quarta-feira, 25 de junho de 2008

Relatório de estágio

Passei alguns dias pensando em alguma forma emotiva para dizer que não mais estagio num ambiente público (burocrático/democrático), mas acho que a única sensação que me restou foi a vontade de me superar por lá. Penso que só volto lá como deputado, mas é claro que isso é um exagero (afinal se no Brasil temos que sonhar com um emprego numa empresa, que seja o melhor deles. É melhor deixar as pequenas coisas para a realidade).

Outro ponto que me faz não querer atender esse desejo é que, ao acompanhar de perto os políticos de todas as situações, acabei ficando com pena deles. Deputado sofre muito. Parece brincadeira, mas é bem verdade isso. É fácil esquecer que eles são seres humanos e que não dá para classificá-los em largos grupos com bandeiras de partidos no lugar de faces.

(Claro que também preciso assumir que vi de tudo lá. Dos tipos mais inocentes aos mais nefastos de corrupção e abuso de poder/autoridade/voz/gordura/paciência/etc. Boa parte não é tão grosseiramente culpada, mas a inocência ainda persiste em um ou outro. Por incrível que pareça, de fato, existe deputado honesto).

Servidores públicos são quase iguais. Com a diferença de não serem votados. Se bem que na casa legislativa há uma diferença entre eles. São três tipos de servidores basicamente: os contratados (com direito a permanecerem calados e enfiarem o rabo entre as pernas; são a base da pirâmide), os comissionados (com direito a voz depois de declarado enfio de rabo entre as pernas; maior segurança, mas direito algum) e, por fim, os concursados (com direito a falar sem enfiar nada em lugar nenhum e com o direito a trabalhar como quiserem; sim, aqueles que envelhecem, fazem piadas e palavras-cruzadas enquanto procuram aquela ficha que você espera por 3 horas). O legal de minha generalização é que nem é tão assim que ela se apresenta na realidade.

Também há outra esfera de poder: os sem poderes. Se pensou em serventes e vendedores de sala-em-sala, você se engana. Quem não tem nada mesmo é estagiário (apesar de que lá há relatos de estagiários com Mercedes e BMWs). Estudante ganha menos que o servente de lá.

Enfim volto ao status de quem não tem nada para fazer. Vou poder continuar as leituras atrasadas e curtir minhas primeiras férias em quase 2 anos. De quebra ainda arranjei um pc novo com o qual me ocupa em ocupar os 250 GBs de HD que ele tem.

Agora chega de diarinho. Sempre achei relatórios de estágio coisas inúteis. São como uma redação de "minhas férias" (ou de "como fiz para me manter ocupado durante o recesso" no caso instituições federais grevistas). A diferença é que esses ninguém lê mesmo e só resta a leve impressão de que já vamos tarde.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Sobre como eu percebi o princípio do fim do Universo

Começou com uma afta. Por três dias ela continuou crescendo sem dar sinais de trégua. Logo percebi que nem o Universo lhe será o bastante.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A Peste (again)

No fim das contas, a peste me fez refletir. Fiquei pensando se realmente havia pego a idéia lá do Camus (franceses têm essa habilidade de serem geniais travestidos de idiotas fazendo coisas idiotas. Por exemplo, Victor Hugo, que se meteu em política francesa, e Alexandre Dumas pai, cuja foto dispensa comentários). Foi enquanto debatia o assunto com meu eu-lírico que cheguei a uma conclusão: Camus é genial.

Tudo é questão de uma simples interpretação.

Lá estava Deus sem fazer nada porque fez tudo em sete dias e ficou com o resto da eternidade livre quando observou uma cidadezinha feia cheia de franceses fazendo o que franceses fazem: falam francês em cafés enquanto tomam vinho e falam sobre arte (sem esquecer a expressão blasé jamé). No meio de todos aqueles serem empertigados de egos avantajados, havia um médico (o protagonista e narrador) que se destacava na arte de ser mais francês que os demais franceses (além de todo o resto ele era ateu e moralista).

O Pai Todo Poderoso pensou consigo próprio: "ó meu Eu! Preciso fazer esse meu filho a quem já perdoei pensar um pouco".

Deus, que já havia deixado tudo pensado de antemão, sacou seu plano secreto de fazer as pessoas pensarem. Funcionou muito bem na primeira vez que foi usado, mas Deus decidiu aderir a moda e optou por tirar coisas bregas como gafanhotos, sapos, rios de sangue e chuva de fogo. Os franceses seriam insensíveis a castigos divinos. A única coisa que poderia chocá-los seria um ultra-naturalismo seco e escarrado.

A primeira ação é mandar peste na cidade do sujeito a ser atingido. A peste não é exatamente chocante, mas como o alvo é médico ele vai ter que olhar para ela e meter a mão na massa. O ataque de Deus é claro, pois o primeiro a morrer de peste é o porteiro do médico. Desde o primeiro caso o médico já entendeu que a peste servia para refletir, mas sabem como é? Deus gosta de ter certeza.

Só para confirmar a reflexão, a peste leva o Juiz, o Padre, os amigos, a esposa, milhares de pessoas que eram enterradas em valas comuns ou cremadas, todos os ratos, todos os gatos e todos os cães (imagino que todas as pulgas também). No fim o Pai olhou orgulhoso para seu feito e viu que havia atingido o objetivo estabelecido antes do surgimento do cosmos: o médico estava refletindo (fora dos cafés, por sinal).

No fim Camus consegue pintar uma figura do que é necessário para fazer um francês típico pensar. Afinal tem alguma forma mais fácil que essa?

domingo, 15 de junho de 2008

A Peste

Sempre tive um pouco de nojo de quem lia esses autores franceses metidos a filósofos. Quando via alguém com o Foucalt na mão, eu começava a rir como quem lembra uma piada que não havia entendido. Enfim, vivia feliz com os meus preconceitos.

Desde Botchan peguei um mal hábito que, sabe-se lá porque motivo, me parece divertido: pegar um livro qualquer na biblioteca seguindo um critério aleatório e arbitrário. Em Botchan, foi a capa que me atraiu. Agora por que diabos um francês metido a filósofo veio me atrair? Ok, eu sei porque.

Primeiro, porque o livro era novo e isso realmente tem muita influência (minhas delicaladas mãozinhas não gostam de poeira feia-feia-feia). O segundo motivo foi porque li as primeiras páginas e nelas vi algo bem saramagonesco. Algo realmente legal.

Bem, logo de cara Albert Camus apresenta Oran, uma cidade feia e cheia de gente que está nem ai para nada (imaginei uma cidade cheia de gente que veste boinas e enche os cafés um olhar blasé). Do nada, os ratos da cidade começam a morrer, mas ninguém se importa. Também do nada, quando já não há mais ratos, as pessoas começam a morrer, mas ninguém se importa. Até que a cidade é fechada e posta em quarentena. Parecia tudo bem encaminhado, mas...

Para mim o livro termina ai. Depois disso o que vemos é enrolação sem igual. A palavra 'peste' é repetida tantas vezes quanto 'confusão' em propaganda de Sessão da Tarde ou 'adrenalina' em Tela Quente. Nesse ponto, ele começa a argumentar que a 'peste faz as pessoas pensarem'... doeu fundo. Lembrei de quando ouvi na faculdade sobre um lugar que as pessoas não tinham onde cagar, "mas o pior mesmo é elas são analfabetas", disseram. O pior mesmo é que ele escreve bem; ele tinha uma boa idéia; mas ele precisava jogar tudo fora como jogou?

Quando já não tinha mais o que dizer sobre a peste e sobre reflexão de dor e isolamente, Camus começa a matar seus personagens. Faz sentido quando milhares de pessoas morrendo de peste. Ele mata justamente quem tomou todos os soros e se cuidou (e teve um que foi o único a morrer na história inteira de outra doença). Ou seja, mata só para dizer que peste é isso mesmo e que todo mundo morre. Só sobrevive o narrador que deixa sua mensagem de: "pense nisso, ui!".

A conclusão é uma daquelas do tipo: 'ó meu Deus! Vamos sempre lembrar da peste e do que ela nos causou'. Enfim... decepciona.

Mesmo assim, não largarei meu hábito. Já peguei aleatoriamente "E Jimmy foi ao Arco-Íris" de Simmel. Pode até ser ruim, mas não resisti ao título.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Aliviado

Sabe... estou bêbado. Não só pouco bêbado, mas completamente ébrio (só para usar uma palavra diferente). Mas tudo tem um motivo, é bem verdade. O meu é muito simples. Meu time me surpreendeu e vai agora disputar a Libertadores da América. Lembrando que ganhar do Coringão sempre é bão!

ps: será que cabe mais uma estrela?

sábado, 7 de junho de 2008

Explorando o esporte

Eu realmente sou ruim em esportes. Mesmo assim ignoro minha condição de perna-de-pau convicto e constantemente me arrisco entre as quatro linhas com o objetivo de não provocar gols contra meu time (o que nem sempre acontece). Como torcedor também não escolhi um dos melhores do mundo. O meu Sport apenas consegui perder de 3x1 para o Coringão. Se depender da torcida contra-coringão, venceremos a Copa do Brasil e o caneco ficará por aqui mesmo. Mas ok, essas chances de ser campeão não acontecem sempre com meu time. Prefiro ignorar a realidade e sigo torcendo pelo meu time (tipo, pelo menos somos melhores que a Ponte Preta que em 200 anos de história nunca ganhou nem o campeonato paulista).

Mesmo assim o Gussie me atingiu dizendo que não entendo nada de esportes. Tive que concordar em parte e decidi procurar entender um pouco mais sobre algum esporte bizarro e desconhecido. A primeira opção era a luta greco-romana, mas depois que o Pops Racer mostrou o quão legal ela pode ser nem tem mais graça falar nela como luta estranha. Aliás, quase qualquer arte macial é amplamente conhecida. Até estilos de países improváveis, como o Krav Magá de Israel, ou criados para serem 'sem estilo', como o Jeet Kune Do de Bruce Lee, são reproduzidos por semi-nerds anabolizados em diversas academias por ai.

Ah, sem esquecer do ninjutsu, claro. Afinal o que seria da sessão da tarde nos anos noventa sem aqueles filmes de ninjas americanos e garotos ninjas? Também vale lembrar todas as reportagens com aquele povo que acha o máximo ser ninja e diz que tem muita filosofia por trás daquelas roupas discretas.

Enquanto divagava entre o Judo e o Wushu, acabei lembrando da pior e mais bizarra arte macial já inventada: o Sumô. A luta consiste em dois gordos lambuzados de sal, ervas e usando fraldas fio dental que tentam se derrubar mutuamente no chão ou fora do ring. Uma invenção genial dos japoneses que conseguiram criar rituais complexos e deram status a pessoas que conseguiam ser bons naquele tipo de luta. Na verdade, acredito que seja a única luta no mundo que conseguiu fazer isso com os gordinhos (a não ser que você acredite naquele filme do gordo ninja da sessão da tarde). O Sumô também ajudou a desenvolver a tecnologia de prendedores fraldas (graças a Deus Pai Todo Poderoso, elas são muito bem presas). Além disso, os japas gordos foram os primeiros (muito antes das feministas) a mostrarem com orgulho toda a extensão de suas celulites.

Após a breve e aprofundada pesquisa que fiz, fui buscar algo para ilustrar. Acabei descobrindo que os japoneses realmente conseguem tornar qualquer coisa estúpida ainda mais imbecil.



