quarta-feira, 19 de junho de 2013

Gosto do Barulho

Muita gente se entristece diante do momento político atual. Queriam algo mais focado. Que o protesto fosse capaz de dizer que atingiu tais e tais metas no final. É um desejo justo e sinceramente seria o ideal. Mas quando se tem tanta gente reclamando de coisas tão diversas, fica algo meio difícil de ser atingido. Mesmo que pelo menos os desejos iniciais de melhoria da qualidade dos serviços de transporte e baixa dos preços seja atingido, ainda ficaria um certo gosto amargo. Poderia ter sido mais...

Pessoalmente, não acredito que isso seja de todo ruim. O que mais gosto desse movimento todo é o barulho que promove. Quando trabalhei dentro de um Assembleia, tive oportunidade de assistir alguns protestos com uma indiferença que era natural do ambiente. O máximo que pensava era: vou sair pela rua de trás. Havia barulho, apitaço, panelaço, reclamações e no final entregavam alguma carta alguém que poderia ser lida ou não. Pouca gente acompanhava esse processo. Menos ainda via o desfecho. Sinceramente, acho que nem os manifestantes sabiam se eram ouvidos ou não.

O que dizer então de toda essa comoção nacional? Não acho que vá conseguir algo de imediato. Mas fez barulho. Gerou um ruído que muita gente ouviu. Não lembro de ter visto algo parecido por aqui; não por um motivo deste tipo. Então como não gostar desse ruído? Que façam muito barulho, o suficiente para deixar as "autoridades" com ouvido zunindo. Pelo menos esse mal podemos lhes causar. O resto só o tempo dirá. Para mim, só esse barulho já pagou tudo.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Casa das Belas Adormecidas

Até que ponto vai a solidão de um homem e as estranhezas dos japoneses? Este é um livro que tenta se aventurar por essas águas. O protagonista, o velho Eguchi, do alto de seus 67 anos, é convidado por um amigo a passar uma noite numa casa onde poderia se deitar com uma jovem adormecida de forma artificial. Inicialmente, pensei que a ideia era em torno do debate do estupro, mas não era bem o caso. Era uma casa para velhos afinal, muitos dos quais não possuíam mais essa vontade ou capacidade para tanto.

O que os levava até aquele lugar? O nosso protagonista fica se perguntando várias vezes sobre isso. Apenas com suas visitas consegue entender melhor aquele universo ao qual estava sendo apresentado. Naquelas mulheres adormecidas, Eguchi encontra seu passado e todas as mulheres que fez chorar. Talvez assombrado pelas lembranças dessas mulheres Eguchi se sente compelido a tentar manchar aquelas lembranças e destruí-las por meio da rebeldia contra as diversas regras do lugar. Naquela casa e naquelas mulheres ele encontra aparentemente todas as mulheres de sua vida.

Esta obra de Yasunari Kawabata é uma viagem por vezes sensual e por vezes fria à memória sentimental de um homem que conhece a proximidade de seu fim. De leitura rápida e sem muitas surpresas, somos levados a um certo asco contra Eguchi, mas talvez exista alguma surpresa cruel nesse asco. Será que todo homem pode chegar a ser como os clientes daquela casa? Suas tentações são cruéis, mas sua resistência também é ausente de qualquer glória. Por fim, é um bom livro apesar de mexer um pouco com nosso moralismo pessoal.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dom Quixote - parte 2

Curioso o tempo que levei para ler esse livro. Já havia lido a primeira parte algumas vezes, mas por algum motivo sempre parava ali. Agora só o que penso é: Por que perdi todo esse tempo? Me arrependo, mas finalmente soube o que há por trás da segunda parte. O que encontrei foi um livro simplesmente fabuloso e estranhamente moderno. Tão moderno que faz parecer que o começo do século XVII é agora e que não mudamos nada. 

Nesta parte, de certa forma melhor do que no primeira parte, podemos trazer um pouco mais o Quixote para nossos tempos. Antes ele era um louco curioso buscando aventuras em qualquer lugar mesmo quando não houvesse alguma. Agora ele é apenas um homem velho que deseja viver o seu sonho da melhor forma possível. Muitos debocham e lhe pregam peças, mas dentro da visão dele, tudo faz parte de sua narrativa pessoal. Sua aventura segue intocada e dessa vez menos imaginativa devido as burlas que sofreu de quem sabia a sua fama de louco. Acho que talvez ai esteja o que mais me encantou nesta obra. Uma receita tão simples, mas apresentada de um modo tão perfeito por Cervantes que não há como não gostar dela.

Gosto bastante também de quando se fala de temas como liberdade, governo e sonhos. Não de um modo que nos retrata um outro período, mas sim de um modo que nos faz perceber que certas coisas fazem parte do ser humano e independente de épocas, sempre estarão presentes de uma forma ou de outra. Mesmo desejos populares ainda são semelhantes aos dias atuais. Penso que só no final me senti jogado de volta no tempo, pelo menos não de forma frustante.

