e amizade. E realmente não há muito a dizer sobre ela sem estragar as surpresas. Vale a pena ser lida.