Os americanos não ficam muito atrás ao achar que podem fazer algo legal com lutadores gordos.



Pós-aviso: cuidado ao visualizarem esses vídeos. É necessário ser estômago forte.

No fim aprendi a lição e descobri que é realmente bom ser ocidental. Além disso, pretendo nunca mais tentar entender de esportes e muito menos de arte marciais (com excessão da luta de mulheres na lama; essa ainda merece especializações contínuas).

terça-feira, 3 de junho de 2008

Sul X Nordeste (uma daquelas rivalidades que a Globo inventa)

Pode até não parecer, mas aqui no Nordeste a gente realmente não tem o que fazer. Não parece porque há cidades como Porto Seguro, Salvador, Fortaleza e Recife que dão a entender que sempre teremos chance de encontrar alguma coisa no caderno cultura (nem que seja ajudar uma ONG que limpa catarro de bebês cegos, ou um show exclusivo de qualquer cantor bicho grilo vestido que nem Chico Science e cantando algo entre forró, axé, rock e maracatu). Mas no geral o Nordeste é uma grande faixa de terra sem ter nada para fazer, além de reclamar que a mesma seca de quinhentos anos atrás está fazendo o povo sofrer e pedir ajuda do governo.

Essa falta do que fazer acaba levando os nordestinos a achar que sua própria falta do que fazer é culpa do excesso de coisas para fazer que os estados do sul/sudoeste possuem. Uma lógica muito acertada. Afinal, se seu vizinho é mais rico e culturalmente mais bem formado e diversificado que você, ele está moralmente obrigado a dividir tudo isso com você, pois vocês são vizinhos! Vejamos pelo bom lado, há criancinhas do sul que ficam felizes quando ajudam os pobres nordestinos. Sempre é lindo ver um sorriso no olhar de uma criança.

Não era sobre uma rivalidade social que eu queria falar. Aliás, nem me importo com elas. Mas, ok, há uma que cultivo. Uma rivalidade futebolística. Apesar de eu não achar que ele chegaria lá, meu Sport eliminou o Vasco (com direito a falha de arbitragem e penalti à la Baggio) e está na final da Copa do Brasil. Essa vitória coloca o Sport o mais próximo da Libertadores, mas pela frente temos o time com a maior cartolagem já sonhada no futebol brasileiro. O Coringão tem no histórico uns quatro campeonatos da Série A suspeitos (o último com suspeitas comprovadas e escancaradas) e alguns não-rebaixamentos milagrosos demais.

É um adversário duro. Humilhado ano passado por não ter conseguido permanecer na elite nacional (na ocasião, o Goiás conseguiu um bom resultado contra um Internacional cheio de mágoas pela perda de um campeonato ajeitado para o alvinegro), o Corinthians chega cheio de vontade para ganhar a Série B invicto e já estrear na elite nacional e na Libertadores no próximo ano. Parece tudo muito ajeitado para que esses sulistas atinjam suas metas. Só falta combinar com o Sport.

O Sport está fazendo uma campanha belíssima na Copa do Brasil. Tirou Imperatriz-MA (grande potência maranhense), Brasiliense (campeão distrital), Palmeiras (campeão paulista de nariz em pé), Internacional (campeão gaúcho que comemora antes da hora) e por fim o Vasco (com Edmundo, o melhor cobrador de penaltis do mundo). O Sport vem melhor e derrubou melhores. Basta que não aconteça nada de suspeito para que ele consiga o caneco inédito para o Nordeste (e do jeito que somos por aqui, vamos nos gabar durante anos de ter conseguido algo que lá é comum. Quase como quem diz com orgulho e sotaque: 'Aqui tem coca-cola, sim!').

Agora chega de parêntese. Até lá, esperemos o resultado (e que seja positivo).

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A brilhante história do jornalismo universal em PE (em suma: Falta do que fazer)

Sou distraído. Qualquer coisa é suficiente para jogar minha atenção para Marte em busca de lojas conveniência. Claro que, quando fui escalado para fazer pesquisas nos jornais do Arquivo Público daqui (muito bom, limpo e organizado apesar de público), acabei sendo levado por outras manchetes que mostravam o brilhantismo boêmio do jornalismo pernambucano. Ai vai uns exemplos literais de 1966:

- "VACA DOENTE MORREU NA VIA PÚBLICA E TALHADOR QUERIA ESQUARTEJÁ-LA PARA VENDER CARNE AO POVO".

- "LEOA MORRE NO ZOO E MACHO TERIA NOME DE 'LEÃO PENTEADO'".

- "UM DRAMA DO MOMENTO: FERTILIZANTES".

- "SÁTIRO É PELA ELEIÇÃO DIRETA E ACHA LEGÍTIMO CANDIDATURA DE COSTA E SILVA".

- "FANTASMA ESTÁ ASSOMBRANDO POPULAÇÃO DE CARNAIBA DE FLÔRES".

- "'CORAR ATÉ QUE ME ASSENTA BEM, E VOU ME APROVEITAR DISSO!'"

- "BRASIL DEVERÁ TER PRESIDENTE MILITAR ATÉ O ANO 2000".

- "MORTO O POPULAR NA RODOVIA BR-25, PELO CARRO EM DISPARADA: MAIS 4 ATROPELAMENTOS".

- "TÉCNICOS: NÃO HÁ SÊCA NO PIAUÍ".

- "'GALEGO' SURROU DE CACÊTE O POPULAR EM PRAZERES E FUGIU".

Uma outra coisa legal que tinha no caderno de esportes era a cobertura do turfe. Com direito até as fotos 3x4 dos cavalos favoritos.

ps: repostando e tentando curar o bug.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Por cima do ombro

Todo mundo tem manias péssimas. A minha só calhou de ser um pouco mais péssima que algumas, mas certamente muito menos péssima que a maioria. Eu tenho compulsão por saber o que as pessoas estão lendo. Não é perguntar a amigos ou nem ler todos os best-sellers disponíveis no mercado. Minha compulsão é só ficar curioso quando vejo alguém lendo algo em qualquer lugar. Pode ser na rua, num parque, na Igreja, numa sala de aula, no ônibus, numa livraria, até mesmo durante provas de concurso eu dou aquela olhadinha só para saber que parte o cara do lado está lendo (mas não copio nada porque parto do pressuposto de qualquer outro candidato é uma porta).

Claro que essa minha mania me faz ver algumas coisas curiosas. Principalmente quando se usa veículos coletivos lotados de universitários. Sempre há uma xerox ou outra. De saúde até exatas e passando por todas aquelas ciências humanas (aplicadas ou não, filosóficas e sonhadas). E foi nesse meio que vi um capítulo genial sendo lido: "emoção e valores".

Pena que não descobri o livro, mas só aquela página já deu para notar a genialidade seu conteúdo. Ele dizia que "quem mata sua espécie é irracional". O curioso é que para provar isso, não há nada mais óbvio que o o exemplo do ano de 1204, quando os cristãos invadiram Constantinopla e saquearam a cidade matando seus irmãos. Em cima disso o autor começava um debate polêmico: é o homem um ser racional ou emocional? Tudo baseado no argumento da frase aspeada.

Assassinato é irracional? O próprio google dá como resultado da busca por 'irracional' os números. Já o assassinato me parece algo muito mais lógico que qualquer emoção. Quem mata, sabe que aquilo que mata é um obstáculo a sua própria felicidade que pode ser removido caso morto. Então qual é a irracionalidade do assassinato?

Ele pode ser moralmente questionável e legalmente 'feio, feio, feio', mas irracional é a última coisa que ele é. Há nele uma lógica muito mais óbvia que em muitos outros lugares. Por exemplo, se o Ministério do Meio Ambiente tivesse uma lógica simples dessas, provavelmente seria mais fácil resolver o problema da Amazônia. "Quem derrubar árvore, morre!". Simples, efetivo e bastante retrógrado. Uma volta bastante funcional ao estado de natureza que colocaria todos os serralheiros nos eixos.

Mas, ok, apesar de desejar imensamente a morte de mais da metade das pessoas do mundo (a maior parte ou feia ou burra), penso que iria ficar meio fedido se elas realmente morressem. Deixo que a seleção natural dê conta do meu desejo e que elas simplesmente não existam num futuro brevíssimo.

domingo, 18 de maio de 2008

Do futebol em outras partes

Nascer no nordeste e, principalmente, viver nele tem suas desvantagens. Uma delas (que me parece a mais triste) é que aqui temos uma chance de acabar torcendo por times da terra. Não é obrigatório torcer para times daqui, há muita gente que torce para Corinthians e Flamengo por essas bandas. Mas morando em cidades como Recife, Salvador e Fortaleza, você tem uma considerável chance de torcer para times regionais, cujas glórias não estão nem no passado e muito menos no futuro.

O mais frustante é que você torcer mesmo. Aqui há rivalidades que até o garoto gelado percebeu há meio século. O povo realmente briga por futebol e realmente se empolga (com a exceção do Santa Cruz que agora habita a série C, mas não foi esquecido na página principal da globo. I wonder why). Todos os anos, a torcida inflamada fica sonhando com títulos que seus times não ganharão. "O que custa sonhar, não é mesmo?" sempre diz alguém.

Quando saimos do plano das rivalidades locais e vemos os jogos do campeonato brasileiro, a diferença fica, no mínimo, escancarada. Basta notar que na série A de 2007, o Nordeste se viu representado por três clubes que terminaram o campeonato em 14º, 15º e 20º (sendo este último o dono da importante marca de pior campanha disparada da história do campeonato brasileiro. A façanha do América-RN foi conseguir 11 pontos a menos que a então pior marca de 28 pontos do Santa Cruz em 2006. Um aproveitamento de 15%). Este ano, novamente o nordeste vem com três clubes. Será que alguém vai barrar o América-RN?

O pior mesmo acontece quando seu time começa a fazer bonito. Você como torcedor se enche de orgulho. E mais, outros torcedores se enchem de orgulho. Você a camisa de seu time em várias pessoas (até em mendigos) e acaba sorrindo para todas, porque você sente finalmente que há algo em comum entre você e sua terra. Você realmente começa a acreditar que chegou a hora de seu time sonhar com vôos mais altos e começa a bradar coisas sem sentido. "Que venha a Copa do Brasil, o Brasileirão, a Libertadores e Tóquio. Já comprei até a passagem para o Japão".

No fim, o realista sabe que lugar realmente seu time vai ocupar e vai ficar feliz com uma Sul Americana ou em não ser rebaixado, enquanto os outros torcedores decepcionados vão exigir explicações sabe-se lá de quem.

É o que vejo acontecendo ao meu querido Sport. Eliminamos os favoritos Palmeiras e Internacional da Copa do Brasil. Agora vamos enfrentar o Vasco cheios de empolgação e seguindo a lógica do 'quem elimina dois favoritos, passa a ser o favorito'. Até já estamos nos achando da Libertadores. Mas como torcedor acostumado a sofrer, só espero a manchete vermelha e preta: 'Acaba o sonho do Leão'.

.....