Dentro dos livros de cavalaria este é talvez o mais humano de todos, ainda que possa ser considerado uma sátira e não propriamente um livro de cavalaria. Essa provavelmente foi a intenção de Cervantes. Criar um personagem ao mesmo tempo louco e discreto, que intrigasse a quem não o conhecesse e divertisse os demais. E claro que esse personagem não está só. Há quem o acompanhe e também nos ofereça momentos igualmente interessantes e divertidos: o escudeiro Sancho Pança. Enfim, é um livro que qualquer pessoa deveria ler em algum momento da vida, talvez até mais de uma vez. Há um universo de coisas nas duas partes do livro e as diversas impressões que pode nos passar o torna ainda mais atrativo. 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Amanda

- Por que você não têm cabelos?

Por mais que ser estranho numa universidade seja algo bem aceito e até almejado, existem tópicos que não devem ser tocados. Ao fazer a singela pergunta, Apolinário tocava em alguns deles. Claramente, Amanda tinha um problema e seria sensível não apontar para ele. Pena que sensibilidade nunca havia sido um forte em Apolinário.

Sua pergunta lhe rendeu uma parceria para um trabalho em grupo. Este sempre foi um ponto fraco seu, pois poucos queriam trabalhar com ele e quase ninguém voltava a trabalhar após uma primeira vez. O trabalho foi satisfatório, mas a pergunta nunca foi respondida.

Amanda, no entanto, não se distanciou após o trabalho. Ela era do curso de economia, mas por algum motivo estava ali em biologia. Poucas pessoas deixaram Apolinário confuso como Amanda o deixava. Ela sorria e chorava com muita facilidade. Certa vez num dos momentos de choro, Apolinário perguntou se ela queria ver sua coleção de pelos de gatos imprimidos no solo após atropelamento.

Amanda odiava gatos. Achava injusto que tivessem 7 vidas enquanto ela tinha apenas uma e não muito boa. Geralmente quando reclamava de gatos estava reclamando de sua própria vida. De alguma forma acreditava que se fizesse muito isso, Deus a colocaria no corpo de um gato em sua próxima vida como castigo, mas esse era seu desejo. Ela aceitou na hora.

- Não é estranho que tudo termine em morte?
- Não.

O que aquilo tinha a ver com a coleção, pensava Apolinário. Amanda por vezes surgia com essas conversas. Para Apolinário ela tinha uma obsessão em achar estranheza em coisas naturais. Ela o beijou algumas vezes. Dizia que não se podia ter filhos por beijos. Mesmo assim Apolinário ficava mais tranquilo ao vê-la beijar outras pessoas no final de semana. Nem sempre eram homens, mas pelo menos quando o filho viesse, não poderiam dizer ao certo se era dele.

Apolinário nunca havia notado como sua cama era confortável. Ou talvez as outras pessoas não soubessem escolher camas. Amanda não deveria saber, pois vinha dormir na sua com muita frequência, às vezes durante o dia mesmo. Nessas horas Apolinário gostava se aproximar e observar a ausência de pelos em sua cabeça. Ele não entendia porque ela não a cobria. Parecia querer mostrar algo que não estava ali.

- Não é estranho que tudo termine em morte? – Voltava a perguntar por vezes.
- Não.

Amanda se foi numa terça-feira de carnaval. Sua pergunta nunca foi respondida. Ela lhe deixou um chumaço de cabelo de presente. Queria que Apolinário o colocasse em sua coleção. Pois talvez quando Deus se lembrasse de leva-la, talvez se confundisse e a tomasse por gato.

Apolinário

Apolinário. Nome de velho num corpo de criança. Provavelmente se referiam ao seu espírito. Desde os 7 anos gostava de ler autores russos e alemães. Aos 9, escolheu o Fausto de Goethe como obra para ler durante as férias. Chegou a começar a ler sua redação sobre o livro, mas a professora o pediu para interromper. Era um colégio católico, citar como homens se vendem por meros caprichos numa sala de crianças não parecia correto, embora a professora bem que necessitava de alguns caprichos.

Apolinário guardou a redação. O lia toda terça para seu gato que se chamava Gato. História peculiar tinha este nome, pois quando ganhou o bichano, seus pais lhe disseram para olhar para o gato e dizer o que mais se destacava nele. Apolinário simplesmente respondeu ‘gato’, não via nada que se destacasse mais que isso. Seus pais tentaram insistir um pouco mais para que o filho tivesse criatividade. Não deu muito certo. Apenas nomes como ‘focinho’, ‘bigodes’ ou ‘orelhas’, apareceram. Ficou o nome ‘Gato’ mesmo sendo uma fêmea.

Aos 12, após migrar para autores do oeste europeu, Apolinário tirou de um livro que queria ter a morte como esposa. Ficou pensando em formas de tornar isso possível. Casar-se com alguém e depois matar? Não parecia correto, pois se tornaria viúvo e não esposo da morte. Pensou em alguma senhora mais fácil. Má Sorte parecia uma boa opção, mas não se sentia particularmente atraído por ela. Vivia relativamente bem, mas sem luxos; tinha uma gata chamado Gato; tinha orelhas grandes e cabelos negros um pouco revoltados, mas que cediam facilmente ao controle da tesoura de barbeiro. Talvez não conhecesse a Má Sorte bem suficiente para entendê-la melhor. 