Um ps: se realmente acontecer de ganhar a Copa do Brasil. O Recife não irá dormir por uma semana. Então realmente fico na dúvida se é melhor perder ou não.

sábado, 3 de maio de 2008

A volta das Heleninhas

Como já disse antes, num ambiente político/público se discute todo tipo de absurdo ou assunto. É tudo uma grande e infinita repetição de fatos sem que exista nenhum progresso para lado algum. Há até quem diga que é esse processo que acaba desestimulando os parlamentares. Mas fala sério, eles criaram toda essa burocracia para si, pelo menos fico feliz em descobrir que alguns deles sofrem com isso. Para variar, não é sobre isso que vou falar. Apesar de tudo ser um grande teatro em repetição, algumas coisas acabam chamando nossa atenção.

Numa audiência pública que discutiu o inédito tema da violência infantil foi chamado um professor meio doido de minha terra (que foi censurado da matéria, por que será?). Segundo o professor Maluquinho, a violência é uma característica inata do ser humano, então era bobagem isso de 'aumento da violência contra menores ou de menores'. Tudo isso era natural e sempre vai existir.

Outro ponto do Maluquinho é que a família não está em crise. Para ele os valores da sociedade estão mudando e com eles a família também muda. Em miúdos, a família moderna é aquela de pais presos, das mães adúlteras e de primos-irmãos (além de outras combinações mais criativas que me dariam um processo se escritas), mas nada da família ser causa de violência.

Quando já estava me coçando, crente de que ia ouvir mais uma explicação sobre os valores do Estado criam violência ou algo como impunidade gera violência, o Maluquinho me surpreendeu. A verdadeira culpada da violência juvenil no país são as Heleninhas. E não pensem que ele deu uma de Cristóvam Buarque e prometeu salvar o mundo com a educação. Quem ensina ética e moralidade e nos impede de sair por ai tocando fogo em mendigo e baleando as pessoas são as professorinhas primárias. A verdadeira culpa da violência no país é das Heleninhas que não são mais o que foram.

Elas podem até não estar mais controlando a violência juvenil, mas um dia podem aprender a ser gostosas e fazer o que se faz em países ricos. Assim com certeza a violência dos pirralhas seria contida e o Brasil ia ser feliz para sempre e eternamente.

sábado, 26 de abril de 2008

Catota

Pré: é um conto que acabei fazendo para não dormir quando estava sem pc e sem vida social. Não esperem nada de bom.

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Catota nasceu numa família pobre que morava num bairro pobre. Logo cedo viu que a voda não lhe seria fácil. Seu pai foi preso e sua mãe lhe deu mais sete irmãos. Teve que trabalhar pedindo esmola para sustentar sua família quando sua mãe adoeceu. Ainda assim era obrigado a ir na escola para dormir por algumas horas. Tudo para não perder o benefício do governo. Aos doze, conseguiu um empréstimo de um garoto da ONG de seu bairro. O garoto ONG deu o dinheiro para Catota comprar um caderno de estudos. Catota usou a oportunidade para empreender seu primeiro investimento financeiro: um sacão de pipocas. Pode não ter estudado nem ser inteligente, mas com aquele saco Catota aprendeu um lição ao abrir falência: pipoca não é empreendimento. Pobre Catota, o garoto ONG deu dinheiro para todas as crianças do bairro que compraram pipocas. Pobre Catota, se tivesse comprado um caderno poderia vendê-lo para ajudar a família.

Um dia sua sorte iria mudar. Essa era uma certeza que sua mãe tinha. E não se enganem, a mãe de Catota não era mulher de ter certezas. Ela aprendeu desde cedo que pobre não pode ter certezas. Mesmo assim tinha duas: ela própria não teria futuro e Catota teria algum futuro. A primeira certeza veio quando ela nasceu. A segunda veio quando ela pegou se filho comendo catota para passar a fome. Nenhuma outra criança da favela fazia aquilo. Assim não era difícil perceber que Catota era especial. Também não era difícil perceber como ele ficaria conhecido. Para a mãe de Catota certezas eram coisas simples e perceptíveis logo de cara. Talvez por isso ela não tivesse tantas certezas. Pobre mulher, nunca pensou que o futuro do filho poderia pior que o seu próprio. Pobre mulher, não foi dotada de inteligência, fortuna e sorte.

Na verdade, a mãe de Catota tinha sim alguma sorte. Morreu sem ver a cara de tristeza de seus sete filhos. Mulher de sorte, nem viu o espanto de Catota, que aos dezoito anos se viu órfão, pobre, preto, feio, virgem, fudido e precisando cuidar de sete irmãos. Falando assim, parecem ainda maiores, mas não seriam suficientes para espantar Catota. Afinal todos sempre existiram, a exceção de um, claro. O que preocupava era como levar seus sete irmãos devolta para o barraco. Foi um primo distante, daqueles que de parentesco só restou a pobreza, que levou os irmãos para o cemitério público. Depois ele seguiu estrada para nunca mais dar as caras. Antes de partir fez um gesto de nobreza, provavelmente o único de sua vida, e deu um dinheiro para ajudar nas despesas. Pena que aquele dinheiro nem desse para a passagem de volta. Pobre primo distante, só quis ajudar. Pobre primo distante, mal sabia que Catota lhe seria eternamente grato por um tempo.

A mãe de Catota era mulher alguma religião. Como alguma não é algo definido, nem os espíritos podem dizer para onde ela foi. Uns dizem que ela reincarnou em alguma branca sueca pobre. Outros já dizem que ela virou uma estrela que brilha sobre a favela. Há sempre aqueles que dizem que alma de pobre só sobe aos céus. Mas houve um, só um, que achava que o espírito da mãe de Catota tinha virado uma brisa, daquelas que trazem bons e maus presságios, ou que pelo menos nos dizem para sair de guarda-chuva. Alheio a todo esse debate espectral, Catota decidiu fazer alguma coisa daquele dinheiro. Acabou experimentando sua primeira certeza: não compraria um sacão de pipocas. Foi então que uma brisa soprou e seguiu até a loteria. Essa brisa iniciou uma grande discussão semi-devastadora entre os espíritos que só foi resolvida quando todos concordaram em voltar a discuti-la no próximo congresso dos espíritos de origem/destino indefinidos que acontece em Agosto. Catota desconhecia sinais e muito mais. Ele se achou muito esperto por arriscar toda sua fortuna num só bilhete. Pobre Catota, passou fome por ter gasto aquele dinheiro. Pobre Catota, ganhou e nem sabia o quanto valia doze milhões.

Pode até não parecer, mas doze milhões é realmente muito dinheiro para uma pessoa só. É mais do que alguém que trabalhe a vida inteira vendendo pipocas pode conseguir. A não ser que você seja um rei das vendas de pipoca. Doze milhões parece saldo de balança comercial que se vê na tv; ou então custo de obras desnecessárias do governo. O governo saberia como gastar aquele dinheiro, Catota não. Pensou em comprar pipocas, mas se lembrou da última falência. Pensou em colocar os irmãos para estudar, mas se lembrou do próprio estudo. Pensou em doar para a Igreja, mas se lembrou que ela só pegaria 10%. Catota acabou se lembrando de algo que deveria ter feito no passado quando teve dinheiro. Gastou cada centavo do que tinha em cadernos. Pobre Catota, mal sabia o que estava fazendo. Pobre Catota, não tinha noção do quanto valia doze milhões nem da quantidade que seria isso em cadernos.

Sem ter idéia do que tinha feito, Catota começou a vender cadernos. Os primeiros compradores foram os garotos das ONGs; aparentemente eles realmente usavam cadernos, Catota nem imaginava como. Os segundos compradores foram donos de papelarias; esses vieram reclamando do preço, da qualidade, do governo, da concorrência e da safra de trigo. O terceiro comprador foi o governo, que chegou acusando Catota de monopólio, dumping e formação de quadrilha. Os cadernos foram confiscados para o bem público e Catota foi indiciado criminalmente. Pobre Catota, perdeu tudo antes de ter noção de quanto tinha. Pobre Catota, experimentou sua segunda certeza: nunca seguir conselhos de garotos de ONGs.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Coitados

Acabei ficando com pena desses hackers aqui. Ser obrigados a ler Sagarana e Vidas Secas e além de tudo fazer um resumo de dez páginas me parece um tratamento desumano a qualquer um. Antes a cadeia ou o trabalho social com os meninos das favelas.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Botchan

Toda universidade pública tem locais obscuros onde seres estranhos habitam. No caso da UFPE, a Biblioteca Central é o lar destes seres (dizem que seres mais estranhos habitam no centro de artes. Até agora ninguém são voltou para contar a experiência). Nesta biblioteca os livros estão em tal estado de abandono que poderiam ser considerados seres vivos pela quantidade de fungos que neles habitam. Além disso, famílias inteiras de ácaros vagam por aquela terra santa.

Foi andando por lá para matar o tempo que achei uma pérola. Um livro novo que brilhava na prateleira chamou minha atenção. Em três segundos percebi que ele ia ser roubado, pois alguma anta pública colocou a tarja magnética na contra-capa removível. No quarto segundo me surpreendi, pois o prefácio comparava esse livro as Aventuras de Huckleberry Finn e a Catcher in the Rye. Saí de lá feliz com o livro.

Ainda assim, o autor era um japa e isso sempre me dá a sensação de que vai sair algo semelhante a anime, mesmo que a obra tenha sido escrita em 1902. Botchan conta a história de um jovem revoltado que por sua própria porra-louquice acabou como professor de matemática em um lugar perto do fim do mundo onde se mete em muita confusão causada por pessoas sem moral e noção de honra (macacos do interior, na sua própria definição).

O primeiro capítulo do livro é genial. Lá Botchan apresenta toda sua capacidade de se meter em confusão e também sua honra em assumi-las. Nada de sair se escondendo por ai ou fingindo que não fez nada. Quando ele se forma e sai de Tóquio, Botchan passa a ter que conviver com pessoas dissimuladas e covardes no interior do Japão. Não pude deixar de pensar em Ayn Rand com seu mundo dominado por saqueadores morais. Natsume Soseki coloca Botchan contra o sistema, mas é impossível de levar o protagonista a sério. Suas brigas e seus protestos são tão infantis quanto a cara de pau dos outros. E assim ele segue sem perceber um palmo diante de seu nariz e agindo sem pensar.

As vezes parece que o autor quer mostrar o Japão em transição do feudalismo fechado para um império mundial. Botchan parece um samurai com 100% de honra e nenhum neurônio e todo o resto é rato capitalista querendo perverter o sistema. No fim das contas o autor só queria contar uma história de um professor falando mal dos alunos e mostrar que aquele tal 'futuro da nação' não passava de um bando de arruaceiros.

Não vai emocionar nem fazer alguém mijar de rir, mas vale a leitura. Até porque daqui a alguns dias seremos nós a falar mal da juventude.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Peter Pan

Esta obra de J. M. Barrie é um belíssimo conto de fadas... Eu deveria parar por aqui, mas ia ficar com a sensação de post desperdiçado. O que me faz sentir que não precisaria dizer mais é o fato deste livro ter uma interpretação muito pessoal. Isso é completamente óbvio, mas é que ele acaba fazendo a gente refletir sobre diversos temas não relacionados diretamente com o livro. É o popular abaixar o livro e olhar perdido para cima em algum outro pensamento completamente aleatório.

Nisso ele me lembra O Pequeno Príncipe. Não por causa de todo aquele lero-lero emocional e bonitinho, mas pela capacidade de propor ou tecer reflexões de acordo com nossa vivência. Quem o ler com 15 anos, vai ter uma interpretação diferente de quem o lê com 20 e assim por diante. Creio que só lá para os 40 ou 50 é que se pode ter uma interpretação plena da obra (mas se você interpretou e deduziu tudo que está lá escondido antes, então você é uma pessoa velha e convencida).

Peter Pan é um conto de fadas por natureza (dã). Mas basicamente ele narra as aventuras de Wendy e seus irmãos em Neverland (Terra do Nunca, todo mundo com mais de 18 anos lembra). Neverland é uma terra real apenas para seus habitantes, mas recebe sempre a visita imaginária de todas as crianças que sonham. Não é preciso dizer que lá há um espaço para todo tipo de magia.

Peter Pan é alma de Neverland. Ele é a personificação de todas as crianças. De todas as suas aventuras, coragem, dúvidas, medos, criatividade e por ai vai. Mas a principal qualidade de Peter (além de não envelhecer e de voar) é a sua arrogância. É nela que está toda sua força e é por ela que todos são atraídos. E não como dizer que arrogância é uma parte fundamental da infância? a diferença é que Peter era arrogante porque ele tem plena confiança em tudo que faz e realmente consegue fazê-lo. E lá temos a criança perfeita.

Mas o que me surpreendeu não foi nenhuma das crianças, mas sim o Capitão James Hook (Gancho, dã). Amargurado, medroso e vingativo. O cruel pirata que no fundo só parecia querer ser criança. Ele tenta conversar algumas vezes com seus homens, mas estes parecem burros demais para entendê-lo. Tadinho dele. Deu até vontade de assistir Hook de novo e desta vez torcer pelo capitão.

Há algo que não pode deixar de ser dito. Apesar de ser um livro fabuloso, esta é uma fábula para garotas. Mas isto não é exclusivo. Essa orientação vem da narradora Wendy que consegue ser com Peter irmã, amiga, namorada, esposa e mãe. Mas Peter só admite crianças como mães. Assim que sua atual mãe cresce, ele logo a esquece e procura outra. E é assim que no final Peter vira a própria infância. O que me leva a pensar em assistir Hook novamente: 'e se Peter Pan crescesse?'.

Enfim, admito que o livro ainda me faz pensar num monte de besteiras aleatórias. Mas é um livro realmente belo e empolgante. Uma leitura para uma vida inteira.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Espaço Público

Após ler um pouco a constituição e observar o funcionamento de uma Assembléia Legislativa cheguei a uma conclusão bem simples: Toda Assembléia é um Diretório Acadêmico. Isso acontece porque ela é praticamente impedida de legislar sobre qualquer besteira porque o Congresso e o Senado já são responsáveis por tudo nesse país.

Só para não dizer que não fazem nada: eles tem que aprovar os planos-plurianuais e orçamentos do governo todo ano. Isso consiste em ouvir o Secretário da Fazenda por horas sem fim até alguém dizer: "chega! vamos jantar". No mais, só ficam levantando discussões sabe-se lá o por quê.

Mas o que é realmente pior nisso tudo é o nível das discussões. Audiências públicas são montadas somente para quem é a favor do que está sendo discutido. Houve uma bem legal que era sobre presídios femininos e os riscos que os filhos de almas sebosas corriam lá dentro. Ai do nada aparece uma dessas figuras feministas e racistas negras que dizia que deveria ser estudado com atenção o caso das mães negras e dos filhos negros (porque branco não precisa de nada). Ou então, quando se discute a questão de pesquisas com células tronco só chamando pesquisadores. Ou a questão do açúcar e do álcool só com a presença de plantadores de cana.

Tudo observando o mesmo critério de diversidade de opinião presentes nos diretórios acadêmicos.

Mas é nos encaminhamentos que uma Assembléia fica igual a um DA, pois após horas de discussão, alguém percebe que não há nada a ser feito e simplesmente nada acontece. Até porque não se aprova nada em audiência. É só um espaço, hã, para o povo falar. Muito útil por sinal.

Mas ok, Assembléias podem conceder título de cidadão! Sempre a pessoas muito importantes para o estado, como Fernando Henrique Cardoso é para, hã, Pernambuco.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Rebels on the Air

Qualquer livro técnico, ou que trate de algo mais ou menos acadêmico, ou que simplesmente trate da história de alguma coisa, é chato, certo? Sim. Mas temos que observar qual história seria essa primeiro (óbvio). E se o livro tiver capa vermelha, estrelas e um nome de música punk ou metal melódico então há que se ter algum receio.

Por sorte, Rebels on the Air só me parece nome de banda punk ou música de metal. De resto, Jesse Walker apenas se propõe a conta a 'história alternativa do rádio na América [do Norte]'. É o tipo de coisa que um aluno barbudo de comunicação usando roupas velhas faria. Mesmo assim é surpreendentemente muito bom (apesar disso ainda acho que ele deve ser um coroa, barbudo, de camisa de banda preta do Scorpions ou do Iron Maiden).

Ele narra o surgimento da rádio nos EUA e como os amadores foram os pioneiros do espectro. Esses amadores eram verdadeiros 'exploradores do éter'. E ao final da Grande Guerra conseguiram dobrar a marinha (que aspirava pelo monopólio do espectro nacional) ao mostrar que eles eram muito mais capazes que os técnicos treinados pelo exército. Eram tão mais capazes que até aprenderam a explorar comercialmente aquele novo espaço real.

O autor também fala das evoluções técnicas do rádio e de como o FM foi descoberto por acidente por meio do popular 'atirar no que viu e acertar o que não viu'. E também de todas as brigas que a FCC gerou com o sistema de concessão tão bizarro quanto o brasileiro.

Mas a real defesa que Walker faz do rádio é a criatividade. Ele constata que a liberdade e a criatividade são coisas juntas e por as rádios alternativas e piratas conseguiram ir da genialidade a podridão. E esse tipo de coisa só aparece quando a liberdade é total. O curioso é que assim ele acaba defendendo todo tipo de rádio: hippies, yuppies, niggers, revolucionários, latinos, judeus ortodoxos, todos deveriam ter a sua parte no espectro dar asas a suas imaginações por mais bizonhas que elas venham a ser (os exemplos provam que isso pode ser realmente bizonho).

Depois ele entra numa parte desnecessária e desatualizada. Fala de liberdade de um lado mais político. Ataca o então senador McCain que estaria sendo um grande problema para as pequenas rádios. E fala de podcasts, rádios digitais e a internet como um novo retorno ao tempo dos amadores.

Eu não queria dizer isso, mas o livro é de fato um relato apaixonado sobre o rádio e é bom de ler até para quem não gosta de rádio (como eu, por exemplo).

terça-feira, 25 de março de 2008

Li um russo

Pela primeira vez li Tolstoy. Mas não foi nenhum daqueles livros imensos dele. Fui mais tímido e peguei um que tinha apenas três contos (um dos quais ainda não li por preguiça, por sinal). Mas o que mais me chamou atenção nele foi a capacidade de fazer bons contos (com moral bonitinha, mas finais trágicos, mas que fazem o leitor, hã, pensar) e estendê-los além do necessário.

'How much land does a man need?' conta a história de um lavrador que ao ouvir sua mulher e sua cunhada discutirem sobre os benefícios e os problemas do campo e da cidade acaba, sem meias palavras, dizendo merda: "se eu tivesse terras em excesso, não temeria ao próprio diabão em pessoa". O diabo, que sempre ouve essas coisas (e também a Voz do Brasil), põe em ação um plano que leva este homem até os confins da Rússia. Lá, por ambição do próprio agricultor, ele encontra seu fim (yeah, contei o final imprevisível dessa história). É simples, é direta, é linear e bem escrita. Mas precisava de umas 16 páginas pra contar isso? Tenho a impressão de que essa é uma daquelas histórias que nos passam em correntes de e-mails e pode ser adaptada em uma apresentação de slides tocando alguma música do Zé Ramalho.

O segundo conto é 'A Morte de Ivan Ilych'. Ele narra a vida de Ivan Ilych e de como ele 'passou pela vida e não viveu'. Nos dá valorosas lições de não escolher a esposa errada (sugerindo um antes só do que mal acompanhado) e de como nossas filhas serão clones de nossas esposas. Eu faria os mesmos elogios e ressalvas do texto anterior, mas colocaria uma outra música na apresentação, um blues depressivo qualquer ai.

Mas, ok... Para quem escreveu livretos como Guerra e Paz e Anna Karenina, esses contos são minúsculos e nem podemos reclamar de que são ruins e tal. São 'ok' apenas. Algo para uma tarde de segunda-feira chuvosa quando só houver os Trapalhões e Paulo Coelho no cinema.

sábado, 15 de março de 2008

Estagiário público

Curioso, pela primeira vez na minha vida me senti jornalista mesmo, daqueles que têm cabelos brancos e falam de liberdade de impressa contra uma constituição capenga). Mas o que me levou a ter essa sensação única foi exatamente o fato da suspensão do meu programinha de tv (sou obrigado a dizer meu por que ninguém respeita quando você diz que 'participa de um programa'). Aparentemente, um erro jurídico (revogaram uma licitação no dia; só é permitido que se revogue até cinco dias antes do prazo) e a gula de um empresário que foi expulso de todos os canais de televisão por cometer todos os crimes de mídia imagináveis (e misteriosamente ganhou a concessão de uma canal UHF) foram responsáveis pela minha situação de estar numa Tv, sem equipe e sem canal. Mas a sensação de estar jornalista passou rápido quando vi o tempo que vai levar para se desenrolar o processo.

Mas deixando as esferas do poder de lado, o que me aconteceu foi o seguinte: pela primeira vez me senti um funcionário público que todo mundo imagina. Estou sem porra nenhuma para fazer e estou mamando nas tetas do Estado; indo para o trabalho para bater ponto e ler jornal.

Até gostaria que fosse 100% verdade isso, mas essa falta do que fazer transformou meu estágio de Tv em estágio de secretariado e de biblioteconomia. Tenho que catalogar e arrumar os milhares de dvds e fitas que temos lá. Além disso elaborei um sistema daqueles códigos loucos para catalogação. Acho que sou ruim nisso, porque as pessoas ainda conseguem encontrar os dvds catalogados. Mas tenho tempo suficiente para praticar essa arte sumir com as coisas mesmo sabendo onde elas deveriam estar.

terça-feira, 11 de março de 2008

Os Três Mosqueteiros

Tenho que assumir que quase cai na velha tentação de por no título 'um por todos e todos por um'. Mas temo dizer que isso é tão dos filmes e de quem lê só prefácio que preferi deixar passar. Outra coisa tenho que assumir: não esperava nada deste livro e me surpreendi. Senti que o próprio Dumas dava uma tapa e dizia: 'venha comigo'. Num só fôlego ultrapassei as quase 600 páginas. Agora só me lembro de ter sentido isso em Musashi.

Mas deixando de abobrinhas; como diz o craque: clássico é clássico. Mas alguns parecem ter um gostinho a mais que os outros. No Rio, por exemplo, reza lenda que jogar contra o Botafogo é clássico. Mas um Fla Flu consegue misteriosamente encher bem mais os estádios. Mas deixando as metáforas futebolísticas de lado, este livro é fantástico.

Para falar do óbvio: tudo começa quando D'artagnan, um jovem gascão, é mandado pelo seu pai à Paris para virar gente na vida. Em Paris ele fica amigo de três mosqueteiros após uma situação curiosa. Até então só temos 4 soldados bêbados e boêmios gastando o pouco que não tinham por ai.