Tinha livros. Muitos livros. Seu pai não gostava de ler, muito menos sua mãe, mas para ambos parecia correto tê-los aos montes. Boa parte de sua infância foi ao lado deles. Gostava de pensar que eram parte de si, por mais antigos que fossem. Aos 14, fechou seu último livro e decidiu fazer amigos.

Apolinário não fazia ideia do que constituía amizade, mas achou por certo que tudo começava com conversa. Aproveitou a mudança de escolas para tentar puxar assunto com as pessoas de sua sala que ainda não sabiam de sua personalidade: 

- Hoje vi um gato morto. Estava estourado, pois os carros não se preocuparam em parar de passar por cima dele. 

Decerto esta não é uma das melhores coisas para se dizer em qualquer tipo de conversa. Mas é da natureza humana ser estranho aos 15. Mesmo que você já fosse estranho antes, as pessoas não notariam logo e outras até gostariam da estranheza. Assim Apolinário fez amigos e os desfez aos montes. 

A adolescência o deixou impulsivo. Boa parte do tempo decidia por impulso não fazer nada. Sentava-se com os atuais amigos e ficava simplesmente os ouvindo por uma tarde inteira. Isso por vezes durava alguns dias. Quando finalmente Apolinário respondia algo que fora conversado alguns dias antes. Não gostava de guardar opiniões e parecia ter por regra dá-las nos momentos mais inadequados. Seus professores não mais lhe faziam perguntas fora das provas. Pareciam temer o que poderia ser dito. 

Aos 16, viu sua já velha gata chamada Gato ser atropelada. Passou dias olhando o corpo do bicho imprimido no chão quase como uma tatuagem. Foi quando Apolinário decidiu estudar as ciências biológicas. Após sua fase de leituras, havia decidido que não havia nada dentro da alma humana ou de sua cabeça. Mas dentro do aglomerado de células que constituíam um corpo, parecia haver um universo de coisas a ser descoberto. Gostava da cor de sangue seco no asfalto. Chegou a fazer uma coleção de fotos disso que desapareceu um dia após sua mãe arrumar seu quarto. 

Aos 17 ganhou seu primeiro beijo. Achou que deveria tomar a responsabilidade, mas lhe parecia ser muito novo ainda para ser pai. Ficou mais aliviado quando a viu beijar outras duas pessoas na mesma noite. Não poderiam ter certeza que o filho seria dele. 

Ainda aos 17 entrou na universidade para estudar biologia. Seus pais ficaram aliviados por ele não ter decidido simplesmente ficar em casa após o ensino médio. De certa forma o temiam por algum motivo. Seria sua coleção de pelos de gatos atropelados? Ou talvez sua mania de construir coisas. Vez ou outra via um objeto interessante e logo decidia que precisava fazer um por mais simples que fosse. 

Chegou a fazer um abridor de latas genial. Pena que sua tia teve metade de seu indicador arrancado por ele ao tentar usá-lo. Apolinário não achava necessário jogar o abridor fora, afinal era inocente. Culpada fora a tia por não saber usá-lo. Apolinário tentou negociar o pedaço de dedo em troca de jogar fora seu abridor, mas antes que pudesse vencer o argumento, o pedaço já estava reimplantado. Aquela tia nunca mais os visitou. 

Aos 19, Apolinário conheceu Amanda.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Legend of Condor Heroes

Há quem ache que no oriente todos são iguais. Não dá pra dizer que todos estão absolutamente errados. Ao entrar em contato com esta obra, acho que meu maior desafio era perceber quem era quem. Eram tantos nomes, tantas técnicas. Parecia algum mangá japonês com muitos personagens que estavam ali só para constar. Até que em algum momento pegamos o ritmo. Ai aqueles personagens que eram X, Y e Z começam a ter caras e nomes. E por meio deles percebemos a evolução do personagem principal, Guo Jing.

Ele é um jovem meio estúpido porém de coração puro que cresce na Mongólia de Ghengis Khan, pois seus pais tiveram problemas com oficiais corruptos da dinastia Song. Guo Jing se envolve com a de muitos personagens reais da história chinesa, mas sem adulterar demais os fatos. O que já coloca esta obra num patamar de fan fiction histórico. Além de Guo Jing, conhecemos Huang Rong, uma bonita e inteligente jovem, que não tem uma boa noção dos padrões morais da época, ou melhor dizendo, era simplesmente mal educada.

Essa dupla vai sair por ai e se envolver em diversas aventuras numa China decadente enquanto desenvolvem seu kung fu e melhoram sua própria arte. É uma leve viagem de autoconhecimento com diversas surpresas e reviravoltas. Também há uma pitada de romance entre nossos dois protagonistas que enfrentam um pouco de tudo juntos.