É quando D'artagnan é envolvido numa intriga poderia por a França, a Inglaterra, a Espanha e a Áustria em guerra. É em defesa da honra da rainha francesa que esses quatro fazem grandes feitos. Tudo não passa de um simples quarteto amoroso. O Rei da França, o Duque de Buckinham e o Cardeal Richilieu que estão apaixonados e enciumados pela Rainha da França. No fim das contas quem importa são os mosqueteiros e Richilieu.

Mas para evitar um festival de coisas que já foram ditas por milhares de pessoas, vou destacar apenas o que me chamou atenção e seguir uma ordem por cabeça, que também achei mais interessante seguir:

1 - Richilieu não era mau. Sabe, depois de assistir milhares de filmes onde a Cardeal fazia de tudo para dominar a França e acabar com os mosqueteiros, finalmente descubro que ele sempre dominou a França e fazia o que quisesse dela. Como amava a rainha e não foi correspondido, passou a persegui-la. Essa a motivação do Cardeal contra os mocinhos. Mas quando ele percebe o valor dos quatro amigos, ele acaba os aceitando como homens cheios de valor e promove D'artagnan a tenente dos mosqueteiros.

2- Milady é que é a verdadeira maldade encarnada. É uma daquelas mulheres más de novelas da Globo, que todos sabem ser falsa, mas que por algum motivo ainda caem em suas manipulações.

3- D'artagnan é tudo o que dizem e mais um pouco. Faz aquele mosqueteiros ninja dos filmes parecer um pato desengonçado.

4- Aramis é quase um Richilieu. Mas sem todos os poderes e com conflitos pessoais entre a religião e o amor.

5- Porthos é uma decepção. Ele não faz nada além de falar alto e arranjar problemas.

6- Athos é uma surpresa. Ele é muito mais amargo do que se pensa e muito mais doido quando quer. Imagine, no meio de uma guerra, alguém propor almoçar durante uma hora num bastião exatamente entre dois exércitos. E pior, ele consegue fazer isso.

Ação, mistério, amor, aventura, velocidade, duelos, intrigas, emoção, tragédia, comédia e um toque de brilhantismo resumem tudo (até porque se eu falar mais estraga). É bom ler esse livro antes de morrer, caso contrário, matem-se.

autodescoberta

Eu não acredito em metade do que falo. A outra metade ainda é passível de questionamentos.

terça-feira, 4 de março de 2008

Isso sim é uma execução decente

"Deverá ser atenazado no peito, nos braços, nas coxas, nas pernas; sua mão direita, segurando a faca com que atentou contra o rei, deverá queimar até desaparecer; onde for atenazado, será derramado chumbo derretido, óleo fervente, resina e pez ardentes; por último, o que restar do corpo será puxado e esquartejado por quatro cavalos tangidos em direções diferentes; os pedaços serão lançados ao fogo até virarem cinzas, que serão lançadas ao vento".

E assim morreu o cara que tentou matar o Rei Luís XV. Fico imaginando como seria a sua morte se ele tivesse conseguido.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

29 de Fevereiro

Hoje é um dia único.

E digo mais: ele acontece a cada quatro anos.

E digo mais ainda: a história desse dia está em todos os jornais e tem a ver com a Igreja.

E ainda sou capaz de dizer mais: tem gente que nasce em dias assim e se diz com 16 anos estando com 64 anos.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Desistência

Sabe, tentei ler James Joyce essa semana. Peguei feliz 'A Portrait of the Artist as a Young Man', mas fui surpreendido por uma língua estranha. Deixei-o de lado e só decidir olhar para algo desse autor quando eu aprender irlandês ou seja lá o que for aquilo escrito.

Se fosse meu, o livro ia para pilha onde Nietzsche e a Biografia feita por Pedro Biau aguardam sua vez.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Stardust

Quem me viu empolgado com o filme de Stardust (ou simplesmente sabe que só faço elogiar) vai achar que lá vai uma série de elogios a esse livro agora. Mas vou deixar passar desta vez, porque o achei simplesmente decepcionante. Não posso deixar de dizer que até me senti traído por Gaiman. Mas vamos por partes.

Originalmente concebido para os quadrinhos, o livro realmente deixa muito a desejar no quesito imagens. As descrições são oks, mas... falta vida nelas. Parece que o texto está sempre pedindo as imagens com os quais foram feitos. Um livro de fantasia não tolera isso. Mas perdoemos. Afinal, originalmente não era um romance.

A história é diferente do cinema. Era previsível, mas não da forma que é. E note que no cinema está bem melhor.

A idéia é a mesma. O Tristan Thorne atravessa do vilarejo de Wall para Fairy em busca de uma estrela para presentear seu grande amor. Mal sabia ele que pela estrela iria se apaixonar. As sidequests também são as mesmas. Tem lá as bruxas que querem o coração da estrela. Tem os sucessores de Stormhold e a mãe de Tristan que está encantada.

Mas no livro encontramos um Tristan mais cruel que o do filme. Também é um Tristan que de repente se apaixona, do nada, literalmente. A estrela realmente o odeia, até do nada, literalmente, se apaixonar. E todos os outros aparecem no caminho acidentalmente mesmo.

Os sucessores de Stormhold também são apresentados de forma diferente. Primus é realmente piedoso (isso fica solto no filme). E Septimus é realmente uma cobra (no filme ele é, digamos, um homem com motivos bem fortes para fazer o que faz). Outra coisa é que o medalhão realmente cai nas mãos da estrela para que ela seja o instrumento de sucessão de Stormhold (e não bate nela quando ela está voando atrás do Surfista Prateado).

O livro mostra a bruxa má realmente como alguém mais forte do que é no filme. Mas no fim ela é simplesmente perdoada. Aliás, não morre ninguém. Só os sucessores de Stormhold. E, à exceção de Primus, todos de forma bem diferente.

E pra fechar toda a obra, não tem Happy Ending. Esse foi o cúmulo.

Enfim, tudo está mais explicado, mas se apresenta mais quadrado. Não há emoção nem a velocidade que o filme apresenta. É sem graça. O livro sim parece um conto de fadas para adultos sérios e/ou ingleses (pois não penso num final com solidão como algo admirável). Não é como o filme que é um simples conto de fadas, com algumas cenas pesadas para as criancinhas de berço, mas todo bonitinho. Enfim, esse é um caso raro onde digo: vão ver o filme e citem o livro apenas a título de curiosidade.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

American Gods

‘Quando alguém reza, um Deus nasce’. Essa frase poderia ser de qualquer pessoa, mas confesso que a vi em um jogo antigo chamado Black & White, onde você é uma mãozinha que é Deus. American Gods lembrou-me muito esse jogo e que não me apareça ninguém dizendo ‘deuses no mundo, que mentira’ daqui pra frente.

No livro, o continente americano não é um local favorável aos deuses, porque os humanos não eram naturais da região. Ao levar seus deuses consigo, os homens acabaram aprisionando esses deuses por séculos ou milênios na América.

Enquanto tinham fiéis, esses deuses tinham poder e glória (como qualquer deus cool tem). Mas com a morte e desaparecimento de seus povos, eles praticamente vivem como pessoas normais, só que muito mais velhas e conhecedoras de alguns encantamentos e mágicas menores. Nesse ponto ele parece meio depressivo ao mostrar deuses loucos, mortos, humanos e (o pior para eles) esquecidos.

Mas falando assim parece que o livro sai como uma listinha de deuses acabados que você encontra em algum ferro velho, o que seria uma inverdade parcial, porque de fato há uma certa ordem na aparição deles. Para fazer a listinha, Neil Gaiman escolhe Shadow, um personagem com um nome horrível e não muito esperto, mas que por causa de besteiras pequenas consegue ser bem legal!

Shadow sai da prisão por causa da morte de sua esposa e na viagem de volta para casa ele conhece mr. Wednesday, que na verdade é Odin, e que o leva a uma cruzada para reunir os deuses em uma guerra. Os velhos deuses milenares contra os novos deuses da modernidade. Particularmente, gostei da Mídia, mas há uma porção de deuses interessantes e egos dignos de redação de jornal.

Aliás, a apresentação parece ser a chave da história. Nada de chegar dizendo: ‘Shadow entra na sala e senta com Osíris e dá um tebei em Safo’. Nada de apresentações fúteis. Todos são apresentados exatamente como deveriam e se você tiver tido uma infância com Cavaleiros do Zodíaco, vai reconhecer alguns. Mas muitas vezes temos que simplesmente adivinhar quem é a figura, se de fato é alguém. Gostei muito de um Deus do qual Shadow simplesmente não consegue se lembrar de como era e do que ele falava ou que simplesmente havia estado com ele mesmo que ele estivesse realmente determinado em lembrar. E, para variar nesse livro, não faço idéia de quem seja a figura (mas pensei no haitiano de Heroes sempre que se falava nele).

Enfim, é um belo livro. Uma epopéia moderna e fantástica. Totalmente excelente, mas achei que lááá no finalzinho as coisas se revelam de forma meio previsível. Mas isso não importa, porque creio que isso seja defeito de epopéias mesmo. É um livro de cenários e de formas interessantes. Leitura obrigatória para qualquer ser vivo.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Uma homenagem ao Carnaval pernambucano


Muita festa, muita alegria e muita Igreja. Quem não pensa nisso no carnaval? Felizmente aqui em PE temos nosso querido Arcebispo que se importa conosco e deixou sua mensagem para o país. Não tomem a pílula rapazeada e lá vamos bancar a bolsa família de uma geração inteira de escorpianos e uns poucos sagitarianos. Nada que uma próxima folia não pague.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Compensação histórica

Já que a lei moral da moda do Brasil é a da compensação histórica para os que tiveram os direitos usurpados (palavrinha feia, hein)... Quero meu império alexandrino de volta!


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Um ps: olha a prova de que esse território é meu de direito com a lista de meus antepassados nessa irrefutável e séria enciclopédia eletrônica.

http://en.wikipedia.org/wiki/Soter

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

História do Cerco de Lisboa

Raimundo Silva tinha uma pacata vida de revisor literário até que num instante de impulso, ele comete um crime: ele troca um sim por um não. Na verdade não foi um simples sim que foi trocado pelo não. O sim que foi trocado mudaria por completo a História do Cerco de Lisboa. Ao contrário do que se esperaria num romance de Saramago, a história não muda. Os portugueses de fato tomaram Lisboa com o auxílio dos cruzados. A única diferença é que agora temos um revisor em situação delicada.

Mas é essa situação delicada que muda a vida de Raimundo Silva. A gráfica no intuito de evitar esse tipo de constrangimento novamente contrata a diretora de revisão Maria Sara. E, surpreendentemente, o já velho Raimundo Silva experimenta o amor dos jovens. Maria Sara experimenta o mesmo sentimento de Raimundo Silva, mas faz uma exigência: que Raimundo Silva escreva a história do cerco de Lisboa a partir daquele não.

Isso é curioso num autor de temas fantásticos e bastante pensativos. A história do cerco de Lisboa é relegada a um segundo plano, enquanto o que é de fato narrada é a história de Raimundo Silva e Maria Sara em paralelo a história de Mogueime e Ouroana, um soldado e uma escrava de guerra que representam os dois primeiros na história do cerco.

Um livro bem light para este autor exigente. Mas é o tipo de livro que pode ser um pouco cansativo para os que não conhecem Lisboa. Há descrições minuciosas que comparam a Lisboa do cerco com a Lisboa atual. Isso para nós que não conhecemos não significa nada. Mas para entender melhor o livro pensei no carnaval de Olinda, afinal é o que tenho mais próximo de uma guerra de cerco na minha mente. O povo de cima são os mouros. Que vem subindo as ladeiras são os portugueses. Muros de carne se formam evitando que uns desçam e que outros subam. Mas no fim todos sabem que os de baixo magicamente vão subir e dominar a Sé, cansados, sujos, suados e machucados. Agora é só esquecer que eles vão descer para não acabar numa contradição.

Mas viagens à parte. História do Cerco de Lisboa é um ótimo livro para se começar em Saramago. Não haverá fuga à lógica nem grandes moralismos ou dilemas. Infelizmente também não haverá muitas frases de efeito. Mesmo assim, vale uma tarde de segunda lendo.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Citação

Eu sei, eu sei. Sinto-me péssimo em fazer um post baseado em coisas dos outros, mas quando li isso aqui num site por ai, não deu para resistir. Foi extraído de uma das partes mais comoventes do Guia do Mochileiro da Galáxia. Uma parte totalmente excelente. Ai vai.

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A towel, it says, is about the most massively useful thing an interstellar hitch hiker can have. Partly it has great practical
value - you can wrap it around you for warmth as you bound across the cold moons of Jaglan Beta; you can lie on it on the brilliant marble-sanded beaches of Santraginus V, inhaling the heady sea vapours; you can sleep under it beneath the stars which shine so redly on the desert world of Kakrafoon; use it to sail a mini raft down the slow heavy river Moth; wet it for use in hand-to-hand-combat; wrap it round your head to ward off noxious fumes or to avoid the gaze of the Ravenous Bugblatter Beast of Traal (a mindboggingly stupid animal, it assumes that if you can't see it, it can't see you - daft as a bush, but very, very ravenous); you can wave your towel in emergencies as a distress signal, and of course dry yourself off with it if it still seems to be clean enough.
More importantly, a towel has immense psychological value. For some reason, if a strag (strag: non-hitch hiker) discovers that a hitch hiker has his towel with him, he will automatically assume that he is also in possession of a toothbrush, face flannel, soap, tin of biscuits, flask, compass, map, ball of string, gnat spray, wet weather gear, space suit etc., etc. Furthermore, the strag will then happily lend the hitch hiker any of these or a dozen other items that the hitch hiker might accidentally have "lost". What the strag will think is that any man who can hitch the length and breadth of the galaxy, rough it, slum it, struggle against terrible odds, win through, and still knows where his towel is is clearly a man to be reckoned with.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Um Conto de Natal (atrasado)

Todas as histórias de Natal já foram escritas, cantadas, narradas ou mesmo dançadas (vai saber como). É fácil chegar a essa conclusão apenas dando um passeio por ai ou assistindo à sessão da tarde. Ainda assim é possível entre uma lembrança e outra conhecer alguma.

Charles Dickens é um mestre em falar de pobreza como algo bonitinho (quase miguxo). Talvez isso aconteça por causa do ofício de jornalista que ele exercia, mas até hoje essa influência não foi provada. No entanto, apesar de trabalhar no que trabalhava, ele é um autor de estilo e originalidade raras. Seu conto de Natal é uma prova disso.

Mesmo no tempo de Dickens, todas as histórias de Natal já estavam escritas, a sessão da tarde apenas as atualizam de acordo com o período. Seu Conto narra o sonho de Natal de um velho ranzinza chamado Scrooge (Isso mesmo, o tio Patinhas).

Na véspera de Natal, Scrooge é visitado pelo fantasma de seu antigo sócio, que o alerta de um ultimato que o velho ranzinza receberá. O ultimato é a visita de três espíritos, o Espírito do Natal Passado, o Espírito do Natal Presente e o Espírito do Natal do Futuro. Eles mostram ao velho o que ele fez, o que ele vem fazendo e como terminará. Scrooge é tocado pela mensagem dos espíritos e muda completamente sua vida.

É um conto bonitinho e meigo, no entanto consegue ser duro e cruel quando necessário, coisa que só Dickens poderia fazer. E deixa uma forte mensagem de mudança. Melhor que qualquer livro de auto-ajuda, Um Conto de Natal de Charles Dickens é um bom texto para se ler em qualquer época. Sua mensagem independe de épocas, afinal sempre há tempo para mudanças.

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Falando em mudanças. Lá se vai mais um ano. Espero que 2008 seja um ano melhor e que me traga muito mais dinheiro, surpresas e felicidades! E quem sabe dessa vez eu não ganhe na loteria...

Ah sim, e aos fantasmas que vierem por aqui, podem pegar um pouco desses votos emprestados.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Coisa que nunca vou entender

Por que mulheres usam salto alto no centro da cidade? O que levaria uma pessoa em plena consciência escolher se equilibrar num fio alto e pegar um ônibus sambando em direção a um lugar onde o mais raro será encontrar uma superfície plana? Vai entender...

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

The Hitchhiker's Guide to the Galaxy

Esse comentário demorou a sair, mas agora vai. Ficção científica é algo chato, não é? Isso é um fato. É chato de doer e é raro que algum autor de ficção científica consiga sair do mundo 'nerd'. Mas ai vem a dúvida: como um livro chamado O Guia do Mochileiro das Galáxias pode ser algo bom?

Simples. Apesar do nome declaradamente nerd, este não é um livro de ficção científica. Claro que há elementos disso nele, como ETs e naves espaciais, mas esse não é o ponto do livro. Aliás, pode-se dizer que este é um livro sobre nada e é justamente por isso que é bom.

No primeiro capítulo, a Terra explode e de lá só sobra um ser humano que não pode fazer nada em relação a isso. Basicamente, é um livro sobre a história de Arthur Dent, o último homem do universo, e de como ele passa por uma série de situações improbabilíssimas para sobreviver. Claro que isso leva ele a perceber que está num esquema muito maior, mas que sua presença nele é puramente acidental.

Até ai temos um livro comum do gênero. Para variar, é nos detalhes que encontramos a genialidade do livro. Ele foi criado originalmente como um programa de rádio. Dai quando foi adaptado nota-se que o Douglas Adams tem habilidade em produzir imagens e sons com as letras; as vezes o livro parece até um roteiro de rádio agradável de se ler. Descreve só o necessário e dá muito espaço aos diálogos rápidos. Isso deixa o livro leve e capaz de ser lido numa tarde.

Outro ponto positivo do livro é que ele sempre traz surpresas ao leitor. A página seguinte é sempre um mistério, a não ser que você espere sempre os absurdos mais improváveis. Há muito o que se falar nele, mas ai seria um spoiler atrás do outro.

No mais vale muito a pena a leitura e dou destaque ao capítulo dos pensamentos da baleia. Este é simplesmente genial!

sábado, 24 de novembro de 2007

Viagem sentimental a Petrolina e Juazeiro

Petrolina
A seca no litoral pernambucano me forçou a pegar um pau-de-arara cheio de estudantes bêbados, que haviam secado o estoque de álcool da capital e buscavam mais no interior, e me dirigir ao interior do estado. Após 12 horas de estrada e apenas 2 de sono, vimos aquilo que foi o objeto de nossa viagem. Nos quatro dias que passei tentando atingir meu sonho de América no sertão deu para notar algumas coisas na cidade:
- O sol não tem a menor moral lá. 40 graus na cara, clima seco, empoeirado e nenhuma gota de suor. Bom para se manter limpo, não fosse a poeira.
- O shopping de Petrolina tem três passos de interior. Todo esse espaço é preenchido pela nata petrolinense, que envolve patricinhas, mauricinhos, posers e crentes. Todos mui bem produzidos para ver os dois filmes em cartaz nO cinema da cidade.
- Singrei os sete mares do velho Chico, observando a vida marinha e o acasalamento das piranhas. Algumas tentaram acasalar com a tripulação, mas felizmente conseguimos aportar antes.
- Pude conhecer uma vinícola de perto e ver a vida de turistas idiotas e velhos no seu habitat natural. Lá também posso dizer que experimentei de tudo um pouco (exceto dos turistas, claro).
- Também vi que Petrolina é um péssimo lugar se você quiser se vangloriar de seu sotaque. Todo mundo tem o sotaque de algum lugar por lá. Os gaúchos falam como gaúchos, os baianos como baianos e os cariocas como os chatos que são. Só os petrolinenses de fato falam sem sotaque, mas estes são uma espécie em extinção.
- Visitei o Bodódromo. Local onde não um bode.
- Vi a maior concentração de mangueiras urbanas na face da terra. Cada casa tem pelo menos três.

E por fim voltei no mesmo pau-de-arara. Mas dessa vez os estudantes não suportaram a dor de ter seus sonhos despedaçados com o sumiço do álcool de Petrolina.

Mas ainda há duas importantes coisas para falar sobre a outra dádiva do São Francisco. Mas esta fica do lado baiano.

Juazeiro
- A cidade tem dois prédios com ótima vista para Petrolina.
- Lá há placas de bairros como placas de ruas. Weird.

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ps: Há que se agradecer a família que recebeu este chato que escreve forma como se fosse rei quando na verdade era um retirante.
pps: Para variar, como em qualquer viagem, fico com a sensação de que perdi alguma coisa. Mesmo sem ter perdido nada.
ppps: Como promessa é dívida e disso eu corro: Um beijo gostoso, Cris.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Pra não passar em branco

Hoje foi o dia da consciência negra. Por algum motivo aleatório, houve folga em diversos estados. Muita gente leva a sério esse dia de pensar naquilo que deixou sua consciência pesada.

ps: tão ruim esse. Mas é só pra dizer que logo haverá um Petrolina Tales por aqui.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Mais educação

Amanhã vai rolar uma audiência pública muito interessante na assembléia de pernambuco. Vai ser discutido um projeto de lei que basicamente vai transformar as escolas públicas estaduais naquilo que realmente são: lixões.

A idéia é simples. As escolas passarão a ser pontos de coleta seletiva, o que não será problema já que todas são ricas em infraestrutura. O lixo acumulado vai servir para ser vendido e gerar renda para ser aplicada em projetos educacionais pelas próprias escolas. Me pergunto se eles poderão vender alunos para servir de mão-de-obra em algum país com ditadores legais.

O resto do projeto consiste em ensinar os alunos que não forem vendidos a se tornarem catadores. Eles ganharão prêmios da secretaria de educação por lixo catado, mas por motivos de auto-estima, esses prêmios serão chamados de créditos acadêmico ambientais. Esses créditos poderão ser trocados na reitoria invadida mais próxima de sua casa.

sábado, 20 de outubro de 2007

Minipeça de acordo com a futura lei politicamente correta

- Sérgio, eu te amo!
- Paulo... eu não sou gay.
- Então vá preso! Você está me oprimindo seu maldito preconceituoso!
(Polícia aparece e leva Sérgio)

.....

Gays do Rio decidem que é necessária um lei para tornar crime a discriminação sexual. Aparentemente, este domingo eles se reuniram aos milhões no Rio para se agarrarem e posar para as câmeras, como alguma forma estranha de protesto. Isso tudo só para tornar a hipotética situação de cima verdadeira. Vai saber onde isso vai dar...

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Stardust

Como o companheiro Jack reclamou que eu não falei do filme bem, aproveito agora pra falar: Stardust é do caralho. E seja quem estiver lendo isso aqui agora, vá ver o filme! E evitem a sessão dublada.