É um livro leve e divertido. Nos mostra uma China bem moderna se pensarmos que no mesmo período na Europa haviam cruzadas e guerras menores. Até do ponto de vista da relação entre homens e mulheres há uma liberdade que nos deixa um pouco estranhos quando pensamos nos asiáticos de hoje. Enfim, vale a pena ser lido mesmo com um pouco de dificuldade na tradução em alguns momentos. Mas nada que ofenda demais a obra de Jin Yong.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Orlando Furioso

Fico em dúvida de como falar deste livro. Se por vários momentos é absolutamente fantástico, em outros me joga numa dúvida profunda do que está acontecendo. Parte em culpa da tradução que se esforçou ao máximo em manter a estrutura de rimas. O esforço é excelente, mas nem sempre efetivo. O que é interessante na edição é poder acompanhar a versão em italiano, que muitas vezes é capaz de explicar algumas situações mesmo quando seu italiano seja bem macarrônico.

Agora o que dizer de Orlando? Um livro sobre amor? De certa forma seria sim, mas em muitos momentos é de um amor tal que leva os homens à loucura. Orlando talvez seja a maior vítima. Só é curioso que amar uma mulher possa se confundir a amar sua virgindade. Uma vez que esta seja perdida... não há mais flores a serem colhidas naquele jardim. Mas ok, eram outros tempos e este é um machismo natural na sociedade ocidental. 

Orlando não é a única vítima dos encantos das donzelas. Muitos outros cavaleiros disputam suas respectivas amadas contra outros cavaleiros menos honrados. Existe uma guerra, mas ela passa quase despercebida. Sabemos que aparentemente há um cerco na França. Carlos Magno estava a arrancar as barbas enquanto seus melhores cavaleiros rodavam o mundo atrás de suas donzelas. O pobre imperador cristão andava sem sorte. Pelo menos Rinaldo consegue deixar sua obsessão por Angélica de lado e presta alguma ajuda ao imperador.

Acho que dos personagens, a que me pareceu mais interessante foi Bradamante. Uma mulher cavaleira desafiando todos os tipos de perigos enquanto corre atrás de seu amante que só faz ser capturado por magos e criaturas fantásticas. Além dela há que se destacar Orlando. Ele demora a aparecer, mas quando aparece sem dúvida é um dos melhores momentos do livro.

No mais, é um livro pra ser lido e relido. Acredito que a cada leitura podemos formar diferentes visões dos acontecimentos. Especialmente para pessoas que como eu têm dificuldade com poemas épicos. Agora seria um livro sobre amor? Ainda tenho minhas dúvidas. Talvez seja mais um livro sobre uma obsessão que se confunde com amor. E, claro, muitos encontros e desencontros.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Deus seja louvado

Há quem reclame de expressões que aparecem aqui e ali contendo coisas inofensivas. Essa daí está nas cédulas desde que elas surgiram e aparentemente só incomodou até hoje quem nunca as teve em demasia. Mas é melhor deixar de lado essa questão religiosa que está prendendo a atenção de muitas pessoas (0.01% da população) que se importam com isso enquanto tão poucos estão nem ai (99.99% da população). Poucas pessoas conseguem observar o verdadeiro preconceito que há em nossas cédulas: o preconceito linguístico (saudades do trema, RIP).

Ora, o Brasil é um país de dimensões continentais, claro que há minorias linguísticas que são forçadas a usar esta cédula escrita nesse tal português brasileiro. Fica aqui uma sugestão, por que não abraçar todas essas minorias ao mesmo tempo? Seria um movimento semelhante ao da Coca-cola do João, da Maria e do José que por algum motivo faz sucesso nas redes sociais. Pode-se ter versões da cédula para cada dialeto Tupi existente, bem como o de outras linguagens indígenas. Também precisa-se atender aos estrangeiros e descendentes que vivem em nosso país. Cédulas em japonês, italiano, francês, alemão, espanhol e carioca devem resolver o problema.

Enfim, soluções não faltam. Mas se algum ateu ou seguidor de oxossi e ganesha estiver incomodado com as cédulas existentes, aceito que me enviem as deles. Ficarei muito feliz com os envios, com ou sem louvor.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

To the Moon

Acho que sempre tive o hábito de me arriscar. Não minha integridade física claro. Não costumo ter medo de narrativas, mesmo quando se apresentam em formas diferentes. Há quem desmereça, mas acho que há muito de narrativa em jogos. Alguns em especial são puras histórias como as de qualquer livro, porém com imagem e som. O lugar da narrativa de jogos talvez esteja entre cinema e quadrinhos devido a uma certa liberdade que o meio proporciona. Como de costume falo muito daquilo que não quero falar sobre.

Acabei de jogar esse inocente jogo. Comprado num pack de jogos dos quais não pude muito bem avaliar o valor. Tinha a noção de que era bom apenas por ouvir dizer pela internet. É muito difícil descrever o quão bom é este jogo. Não pelo jogo em si, nem pelos gráficos, mas pela história que é contada de maneira simplesmente bela. O jogo em si é uma espécie de misto entre RPG e puzzle. Você não interage muito e não parece promover nada do que acontece nesta história.

To the moon é situado em algum momento no futuro, nada muito distante, onde existe uma agência com uma tecnologia capaz de modificar as memórias de pessoas em estado terminal de forma que essas pessoas possam realizar seu último desejo antes de morrer. A máquina é apenas um mero coadjuvante. Somos então apresentados aos seus operadores, os doutores Neil Watts e Eva Rosalene. Eles recebem a missão de realizar o último desejo de um senhor já incapacitado pela doença, John. Seu desejo era ir 'para a lua', mas nem a própria memória do John sabia explicar muito bem o porque. Digo memória porque em momento algum vamos ter contato com John, apenas com suas memórias e o mínimo de interação que elas permitem com os operadores.

A partir daí começa o quebra cabeça dos nossos protagonistas que vão se aprofundando nas memórias do convalescente John em busca da solução. É uma premissa bastante simples. A história é contada ao contrário o que não quer dizer que morra em um lugar comum que facilmente vemos em jogos e filmes. Os dois protagonistas vão navegando pelas memórias através de objetos (mementos) que marcaram de alguma forma a memória de John e tentando interagir e observar o que pode ser mudado para que o desejo de John se realize. O que há na lua que John deseje tanto? Ou será que há algo além dela? A partir daí fica muito difícil de falar desta história sem spoilers.

Mas é fácil dizer que é uma narrativa fantástica e comovente que fala de amor, morte, sonhos e vida. Mexe também com nossas memórias através de diversas referências a coisas comuns da cultura moderna. Vi várias coisas lá que fizeram parte de minha infância e adolescência e gostei de como são tratadas. Neil e Eva também são ótimos como personagens e não desaparecem como espectadores em meio ao foco da história, que seriam as memórias de John.

Como jogo em si, pode-se dizer que é fraco e muita gente que goste de tiros, mortes e ação certamente vai odiar. Não há explosões nem nada demais. Acho que até prefiro chamar esse jogo de uma graphic novel com sons e movimentos. Ah, e claro, uma belíssima trilha sonora. Toma pouco mais de 4 horas de sua vida e proporciona uma experiência talvez única em narrativas de jogos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Pobreza

É quando você pode ter um celular maneiro e não pode comprar um headphone. Assim é forçado a compartilhar seu gosto musical duvidoso com as outras pessoas. Não se engane, elas odeiam o seu gosto musical seja ele qual for.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Steam Greenlight

Algumas tecnologias ou ideias são avançadas demais para o seu público. Após o primeiro final de semana do Steam Greenlight, pude ver muitos projetos horríveis e muita gente aprendendo a trollar, postando jogos de outras empresas e até mesmo pornografia e coisas racistas. Os administradores não se fizeram de rogados e procuraram sempre remover e banir quem estivesse postando coisas inadequadas com bastante eficiência. Infelizmente ainda restou o spam de projetos ruins, mas nem tudo pode ser perfeito.

Steam Greenlight é uma ferramenta do Steam para permitir que empresas ou desenvolvedores pequenos tenham a chance de apresentar seus projetos e com a devida aceitação do público, eles podem ser lançados na loja virtual. É realmente um espaço de destaque simplesmente estar na loja da Steam, pois costumo ver sempre uns 4 milhões de usuários online o tempo todo. Pequenos desenvolvedores podem também interagir com os usuários e até melhorar os seus produtos.

Fica meio claro que esses projetos deveriam estar em estágio final de produção ou prontos mesmo. Mas muita gente entendeu que o espaço era uma espécia de lista de discussão de projetos e chegaram a postar ideias apenas e conceitos artísticos. Outros não possuíam uma boa noção de preço e já projetavam 5 dólares por jogos completamente horríveis. O que me fez achar bastante divertido negar e aceitar jogos durante horas, pois num piscar de olhos mais 700 projetos foram postados.

Era bastante claro quando o desenvolvedor havia gastado seu tempo produzindo algo que prestasse. Outros caiam no mau gosto outros vícios, mas no geral a experiência de poder ver tantas ideias e projetos lado a lado tentando ser vendidos é interessante. Ponto para a Valve pela ideia e ponto para todos os jogos criativos e bem desenvolvidos. Merecem o espaço que espero que consigam.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Releitura: O Hobbit

A última vez que li este livro foi provavelmente há uns 12 anos, acho. Lembro de ter gostado bastante e não muito mais que isso. Mas quando vi o trailer do filme que está sendo produzido, deu uma certa vontade de relembrar a história. Lembrava apenas de linhas gerais e de alguns eventos, mas fiquei realmente surpreso ao descobrir o quanto eu havia esquecido da história. Não apenas esqueci de detalhes aqui e acolá, mas eventos inteiros desapareceram de minha mente e muitas vezes me sentia como se estivesse lendo o livro pela primeira vez.