Aproveitem e leiam o livro que deve ser muito bom também. E não se incomodem com o lado macho de Robert de Niro.

domingo, 14 de outubro de 2007

Domingo eu quero ver

Muito me impressiona ver como o pessoal que faz promoção de filmes transforma isso:
In the sleepy English countryside of decades past, there is a town that has stood on a jut of granite for six hundred years. And immediately to the east stands a high stone wall, for which the village is named. Here in the town of Wall, Tristran Thorn has lost his heart to the hauntingly beautiful Victoria Forester. One crisp October night, as they watch, a star falls from the sky, and Victoria promises to marry Tristran if he'll retrieve that star and bring it back for her. It is this promise that sends Tristran through the only gap in the wall, across the meadow, and into the most unforgettable adventure of his life.
Nisso:
"Um conto de fadas mal comportado".

.....

Aproveitando para um ps: o filme é mó bonitinho e bem feito. Mas cuidado para não entrarem na sessão dublada. Estará cheia de crianças sem entender o filme e rindo do Robert De Niro. Mesmo assim vale a pena ver e rever.
Aproveitando para um pps: o filme acabou me deixando muito curioso em relação ao livro. Então até devo adquiri-lo e colocá-lo em alguma posição de destaque na minha infinita pilha de 'livros a ler'.
Aproveitando para um pps: só pra constar, estou falando de Stardust do Neil Gaiman.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Eu, educador

Fui me divertir vendo os sete erros que os pais cometiam ao brincar com as crianças. Esperava ver coisas como: ser super-protetor, ser violento, ou abusar sexualmente das crianças. Mas até que houve algumas surpresas boas na lista. Mas é claro que as más sempre vêm junto.

Um dos erros era ser 'sexista'. Bem, isso não é erro, é fato. Tratar um menino com bonecas e jogo de chá é que é errado. Ser sexista é uma necessidade, caso contrário terminaremos com uma geração de homossexuais que vai destruir a classe média quando morrerem.

Outro erro era 'ficar ansioso'. Para a pedagoga da Folha, é normal que o seu filho seja mais burro que a filha do vizinho; então aceite! Não. Não é normal e se seu filho é mais burro que o filho da vizinha, então ele é simplesmente burro e tem que ser cobrado. Caso contrário vai virar um preguiçoso e vai fazer direito em universidade paga, classe C.

Mas agora vem as surpresas. Apontar que os adultos em sua maioria querem ser donos da brincadeira é de fato um erro. Só me lembra aquele pessoal chato que fica animando festas e fazendo as crianças correrem loucamente de um lado para o outro sem motivo algum. Burn them!

Mas o que mais me surpreendeu foi considerar o 'ser politicamente correto' como um erro. Se o pestinha passar horas brincando de briga, deixe! Isso faz parte do desenvolvimento dele seu pai gay e cheio de frescura! Com isso só espero um dia ver um desses pequenos gritando: "Aquecimento global é o caralho! Eu quero é espada laser!".

terça-feira, 9 de outubro de 2007

The Great ol’ Sherlock

Você entra em sua casa sem ser convidado e sequer pensando em cerimônias. Senta a sua frente e cruza as pernas, pedindo que a outra visita saia. Ele o observa com um pouco de tédio entre seu cachimbo e seu jornal e diz que tudo está bem como está. Em seguida diz:

- Só me parece óbvio que você tenha torcido o pé hoje pela manhã quando andava a cavalo pela região de Liverpool; seja ateu; advogado; é canhoto; e que tenha vindo armado até minha casa. Além disso não posso dizer mais nada.

De quem falo em meu breve relato mal elaborado? Ora, de Sherlock Holmes, claro. E obviamente tenho que deixar mais claro ainda que Sir Arthur Conan Doyle faz uma passagem como essa acima, a diferença é que a dele é milênios melhor que a minha. Mas não poderia deixar de citar a capacidade de observação do melhor investigador da literatura mundial (e estava com preguiça de procurar a passagem para trazer spoilers).

O interessante é que mesmo em contos e em romances, Conan Doyle consegue explorar o investigador de forma nova, criativa e (por que não?) foda. Ah, isso mesmo, foda! É o melhor adjetivo para Sherlock.

Afinal um investigador que tem a melhor capacidade de observação existente, é bem informado, sabe se disfarçar e atuar, tem posses, mora só por opção e que investiga por puro prazer só pode ser alguém no mínimo interessante. Suas histórias são narradas por seu único amigo, o doutor Watson, que ao contrário do banana que os cinemas passam, é alguém culto que sempre se impressiona com o quão foda seu amigo é. E apesar de tudo é alguém humano, que calcula todos os riscos que poderá passar e não sai se arriscando com um ego à prova de balas.

O que deixo aqui não é exatamente uma resenha ou uma crítica, mas um convite à leitura deste clássico. Mas não quero agir como a MTV que manda você desligar a tv e ler um livro com atchitchude. É melhor ler um livro com relatos impressionantes e soluções racionais, porém fantásticas. Portanto volto a enfatizar: saia deste blog e vá ler Sherlock Holmes! E nada de frescura em pensar que basta ver um filme ou saber sobre ele na wikipedia. Os livros desse personagem são únicos!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Utilidade pública

Se você quer navegar pela internet e ainda manter a saúde de seus olhos, então ai vai uma dica muito útil (o corretor ortográfico marcou em vermelho a última palavra e apontou como correção: "fútil". Coincidência??): Evitem sites japoneses.

Eles quase sempre são sites de sacanagem produzidos por gordinhos que usam óculos e franja sobre os olhos. Quando não o são, você com certeza vai notar que o conceito de "visual clean", não está nem perto de chegar no Japão. Aquelas letrinhas estranhas fazem um site alemão parecer simpático. E quando conseguem deixar um site limpinho, aparece uma foto ou uma imagem que deixa tudo muito assustador.

Keep away from that, pelo seu próprio bem.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Trivialidades pra variar

E de repente vendo o site meter, notei que alcancei a visita número 5.000. E foi alguém que procurava algo (provavelmente sério e chato) sobre a "vaidade no livro de dorian gray". Pelo 0 segundo que a visita durou, acho que a pessoa notou que não há seriedade por aqui. Mas se não há seriedade, pelo menos que haja coisas legais (pena elas serem difíceis de achar).

Mas ai vai uma que me tenta a escrever algo sobre Final Fantasy 7. Por enquanto só vai o vídeo.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

um final-de-semana pela manhã

Por algum motivo aleatório e desconhecido, a torcida começou a gritar: "Ah, sou brasileirô; com muito orgulhô; com muito amôoooooôr!". Seria completamente normal em competições de vôlei, se não fosse o fato daquela ser a final entre o Rio e o Osasco, lá no Ibirapuera. Fiquei tentando imaginar quem seria mais brasileiro que quem nisso, mas sem muito sucesso. Só achei uma definição quando o Rio venceu e suas jogadoras, pelo mesmo motivo aleatório e desconhecido, começaram a gritar "Brasil!". Ai ficou fácil de entender que brasileiro é quem vence e quem torce. Weird...

...

Outra curiosidade dessa final é que ela passa todos os finais de semana na Globo. Hoje foi o Torneio Internacional, próxima semana será a Copa Brasil, depois deve ser alguma Liga Brasileira, até o último confronto lá pelo natal: a Quase Liga Internacional Brasil de Vôlei. Mas o amistoso Rio x Osasco para dia 30/12 já está confirmado. Não percam!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Só pra não ficar calado

Hoje vi um armário largado em um canal. Agora entendo porque os canais transbordam vez por outra. Coisas de Brasil.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Falta do que fazer gera pobreza (intelectual) - 2ª Edição

Em uma tarde entregue a Final Fantasy 7 e a Cervantes, ainda me sobrou tempo para pensar: "ei, por que não ler algo cult?". Três frases foram o suficiente para desistir disso pelo resto de minha vida. Não entendo porque esses so-called cults reclamam tanto dos nerds. Chuva de enciclopédias britannicas neles!

Só para assustar, ai vai o pedaço que me fez desistir e o link pra quem quiser se arriscar:

"A desconstrução derridiana não pode ser explicada em poucas palavras. Apenas como introdução, lembremos que Derrida qualificou a cultura ocidental como "logocêntrica", isto é, baseada num racionalismo que pretende ser universal. O filósofo a "desconstrói" procedendo a uma leitura crítica dos textos de nossa cultura, em busca dos pressupostos metafísicos em que esta se assenta, revelando suas ambigüidades, contradições e não-ditos".

http://revistacult.uol.com.br/website/news.asp?edtCode=3A4F02C2-6887-4DCB-BC36-894C6EFC6B44&nwsCode=AC95C27C-D227-4743-975F-9A828AE631D0

.....

A leitura de Dom Quixote e o choro do Garoto Singelo acabaram me levando a pesquisar um pouco mais sobre Tirant lo Blanc, um livro que é citado por Cervantes somente como: "the best book ever". Mas logo descobri que o livro tem umas 900 páginas e é formado por diálogos imensos. Isso esfriou um pouco minha busca, mas como o cara da resenha na livraria cultura já fez a porra do favor de contar toda a história, pensei que não faria mal assistir o filme, se houvesse. Só pra fazer pose mesmo.

Mas foi nessa busca que descobri algo assustador. Existe um filme sim de Tirant e é recente, 2006. Mas... olha a classificação da película no imdb:
"Lesbian / Hero / Epic / Adultery / Topless / Teenager" e mais...

Um herói épico lésbico sem camisa e pegando a mulher jovem dos outros. Uma capa completamente sugestiva. E uma Istambul como cenário. Tudo para ser um sucesso entre os filmes de arte europeus (pornografia é arte por lá ou é o inverso?).

Quando eu ficar rico, dedicarei alguns meses a essa obra. A não ser que alguém faça um outro filme para o qual eu possa levar meus pais sem ficar constrangido.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Imbecilidades (porque às 5hrs da manhã, ninguém produz nada)

Acordei de manhã e fui direto ao espelho. Quando vi a minha imagem, disse: "Fiat Barba!'. Mas a barba não foi feita. Penso que eu deva revisar o meu latim um pouco para funcionar...

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Letras e Artes e estágios - Parte Final

Dessa vez não tive como fugir. Lá estava eu feliz e alegre quando o cruel destino me colocou diante do mesmo clube de terceira idade (mas esse tinha um outro nome, acho que era União Brasileira dos Escritores, mas não lembro). Dessa vez foi pior, pois o homenageado estava vivo e com isso ficamos na obrigação de entrevistá-lo. Seu nome era Olímpio Bônald (o que me levou a uma quase irresistível vontade de chamá-lo de Donald. Mesmo assim não consegui falar o nome dele corretamente, pois era impossível pronunciar da forma que ele pronunciava). Mas voltando, ele era professor, procurador, escritor, técnico, poeta, pintor, músico e mais algumas coisas. Isso nos levou a um momento impactante da entrevista que tentarei reproduzir (por favor, tirem as crianças e os indies da sala):

- Como o senhor se define? Um escritor? Um poeta?
- Meus amigos me chamam de poeta indefinido. Pois fiz trabalhos dentro de tantas áreas que é até difícil me definir em algo específico.
- Mas o senhor prefere qual definição?
- Gosto dessa.