Tenho que reconhecer que durante boa parte da leitura fiquei imaginando como serão as cenas no filme. O que deve ser tirado e o que deve ser adicionado. Inicialmente achei 2 filmes muito para um livro de pouco menos de 300 páginas. Mas observando que nessa obra Tolkien ainda economiza bastante no estilo, dá para perceber onde e como vários nós podem ser desenrolados sem ficarem de forma alguma fora de contexto ou forçados. Acho que os anões, por exemplo, vão ganhar algum destaque maior no filme. O livro é muito sobre Bilbo Baggins, ele é quem põe todos os acontecimentos em andamento e quem tira o grupo de quase todas as enrascadas nas quais se metem. Gandalf apesar de botar tudo em movimento aparece de forma tímida aqui e acolá.

Fiquei com muita expectativa no filme que está sendo dirigido por Peter Jackson. E claro recomendo bastante a leitura deste livro. Pode não ser tão épico quanto Senhor dos Anéis, mas é mais leve e divertido. Sem contar que Bilbo é um protagonista umas 10 mil vezes melhor que Frodo.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Grande Sertão: Veredas

Soube que esse livro esse existia por causa daquela lista de livros que obrigam você a ler para o vestibular. Nunca realmente havia prestado atenção. Ele era como Vidas Secas para mim, só um livro sobre um passado pobre e sem lei no sertão. Nossa versão triste, porém cabra-macha de faroestes. Ah, e sem mexicanos que são substituídos por um libanês ou judeu, claro.

Também graças ao vestibular e aos professores de literatura, também já sabia boa parte da história. Eles não estimulam a leitura alguma, apenas falam de forma geral e dão discas sobre o que possivelmente será cobrado. Acho que qualquer surpresa que talvez tivesse nesse livro morreu nessas "dicas" que me foram dadas. Nem sequer lembro se usei algo para o vestibular, mas já sabia que este era um livro sobre o sertão que contava a história de Riobaldo, um jagunço, e Diadorim, também jagunço. Acho que muita coisa na minha leitura teria ido por outro caminho caso não soubesse que Diadorim é na realidade... (omg spoilers... oh, todo mundo já sabe) uma mulher. Nosso faroeste tupiniquim é na realidade um Brookeback Mountain, mas não fica só nisso.

É realmente um livro sobre sertão, sobre pobreza, sobre vingança, sobre sangue, sobre justiça e sobre Deus e o Diabo, mas não lembro de em momento algum ouvir que seria um livro sobre guerra. E muito bom livro de guerra. Nada de estratégias mirabolantes, mas formas de fazer guerra inteligente numa região pouco amigável ao ser humano. Morde e assopra. Dividir para conquistar. Usar vantagens do terreno e o escuro da noite. Coisas que vemos constantemente nessa obra contada pelo próprio Riobaldo, agora já velho.

Mas parece que misturar tudo isso num bolo ainda não é suficiente. Tudo é guiado como uma bela narrativa que vai se desenrolando conforme o narrador vai lembrando. Então linearidade fica meio de fora, mas nada que nos deixe completamente perdidos. Em geral, conseguimos até botar os fatos em ordem facilmente. Riobaldo pequeno conhece Diadorim, sob outro nome. Anos mais tarde o encontra quando decide tentar a sorte de jagunço e a partir daí vão estar sempre juntos até o final. Mas é interessante como apesar de falarem pouco, afinal as agruras da guerra não davam muita margem para papo, eles conseguem se entender. Aliás, não só eles, mas Riobaldo e todo o bando do qual faz parte. Situação que o faz crescer no grupo e adotar outra postura próximo ao final.

Acho que o momento que mais esperava durante toda a leitura foi a revelação e apesar de todos os avisos de meus professores, eles não conseguiram estragar esse momento. O climáx do livro é algo bonito e triste. Podemos até ouvir o som da alma do Riobaldo se quebrando. Mas nesse ponto prefiro deixar que a curiosidade alheia se complete.

Grande Sertão: Veredas é realmente uma grande obra. Escrita por João Guimarães Rosa, chega a figurar em alguns top 100 de melhores livros. O que me deixou intrigado, porque como os gringos leram este livro se não achei em lugar algum a versão em inglês custando menos que "muito caro"? Talvez tenham lido em espanhol ou mesmo em português, mas fico feliz que seja lido e lembrado e espero que algum dia receba alguma boa tradução. Embora tenha que admitir que seria muito complicado conseguir passar todas as nuances linguísticas presentes aqui. De qualquer maneira, vale a pena lê-lo em algum momento da vida. Não é um livro triste, é um livro sobre a vida de uma pessoa que agora velho pensa no que viveu e nos pergunta o que poderá ser dele.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Nova cara

Tenho que admitir que ficou bem menos feio de se olhar e nem precisei saber nada de html para isso!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

So long and thanks for all the fish & Mostly harmless.

Quando estava relendo o Ultimate Hitchhiker's guide to the galaxy, achei engraçado que eu não possuía a menor lembrança desses 2 últimos livros. Não foi nada estranho reparar depois que nunca os havia lido. Cheguei a começar o primeiro há alguns anos, mas parei acho que na primeira página mesmo. Estava cansado da série. Aliás, acho que estava mesmo cansado do peso do livro. Todos juntos num só lugar pode ser uma boa economia na hora da compra, agora um tijolo de quase mil páginas está longe de ser confortável.

Enfim, finalmente terminei a leitura de todos os livros dessa saga escrita por Douglas Adams. Achei estranho que muita gente comente como se ainda pudesse haver alguma continuação. Sinceramente, não acho que há. Tudo termina numa louca gargalhada insana. Acho que não poderia ser diferente, a vida que o coitado do Arthur Dent levou era realmente digna disso. É bem bacana a ausência do Zaphod. Deixou o livro muito melhor e sem randomness.

Mesmo assim após terminar a saga, sinto um pouco de tristeza. Não sei se consegui pegar o que o autor realmente quis passar nesses dois últimos livros. O primeiro do título é provavelmente um trocadilho com temas ambientalistas. Aquela coisa do "nós é que estamos e extinção e precisamos de proteção". Também é interessante como o Arthur volta à terra tão mudado por sua viagem que ele se transforma em um estranho em sua própria casa, no caso, em seu próprio planeta. Conhecemos um novo personagem feminino que deixa claro como a Trillian é uma casca oca sem sal.

O segundo livro, Mostly Harmless, é intrigante. Achei-o desconfortável. Tudo que o Arthur consegue, ele perde e isso se repete várias vezes. Parece que o universo é um bully perverso contra o Arthur e fica testando sua racionalidade. Ele acaba virando uma espécie de Jó que só faz sofrer e no final não vai receber nada em dobro. A gente até imagina que alguma hora a sorte aleatória que Arthur sempre teve vai ajudá-lo, mas dessa vez seu inimigo, o universo, parecia ter um plano infalível contra ele. E ai temos a gargalhada final...

Deve ser coisa da idade, este último livro foi escrito alguns anos após os demais terem feito algum sucesso. Talvez tenha a ver com o trabalho ambientalista que o Douglas Adams vinha desenvolvendo. Ou mesmo tenha a ver com qualquer outra coisa, vai saber. Mas este último livro é realmente desconfortável. Certamente dá um desfecho que pode ser considerado final à saga, mas não é bem o que era esperado. Talvez o próprio autor tenha pensado nisto e quase uma década após Mostly Harmless tenha começado um livro que, dizem, terminaria a saga de um outro modo. Mais feliz? Menos? Não há como saber. Só visitando o Douglas Adams no além. Acho que ainda posso esperar alguns muitos bons anos antes de matar essa dúvida.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Releitura: The Ultimate Hitchhiker's Guide to the Galaxy

Dia desses me peguei pensando nesse livro. Lembrava de algumas piadas, do robô depressivo e dos golfinhos. Mas não conseguia lembrar de forma alguma de porquê tudo acontecia. Apos reler, noto que aparentemente... não há motivo para nada. O universo para Douglas Adams é um lugar estranho e onde muita coisa improvável acontece. É difícil dizer como seus personagens vão reagir diante dos acontecimentos.

O Arthur em geral assume a postura de bobo incrédulo. O Zaphod é completamente aleatório, o que o autor parecer considerar a genialidade do personagem. Trillian é uma figurante. Ford é realmente o palhaço da história, por vezes inteligente por vezes apenas serve para ficar em denial. Os demais personagens parecem apenas seguir uma obsessão clara e ignorar todo o resto. Aparentemente esse é o universo de Douglas Adams e na realidade é sua visão da humanidade. Cada um com seu problema ignorando tudo que não é o seu problema. Isso inclusive é a justificativa da tecnologia de invisibilidade em algum momento.

Em geral, nesse primeiro livro o grupo, mais o robô maníaco depressivo, está em busca de um planeta esquecido pelo tempo. Lá descobrem que a terra é um experimento e depois saem do planeta fugidos e sem que tenha havido algum motivo para eles sequer terem ido àquele planeta. É um pouco assim que toda a narrativa é levada daí então. É divertido, mas não faz muito sentido se você estiver pensando em alguma história. É uma espécie de sketch cronológico que leva nada a lugar nenhum com algumas risadas no meio.

Gostei bastante na primeira leitura, mas na segunda não havia surpresa alguma. Talvez deva esperar mais uns 20 anos até a próxima.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Game of Thrones

Acho que sou o último a assistir essa fantástica série. Mas lembro que a Globo existe e que ainda deve passar lá como alguma super novidade quando o 5º livro já estiver disponível em DVD. Mesmo assim, ainda valeria a pena assistir só para ver o que fariam com as traduções. Particularmente gostei bastante da versão do livro em português.

Tradução bastante fiel e pontual. Apenas nomes que teriam traduções aceitáveis foram traduzidos e nenhum deles era o nome de uma pessoa. Nesse caso, acho que as traduções ajudam a visualizar os ambientes mesmo. The Wall é bem claro em inglês, o tradutor quis passar essa clareza ao chamar o lugar de A Muralha. Red Keep virou Fortaleza Vermelha. Enfim, foram escolhas óbvias e felizes.