Foi publicado como "professor", já que esse é o único de seus trabalhos que é remunerado. Isso me deixou curioso em porque essas pessoas gastam para publicar coisas com as quais ninguém se importa. Mas isso nem é um pensamento importante, pois as pessoas tem todo o direito de fazer isso afinal. Só não acho que esses trabalhos tão cheios de importância tenham todo esse destaque dentro desses clubes. Mas esse é mais um mistério da indecifrável raça humana. Mas chega desse tema, que já deu mais do que já tinha que dar. Enquanto isso eu sigo lendo o meu Cervantes, que me parece num nível beeem superior.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Letras e Artes e estágios

Em uma de minhas primeiras missões externas fora de nossa pequena sala de Tv fui apurar alguma coisa uma sexta ou segunda (agora não lembro bem) cultural da biblioteca. O evento contou com a leitura de cordéis, contos, crônicas e poesias de autores desconhecidos que jamais vão ficar famosos. Mas ainda lembro que o evento contava com um café da manhã que desapareceu nas bocas e nas bolsas das madamas presentes no local.

Com todos alimentados, finalmente pudemos seguir com a programação. Era a hora da homenagem a um grande poeta paraibano, que escreveu três livros e ficou conhecido como o Poeta das Gardênias, William Ferrer, que não tem (nem terá) verbete na wikipedia. Foi mais ou menos nessa hora que eu descobri que a grande virtude desse poeta, além de cantar as noites e as gardênias, foi dirigir a Academia de Letras e Arte do Nordeste. Descobri também que estavam presentes vários poetas e escritores dessa academia. Mas o que me deixou surpreso foi a existência dela.

Só contando com membros esquecidos e que comemoram a venda de 1.000 livros após uns 10 anos de publicação, a academia apenas serve de clube da terceira idade para quem escreveu um diário ou algum garrancho na parte de trás do caderno. Ainda bem que saí correndo de lá antes de encontrar alguém que tivesse um blog. Minha mente pura não consegue imaginar o quão hediondos devem blogs de escritores completamente obscuros e nordestinos.

...

Enquanto pesquisava algo sobre a existência dessa academia para fazer a matéria ter mais de 3 linhas, acabei descobrindo que ela não é um caso ímpar. Parece que todas as cidades têm clubes de terceira idade para esses velhos escritores. Ainda bem que eles só mantém isso para eles. Ia ser ruim se o governo os descobrisse e forçasse nossa pobre juventude a conhecê-los.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Casablanca

Até pra imitar ou se basear em algo é preciso um pouco de qualidade. Imagine transformar o Bogart na pele de um indiano e o Rick's Cafe sendo um restaurante indiano com alguma vaca pastando lá dentro. Agora imagine o Louis Armstrong ser algum tailandês e a segunda guerra no Sudeste asiático. Pior que isso só se a história envolvesse o combate ao poderoso e influente governo do Sri Lanka.

God Damn it, parece que tudo isso e muito mais vai ser verdade pelas bandas de lá. Já ouço a trilha sonora, o cheiro de incenso e um preto-e-branco fake. Bem que poderiam deixar os clássicos como clássicos; intocáveis.

Fonte:
http://cinema.uol.com.br/ultnot/2007/08/08/ult26u24594.jhtm

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Obrigado, jeeves!


Título auto-explicativo. Para Wodehouse não é preciso comentários, apenas adjetivos: sagaz e engraçado. Um livro para se ler numa tarde só.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Ditado de minha avó proibido por lei

"Preto quando pinta é porque tem três 'vez' trinta".

Confesso que nunca vou entender, mas que é proibido, é. Agradeço ao Spike Lee com seu 'Do the Right Thing' por me lembrar dessas coisas que estavam num passado remoto.

domingo, 15 de julho de 2007

Retrato de Dorian Gray

Um jovem tocado pelo pecado da vaidade pára diante de seu próprio retrato e se encanta com tanta perfeição. Por um segundo ele percebeu a injustiça que era o retrato permanecer com toda aquela beleza enquanto ele envelhecia e murchava; por que não o contrário? O desejo foi atendido e eis que temos o Retrato de Dorian Gray, um jovem com o ar de inocência da juventude, olhos azuis, cabelos encaracolados e lábios entreabertos. Puro, até ser envenenado por palavras.
Mais do que a história de um homem que não sofre as marcas do tempo, este livro é uma história de um homem que pode ver sua alma. As ações que marcaram sua vida, seus pecados, seus vícios, seu caráter estava todo marcado na obra-prima que seu amigo Basil pintara. Ele, melhor que ninguém, podia julgar-se ao ver seu próprio retrato.
Dorian vê sua alma se perdendo aos poucos por causa da influência do Lorde Henry e de um livro que ele lhe dera; um livro de pecados, não horríveis ou repulsivos, mas fascinantes e sedutores. Seu amigo Basil tenta salvar-lhe a alma, mas o orgulho e a vaidade eram escudos impenetráveis a qualquer moralidade. Nem mesmo o amor pôde salvá-lo, mesmo tentando mais de uma vez e sob diversas formas. Para Dorian Gray não poderia haver redenção.
Original, Belo e perfeito. Uma obra-prima da literatura inglesa, tanto que nos faz perdoar os excessos de boiolagem de Oscar Wilde e deixa os desenhistas muito confusos na hora de retratar o retrato, ou o próprio Dorian, como constatou o Gussie. Ah, Dorian “time is jealous / time is pain”.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Quem é John Galt?

Atlas Shrugged não é o nome correto desse livro. Os tradutores realmente foram muitos felizes ao não chamar esse livro de “Atlas Sacudindo os Ombros”, ou de outras combinações mais bizarras, por causa da tradução de um verbo não-usual. Mas deixando essas bobagens de lado, podemos notar que o livro é grande obra logo de cara. Qualquer pessoa que consegue escrever algo de 900 páginas e fazer alguém traduzir tudo é obrigada a fazer um trabalho decente.
Ayn Rand realmente fez um bom trabalho. Bem, pelo menos até 2/3 do livro, que é onde encontramos o ápice. De lá em diante, vai caindo de rendimento até um desfecho pouco impressionante. Talvez isso não prejudicasse tanto o livro e ele ainda pudesse ser uma obra além de grande, bela. Mas o excesso de moralismo e uma caricatura plena de todos os personagens acabam condenando o título à mediocridade. Mas vale notar que é uma mediocridade bem melhor do que a média. Ele ganharia um C+ com setinha para cima nas mãos de algum professor que não entenda algo subjetivo como números.
Mas voltemos ao livro. Os personagens são apaixonantes no começo. Provavelmente eu me cairia de paixão por Dagny Taggart (principalmente se ela for a Angelina Jolie). É uma mulher forte, decidida e independente, além de linda. Mas eis que surge Hank Rearden também forte, decidido e independente, além de lindo. E Francisco d’Anconia: forte, decidido e independente, além de lindo (mas esse tem o plus de fazer tudo melhor do que qualquer pessoa). E por ai vai, até chegar ao John Galt que é o top dos tops.

Isso são as caricaturas dos personagens. Existem três modelos nessa obra: os fodas (são bons em tudo e mantém o mundo funcionando por milagre), os médios (são bons, mas não o suficiente para manter o mundo funcionando) e por fim os saqueadores (que são gordos, feios, moralmente errados, preguiçosos, violentos, medrosos, e blá blá blá). Isso realmente vai cansando no decorrer da história de tal forma que qualquer personagem diferenciado que apareça nos atrai.

Isso é o mendigo que representa o ápice do livro. As vinte páginas dedicadas a esse personagem já dariam um livro, além de ser um dos melhores discursos. É genial. Ele salva o livro de um quase fracasso. Além disso, é um dos poucos discursos que surgem na hora correta. Ayn Rand parece gostar de discurso e os coloca nos lugares mais indevidos, como numa festa de ricaços ou em uma rádio.
No mais, até vale a leitura, mas valeria muito mais caso tivesse 400 páginas a menos.
Falando em discursos, pulem o de John Galt!
ps: numa pós-leitura desse post andei notando que só falei mal e desestimulei a leitura, querendo de alguma forma salvá-lo com uma frase. O livro tem boas descrições (destaco as partes de Hank Rearden; são lindas), bons diálogos e até uma boa história. Além de ser legal. Isso normalmente bastaria para ler qualquer coisa, mas... 900......

domingo, 8 de julho de 2007

Lição de Jornalismo da Band

Fernando Fernandez, repórter da Band, entrevistando Alexandre Gallo, técnico do Internacional:
“O que o senhor achou na escalação do Corinthians?”
Fernando Fernandez, repórter da Band, entrevistando Eurico Miranda, cartola e eterno presidente do Vasco:
“O senhor acha que o Corinthians se preparou bem para a séria A deste ano?”
Fernando Fernandez, repórter da Band, entrevistando bombeiro em resgate:
“O que você pensa do Corinthians?”
Fernando Fernandez, repórter da Band, entrevistando açougueiro ilegal que despejava sangue de abate em rio pernambucano:
“Você acha que o Corinthians deve querer o Carlos Alberto de volta?”
Fernando Fernandez, repórter da Band, entrevistando o Senador Renan Calheiros:
“Depois de duas derrotas consecutivas, o senhor considera o Corinthians em crise?”
Fernando Fernandez, repórter da Band, entrevistando Presidente Lula:
“O senhor acha que bastaria o Corinthians para o Brasil vencer o Pan?”
Fernando Fernandez, repórter da Band, entrevistando Kofi Annan:
"O senhor acha que o Corinthians pode chegar ao mundial deste ano?"
Fernando Fernandez, repórter da Band, entrevistando um Marciano:
“Como você assiste aos jogos do Corinthians?”

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Atendendo a sugestões...

É. Não morri, não caí, nem mesmo tirei férias. Aliás, tudo muito pelo contrário. Agora sou um rapaz honesto e trabalhador exercendo um cargo público de extrema importância: um estágio. Assim as postagens devem ser mais freqüentes já que eu terei algo sobre o que falar. (ou não...)

Wish me luck, pals!

sábado, 9 de junho de 2007

Direito de Resposta

Não resisti quando li o companheiro de sinucas e usualmente amigo, Jack, falar sobre Piratas do Caribe em seu último post e decidi fazer um "direito de resposta" por aqui. Não que exista de fato um direito, mas entenda que é um comentário do tamanho de um post que não merecia ficar numa caixa de comentários.

Para começar, vamos em cima do estilo. Piratas do Caribe é um filme de humor ou fantasia infanto-juvenil, certo?

Errado. Ele é de um gênero bastante conhecido de filmes, mas pouco famoso como gênero: Swashbuckler. A wikipedia tem um explicação legal ao termo como também uma lista de personagens famosos e autores famosos dentro desse estilo.

Jack Sparrow não é um gênio do humor, mas ele interpreta perfeitamente um Swashbuckler. Alguém que enrola mais do que briga. Que se acha o tal mesmo sem fazer nada de espetacular. E que abusa da boa vontade de todos para continuar vivo. Vamos dizer que só faltou o "buckler" (um pequeno escudo redondo que era fixado no ante-braço oposto ao da espada) para ele ficar completo. Levando em consideração isso: sim, Jack Sparrow é genial, como também o são alguns outros personagens do filme.

Mas vá lá. Ele pode não ter um enredo tão bom assim. E também procuro entender até agora porque precisavam do sangue do cara para quebrar a maldição, no primeiro. Mas deixando isso de lado, dá até para achá-lo um bom filme. Se não, pelo menos um verdadeiro filme de Swashbucklers.

terça-feira, 5 de junho de 2007