Voltando à série, posso dizer que gostei pra caramba. É tudo meio épico, até os jogos de traições para alcançar o trono. Talvez a série apenas peque em mostrar já coisas que só vão aparecer em próximos livros. Já mostram Theon Greyjoy bastante insatisfeito e razoavelmente insubordinado. Mostram também Renly com seu amante pensando no golpe. E os cadáveres de olhos azuis logo de cara. Há também alguns nomes que vão ter importância na história e sequer são mencionados, como o Roose Bolton e o próprio irmão do príncipe Joffrey.

Não acho que tenha sido de modo algum ruim. A série não está sendo feita a esmo. Está sendo bem trabalhada e pensando já no segundo livro e essa é uma tendência que deve continuar nas próximas temporadas. Em especial, gostei bastante da Daenerys. A atriz conseguiu manter o ar de jovem assustada do começo e cresceu conforme a história se desenvolvia.

Acho que com tudo isso nem preciso dizer o quão boa é a narrativa e o livro. Pelo que ouvi dizer, a tendência é só melhorar. Só fiquei com pena do Stark, achava-o bacana. But no more spoilers. Muito bom série e livros. Só espero que o autor não morra antes de terminar!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sou louco por ti Corinthians

Começou a roubalheira pra fazer esse time tão... honesto... campeão de novo. Sacanaj.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Tirant Lo Blanc

Ouvi falar desse livro pela primeira vez quando o Gussie comentou estar interessado nele porque é citado em Dom Quixote. Nessa época já havia lido Dom Quixote, mas juro não ter prestado nenhuma atenção naquela parte onde vários livros são queimados e comentados. Na segunda vez que li, reparei que este foi um dos poucos livros que foram salvos do fogo. E, realmente, mesmo na ficção seria um injustiça queimá-lo. Acho que esse foi um dos melhores livros que já li, mas talvez esteja exagerando um pouco.

Mesmo assim, qual o problema de exagerar? Muitas obras de cavalaria são todas baseados num exagero que beira o absurdo. Essa obra também não deve ser nenhuma exceção, mas nenhum de seus exageros beira o absurdo. Tirant é belo, corajoso, honroso e inteligente, mas ele ainda é só um homem. Em nenhum momento vamos vê-lo desbaratar um exército inteiro só com sua espada no estilo Chuck Norris medieval.

Cada luta sua é realmente uma batalha onde Tirant é obrigado a por sua vida em risco. Quando é contra grandes senhores, ele escapa geralmente por um fio. Quando enfrenta grande massas de inimigos, também precisa de ajuda dos seus para não ser mortos por vários. Podemos dizer que é extremamente poderoso, mas não é imune a ferimentos. Sentimos que Tirant é tão mortal quanto os homens que mata. Suas vitórias são mais baseadas na estratégia que em coragem ou força individual. Ele está mais para Sun Tzu que para um Hércules.

E é isso que o deixa interessante. Ele é humano. Ele se apaixona, ele se fere, ele tem medo e quando pensou que a natureza o mataria, ele chegou até a pensar mal do Deus que tanto ama. Ele é realmente e simplesmente humano. E é por isso que gostamos dele e é por isso que sofremos com ele e torcemos por ele.

O final também não deixa de ser menos surpreendente. É melhor não falar dele para evitar spoilers. Mas há um trecho que me empolgou bastante. Quando Tirant começa a juntar tropas para retornar a Constatinopla. Toda essa parte que envolve a convocação, a conversão, a contratação e movimentação de tropas contra o tempo curtíssimo, pois os turcos já batiam às portas de Constantinopla, lembram-me muito da cavalgada do exército de Rohan para ajudar na batalha de Minas Tirith. Lembro que quando li pela primeira vez o Senhor dos Anéis torci bastante para que desse tempo deles chegarem e ajudar na batalha. Mas toda a expectativa que senti com aquela cavalgada não se compara a que é criada por Tirant. Acho que sua chegada é o ápice do livro.

Acho que falei demais. Enfim, este é um grande livro. Algo para se ler e reler sem perder nada. Certo que alguns momentos pode parecer ligeiramente massante, mas vale lembrar que é um livro com mais de 500 anos. Isso realmente me surpreende em vários momentos, especialmente pela liberalidade e também da importância de várias personagens femininos na história. Valeu cada minuto de leitura.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Ficando velho

Descobri dia desses que o msn deixou de ser moda. O negócio da vez parece ser o facebook mesmo. Meio que uma pena já que demorei séculos para reunir todo mundo no msn. Ter todo o trabalho novamente não parece nem de longe tentador. Se bem que como ninguém reparou a ausência de 2 anos por lá, acho que podem esperar mais uns 10 antes que eu volte.

Agora realmente espero que essa moda de facebook não passe. Ia ser muito chato ter que mover todo mundo para a mais nova rede social que terá lasers e Angry Birds 6.0.